Formação Integral e Cidadania Ativa: Uma Abordagem Educativa de Sucesso

Fundada em 1990, a ACR de Fornelos tem como missão primordial proporcionar uma educação contínua e de qualidade, desde a Creche até ao Ensino Secundário. Rosa Pinheiro, presidente da instituição, explora a abordagem educativa, que valoriza a autonomia, o espírito crítico e a inteligência emocional dos alunos, sempre em estreita colaboração com a família e a comunidade. Através de projetos diversificados e inovadores, esta escola promove em permanência o desenvolvimento integral dos jovens.

Perspetiva Atual: Como é que a ACR de Fornelos estrutura a sua abordagem educativa para garantir a formação adequada e o desenvolvimento integral das crianças e jovens?

Rosa Pinheiro: A abordagem educativa da ACR de Fornelos tem, desde logo, como pressuposto um sentido de continuidade, ou seja, a Instituição foi criada em 1990 e pensada para que as crianças que nela iniciem o seu percurso escolar, em condições normais o possam fazer no mesmo local. Entendo que a continuidade do percurso formativo no mesmo espaço cria laços afetivos e por consequência resultados positivos importantíssimos, razão pela qual pensei a Instituição desta forma.

O perfil do aluno da ACR de Fornelos assenta num quadro de referência que pressupõe a liberdade, a responsabilidade, o espírito crítico, a autonomia, a inteligência emocional e a participação ativa numa sociedade que está em constante mudança, fazendo face aos desafios da atualidade. Importa, assim, criar condições que permitam o equilíbrio entre o conhecimento, a criatividade e o sentido crítico para que possamos formar seres autónomos, responsáveis e acima de tudo cidadãos ativos.

PA: Com um currículo educativo que se estende desde a Creche até ao Ensino Secundário, de que forma a Instituição assegura uma continuidade pedagógica ao longo de todo o percurso escolar?

 RP: A Creche é, de facto, o ponto de partida promotor da construção de uma rede de cuidados que abrange toda a família. A Instituição assegura a continuidade pedagógica ao longo de todo o percurso escolar (que vai desde a Creche ao Ensino Secundário) porque há uma grande envolvência entre todos os elementos da comunidade educativa. A nossa Instituição nunca foi encarada como uma organização social isolada. A Instituição envolve as crianças e os jovens, os docentes, os não docentes, os técnicos e os familiares dos discentes. A Instituição dá voz às famílias e à comunidade educativa envolvente com o propósito de proporcionar relações pedagógicas que vão além do contexto de sala de aula. A ACR de Fornelos fomenta a ligação entre a família e a Instituição.

PA: De que forma os diversos projetos promovidos pela Instituição contribuem para a formação global dos jovens e fomentam o desenvolvimento de variadas competências?

RP: A Instituição, como estabelecimento de ensino, rege-se pelas orientações emanadas pela Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares, cumprindo-as integralmente. De forma a fomentar o desenvolvimento integral das crianças e jovens tem implementado vários projetos nas mais diversas áreas. Esta autonomia e flexibilidade permite-nos enriquecer os alunos quer ao nível curricular quer ao nível pessoal.

São, assim, vários os projetos dinamizados pela ACR de Fornelos, entre os quais o Projeto Eco-Escolas. Este projeto é dinamizado por um grupo de docentes representativos de todas as valências da Instituição, pretendendo-se com o mesmo contribuir para a criação de cidadãos responsáveis e ativos pelo ambiente. Neste contexto, este programa desenvolve, de modo holístico a educação ambiental para a sustentabilidade e para a cidadania. Pretende-se com este projeto dar resposta aos objetivos de desenvolvimento sustentável.

Outro dos projetos dinamizados pela ACR de Fornelos é o Desporto Escolar. O Desporto Escolar é um projeto nacional de desenvolvimento desportivo que tem como objetivo dinamizar as várias modalidades desportivas permitindo aos alunos inscritos nos grupos participar nos quadros competitivos das várias fases. Este projeto é o conjunto das várias práticas lúdico-desportivas desenvolvidas como complemento curricular e ocupação dos tempos livres dos alunos, num regime de participação voluntário integrados no plano de atividades do Colégio. Visa, especificamente, a promoção da saúde, da condição física e mental, a aquisição de hábitos e condutas motoras e sociais, bem como o entendimento do desporto como fator de cultura. A Instituição participa no Desporto Escolar com a atividade de patinagem.

A Instituição quis, também, este ano inovar com um projeto de equitação e em articulação com a Escola de Equitação Ricardo Vale leva uma vez por semana os alunos que se inscreveram na atividade às aulas de equitação. Conscientes que a prática regular de equitação traz inúmeros benefícios para as crianças melhorando a sua condição física e o desenvolvimento da força, coordenação e equilíbrio resolvemos promover este desafio. Andar a cavalo traz uma infinidade de benefícios ao nível emocional uma vez que não é apenas uma atividade lúdica, mas aumenta o desenvolvimento e a empatia nas crianças e tudo nesta Instituição é concretizado a pensar nelas.

Para além destes projetos a Instituição promove semanalmente clubes (jornalismo, história, matemática), todos eles pensados com o objetivo de promover a socialização dos alunos e contribuir para a sua formação global.

De referir ainda que a Instituição tem também na sua oferta educativa do pré-escolar (desde os 4 anos) ao 1º CEB a atividade de natação, com todos os benefícios inerentes e o projeto “Vamos para a Escola” tem como objetivo facilitar a transição dos alunos finalistas da pré-escolar para o 1º ano do 1º ciclo, promovendo uma adaptação tranquila e positiva ao novo ambiente escolar. Através de atividades lúdicas e interativas, os alunos têm a oportunidade de conhecer a futura sala de aula, os professores e os colegas, familiarizando-se com as rotinas e expectativas do ensino básico. Este processo permite que as crianças desenvolvam confiança e entusiasmo para enfrentar esta nova etapa, tornando a entrada no 1º ciclo mais acolhedora e motivadora para todos.

O projeto de Orientação Vocacional para os alunos do 9º ano e do ensino secundário tem como principal objetivo apoiar os estudantes na tomada de decisões informadas sobre o seu percurso académico e profissional. Através de sessões em grupo, os alunos são incentivados a refletir sobre os seus interesses, habilidades e valores pessoais, enquanto exploram diversas áreas de estudo e profissões. O projeto inclui ainda a aplicação de testes de aptidão e interesse, visitas a universidades, realização do currículo e preparação para entrevistas de emprego. Desta forma, pretende-se que os alunos tenham uma visão mais clara das suas opções futuras, facilitando a escolha de cursos e carreiras que estejam alinhados com os seus objetivos e aspirações.

O projeto de Educação para a Saúde, em parceria com o Centro de Saúde de Fafe, visa promover hábitos de vida saudáveis e o bem-estar físico e mental dos alunos. Através de palestras, workshops e atividades interativas, os alunos aprendem sobre temas como alimentação equilibrada, a importância da atividade física, prevenção de doenças, saúde mental e higiene. Profissionais de saúde visitam a escola para partilhar conhecimento e esclarecer dúvidas, incentivando comportamentos preventivos e a adoção de escolhas saudáveis. Este projeto desempenha um papel fundamental na formação de cidadãos conscientes e responsáveis, capacitando os alunos a cuidar melhor da sua saúde e a adotar estilos de vida mais saudáveis desde cedo.

PA: Como é que a ACR de Fornelos integra novos recursos no processo de ensino e aprendizagem, visando garantir a preparação adequada dos alunos para os desafios tecnológicos contemporâneos?

RP: Tal como referido no ponto 2 desta entrevista o nosso currículo educativo estende-se desde a Creche ao Ensino Secundário e desde cedo que as crianças desta Instituição têm um contacto direto com a tecnologia. No 1º Ciclo do Ensino Básico as crianças já começam a ter um contacto semanal com computadores. Este contacto (inter)ativo é benéfico a vários níveis, sendo que este acesso gera conhecimento e melhora, no nosso entender, as funções cognitivas. Na verdade, a interatividade das novas tecnologias cria novos desafios elevando as competências da criança e promovendo a capacidade e envolvimento na própria aprendizagem preparando-os para os desafios tecnológicos contemporâneos.

PA: Quais são os principais parceiros e protocolos estabelecidos com outras Instituições ou empresas? Em que sentido estas colaborações beneficiam, na prática, o processo de aprendizagem?

RP: São vários os parceiros com os quais a Instituição se relaciona. Entre eles estão o IEES, a UTAD, o Centro de Formação Francisco de Holanda, a Alfa Formação Unipessoal, o Vitória Sport Clube e a Escola Secundária de Fafe.

A ACR de Fornelos entende que a formalização de parcerias estáveis, como é o caso, conduz à elevação do nível de ensino bem como à prossecução comum de elevados padrões de qualidade. Na base da constituição destes protocolos estão sempre envolvidos docentes e alunos. Esta interação promove para os estagiários que recebemos o desenvolvimento nas suas variadas dimensões, designadamente na investigação colaborativa, no desenvolvimento de atividades de iniciação à prática profissional e prática de ensino supervisionada, mas também permite à Instituição um crescimento do ponto de vista humano pelo contacto com diferentes pessoas.

Como referido temos em vigor um protocolo de colaboração com o Centro de Formação Francisco de Holanda, protocolo este bastante útil uma vez que desenvolve ações de formação que permitem contribuir para o desenvolvimento profissional dos nossos docentes nas diversas áreas temáticas. No ano transato celebramos também um protocolo com o Vitória Sport Clube, protocolo este na área do xadrez, cujo público-alvo são os nossos alunos. Esta atividade permite um estímulo da concentração e foco, bem como exercício de raciocínio, promovendo uma competição saudável nas crianças, pelo que este tipo de protocolos é sempre uma mais-valia para a Instituição.

PA: Crianças Felizes, Corações Inteligentes é o mote da ACR de Fornelos. Em retrospetiva, como é que este lema tem sido concretizado ao longo dos anos? Há um sentimento de missão cumprida?

RP: Esta Instituição foi pensada com base no conceito de “escola/casa”. É efetivamente aqui que as nossas crianças/alunos passam a maior parte do seu dia. A Instituição tem na sua génese o conceito de família. Cada criança é única e tem um nome. Todos os profissionais que com ela lidam sabem o seu nome. Isto diz tudo. Queremos obviamente bons resultados, mas queremos acima de tudo formar bons cidadãos e aí temos consciência que devemos começar de raiz. A Instituição pretende sempre dar continuidade ao “trabalho” que é feito em casa e é também esta articulação casa/escola que nos traz as “crianças felizes, corações inteligentes”. Nesta Instituição damos voz às famílias e à comunidade educativa envolvente. Promovemos anualmente diversas atividades que unem a escola à família e entendemos ser esse o segredo do nosso sucesso e também a razão do nosso mote.

Relativamente à última questão posso dizer com muito orgulho que há efetivamente um sentimento de missão cumprida. Como já disse algures começamos em 1990 com uma Creche pequena e atualmente temos mais de 750 crianças/alunos a frequentar a Instituição. Tem sido “fruto” do trabalho de todos porque como deve imaginar uma Instituição desta dimensão não se dirige sozinha. Há uma Direção composta por cinco elementos que, não sendo remunerados estão sempre presentes, quando necessário. É necessária uma gestão muito criteriosa para levar um “barco” destes avante. Juntos temos conseguido. Aliada a esta Direção temos profissionais que, de uma forma abnegada, “vestem diariamente a camisola”. Desde as senhoras auxiliares, aos docentes e técnicos, todos, sem exceção fazem um trabalho excecional. Aos que por esta Instituição passaram, aos que continuam connosco só tenho de agradecer. Costumo, em jeito de brincadeira, dizer que “não vivo disto, vivo para isto” e é um facto. A verdade é que o meu dia a dia é passado na Instituição. Gerir equipas não é fácil, mas foi a isto que me propus e aqui continuarei.

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