Close-up of dentists holding dental tools at dental clinic
Portugal e a saúde oral em 2025 – Um retrato atual
No passado mês de novembro foram apresentados os resultados do Barómetro da Saúde Oral 2025, estudo realizado pela Ordem dos Médicos Dentistas (OMD). Mais de metade dos portugueses tem falta de dentes e apenas 6% recorrem ao Sistema Nacional de Saúde (SNS).
Segundo os valores apresentados, apesar de 64,6% dos portugueses visitarem um médico dentista pelo menos uma vez por ano, ainda persistem desigualdades significativas no acesso aos cuidados de saúde oral.
O estudo indica que 26% dos inquiridos recorrem apenas a consultas de urgência e 2,5% nunca recorreram a um médico dentista, o que demonstra que, apesar dos progressos alcançados, a prevenção continua a não ser uma prática generalizada.
Pouco mais de seis em cada dez portugueses realizam pelo menos uma consulta anual, valor estável desde 2019. Em 2025, registou-se ainda um aumento da justificação “não tenho problemas com os dentes” (15,9%) e uma maior expressão do medo (8,7%), enquanto 22,2% apontam razões económicas.
O setor público continua a ter pouca relevância nos cuidados de saúde oral. Apenas 6% dos inquiridos realizaram a última consulta no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e 70,3% desconhecem que este oferece consultas de Medicina Dentária. Para futuras intervenções, apenas 1,8% consideram recorrer ao setor público, “o que evidencia a fraca penetração do sistema e a necessidade de reforçar a comunicação e a literacia sobre os serviços disponíveis”, alerta a OMD.
A percentagem de menores de 6 anos que nunca visitaram o médico dentista atingiu os 50%, muito em linha com o verificado no ano anterior e invertendo uma tendência de redução que se vinha a sentir desde 2021.
Esta evolução acompanha-se de melhorias nos hábitos de higiene oral. Atualmente, 78% escovam os dentes, pelo menos duas vezes por dia. Contudo, práticas complementares como o uso diário de fio dentário (23,4%) e elixir (32,8%) continuam pouco comuns, o que revela que a prevenção ainda não está plenamente enraizada.
Também entre os utilizadores de prótese, a limpeza tende a ser diária, mas há espaço para maior rigor. Quanto à dentição, 64,6% não têm todos os dentes, embora este valor tenha registado uma ligeira melhoria face a 2024.
Num futuro próximo, as razões que mais poderão levar os portugueses ao médico dentista são a limpeza/higienização (35,8%), a consulta de rotina (18,2%) e o tratamento de dentes (15,1%). Quanto à preferência, esta mantém-se quase exclusiva pelo setor privado, já que apenas 1,8% perspetivam recorrer ao SNS.
Apesar disso, a valorização é clara: a população considera fundamental a oferta do SNS e o apoio financeiro do Estado às consultas no setor privado.
Neste fim de ano, a Perspetiva Atual conversou com alguns médicos dentistas, de diferentes zonas do país, de modo a dar a conhecer aos seus leitores a visão e os projetos dos especialistas.
