Educação Irreverente e Orientada para o Futuro
Após quase 20 anos a formar, a Escola Internacional de Torres Vedras continua a marcar a diferença no panorama educativo ao aliar ética, inovação e tecnologia a uma forte base de valores. Sob a liderança de Eduardo Castro, a instituição adapta-se às constantes mudanças socioculturais e políticas, apostando num ensino de qualidade, que prepara os alunos para um futuro global e intercultural, com foco no desenvolvimento integral.
Perspetiva Atual: Criada em 2005, a Escola Internacional de Torres Vedras (EITV) está prestes a completar duas décadas. Como tal, que balanço faz do trabalho realizado? Quais foram os desafios enfrentados ao longo dos anos e como é que a instituição tem evoluído para continuar a cumprir o objetivo de explorar o potencial máximo dos alunos?
EITV: Duas décadas ao serviço do ensino implicam necessariamente alterações e adaptações. Porquê? Porque as sociedades estão em permanente mudança. O contexto sociocultural de hoje não é certamente igual ao início deste milénio. De igual modo, as políticas educativas vão acompanhando as novas pedagogias e contextos políticos. Temos assistido a diversas reformas educacionais que visam adaptar o sistema educativo às necessidades da sociedade.
Neste sentido, e em termos pedagógicos, temos vindo a introduzir todas as alterações exigidas pelo Ministério da Educação. No âmbito da nossa autonomia pedagógica, sempre atribuímos um foco especial ao ensino das línguas estrangeiras, preparando os alunos para a certificação de nível de língua. Em termos tecnológicos, temos igualmente acompanhado a evolução, disponibilizando equipamentos que facilitam e motivam a aprendizagem. Todas as salas de aula têm quadros interativos com ligação à internet e adquirimos óculos de realidade virtual e aumentada para que os nossos alunos possam explorar determinadas áreas do conhecimento e sensações diversas. Disponibilizamos duas salas de computadores para a literacia digital, bem como o Laboratório da Era Digital (LED).
Relembro o significado da nossa sigla, EITV – Ética, Inovação, Tecnologia e Valores. Estes são e serão os pilares da nossa escola. Independentemente da evolução natural da sociedade, temos de nos manter fiéis ao que nos pode diferenciar dos demais e o que nos mantém ligados e focados no caminho que percorremos. Sem ética e valores não há cidadania global, não há interculturalidade. Podemos ser muito inovadores e com grande vontade de apostar na evolução tecnológica, mas sem os outros pilares, teremos um conjunto de indivíduos a acotovelarese diariamente, passando por cima uns dos outros e, possivelmente, utilizando a tecnologia para fins menos adequados.
Estamos a formar futuros cidadãos responsáveis, dotados de empatia e competências sociais, que têm disponível um ambiente físico que é o canteiro onde as sementes podem germinar e os recursos tecnológicos são os fertilizantes que ajudam o crescimento.
O nosso Auditório convida a experimentar as Artes Performativas, as salas de informática convidam à imersão tecnológica e ao despertar para uma área mais científica porque permitem o desenvolvimento da literacia digital e a investigação, as instalações desportivas, desde o futebol, ao padel, ao basquete, ou mesmo ao ténis de mesa (no interior do edifício) levam os alunos a desenvolverem a sua aptidão física e a descobrir novos talentos. Claramente, o nosso balanço é muito positivo.
Os verdadeiros desafios prendemse com o contexto político e a possibilidade que temos de implementar ou não as nossas propostas. No entanto, entendemos que os desafios fazem parte do percurso, dão-nos experiência e tornam-nos mais fortes, mais capazes e mais proativos.
PA: Neste sentido, a Escola disponibiliza três percursos educativos distintos (currículo nacional, currículo Cambridge e Dual Diploma com os Estados Unidos da América), da creche até ao Ensino Secundário. Quais são as principais diferenças entre estes currículos?
EITV: O currículo nacional corresponde aos requisitos das políticas educativas assentes nas aprendizagens essenciais e no perfil do aluno à saída da escolaridade obrigatória, não esquecendo as medidas universais que visam garantir a igualdade de oportunidades e a inclusão de todos os alunos. A língua de ensino é o português. No entanto, todos os nossos alunos são preparados, através do protocolo que temos com a University of Cambridge (Cambridge English Qualifications), para o exame de língua inglesa. Proporcionamos ainda aos nossos alunos preparação para exames de francês (DELF) e de espanhol (DELE).
O Diploma Dual é uma oferta complementar, corre em paralelo com o nosso currículo nacional, sendo efetuado à distância e podendo ser iniciado no 8º ano. Nasce de um protocolo com a Academica, instituição de ensino internacional na Florida. O ensino é ministrado apenas em inglês. O currículo internacional de Cambridge (ensino ministrado em inglês) é uma resposta à sociedade atual, cada vez mais multicultural e intercultural. Temos protocolos com a University of Cambridge e Pearson.
Nos últimos anos, o Oeste tem sido procurado por um número crescente de famílias de diferentes nacionalidades. Para fazer face a essa procura, a EITV lançou o currículo internacional de Cambridge cuja principal vantagem é o facto de os alunos serem integrados facilmente em qualquer escola internacional, sem a preocupação de processos de equivalência morosos.
PA: Considerando os desafios contemporâneos, como considera que estas abordagens educativas fomentam o desenvolvimento integral dos alunos, preparando-os adequadamente para um futuro global e promissor?
EITV: O futuro dos nossos alunos não pode ser previsto com exatidão. Neste sentido, a escola atual tem por obrigação proporcionar a aprendizagem de soft skills. Um aluno que saiba comunicar, trabalhar em equipa, gerir o seu tempo, adaptar-se e ser empático, está certamente preparado para ser um cidadão global. É ainda importante preparamos os jovens para lidarem com as frustrações, gerirem conflitos e serem líderes. Queremos jovens que reflitam sobre as suas ações, desejem inovar e consigam adaptar-se a qualquer contexto de trabalho. Na verdade, estamos a preparar alunos para áreas profissionais que podem nem existir ainda e para enfrentarem desafios que não são ainda conhecidos
Nas nossas atividades anuais, incluímos o Prémio Infante D. Henrique que promove o desenvolvimento pessoal e social dos jovens e certifica competências pessoais com vista ao reconhecimento pelas universidades. Temos ainda outros projetos, como o Parlamento dos Jovens e o projeto Eco-Escolas que desenvolvem outras competências no âmbito do desenvolvimento global dos alunos.
PA: Além do irreverente projeto educativo, a EITV possui uma variada oferta complementar. De que forma as atividades extracurriculares contribuem para a valorização pedagógica da instituição e estimulam o enriquecimento artístico e cultural dos jovens?
EITV: Queremos que os nossos alunos consigam ir além das exigências associadas ao cumprimento de currículos. Por isso, na nossa escola, a par de todas as atividades e projetos em que estão envolvidos em termos de enriquecimento curricular, beneficiam da existência dos Discovery Clubs, que fomentam o desenvolvimento integral dos alunos. Assim, os nossos jovens podem inscrever-se em Teatro, Dança, Futebol e na Academia de Música, que consiste, de forma sucinta, em aulas de instrumento individual, nomeadamente canto, bateria, guitarra e piano.
Deste modo, promovem-se competências sociais e emocionais, tais como a liderança, empatia, autoestima, resiliência e cooperação, mas também se estimula o pensamento crítico, a criatividade e resolução de problemas, enriquecendo aquilo que é aprendido nas salas de aula. A promoção da saúde física e mental, já que acaba por ser uma pausa nas exigências escolares do quotidiano, também deve ser tida em conta.
Além disso, estas atividades desenvolvem a competência de gestão de tempo e aumentam a motivação, fortalecendo o vínculo entre a escola e a comunidade, nomeadamente através das apresentações de Teatro e Dança e das Audições da Academia de Música, momentos em que toda a Comunidade Educativa é convidada a assistir a um espetáculo, que torna evidente o trabalho desenvolvido ao longo do ano pelos nossos alunos e professores, e que valoriza, evidentemente, toda a instituição, que muito se orgulha do trabalho realizado pela sua equipa docente e jovens talentos. É de referir que o desenvolvimento de interesses e talentos individuais e o crescimento pessoal e profissional dos nossos alunos acaba por beneficiar ao longo de todo o processo.
PA: O Campus da Escola alberga infraestruturas modernas e diversificadas. Como é que o ambiente físico e os recursos tecnológicos disponíveis têm potenciado a experiência de aprendizagem e incentivado o desenvolvimento extracurricular dos estudantes?
EITV: A Escola Internacional de Torres Vedras está implantada num terreno de 45 mil metros quadrados, completamente vedado, e dispõe 10.500m2 de amplas instalações. Este ambiente físico e todos os recursos tecnológicos de alta qualidade que os nossos alunos e professores têm à sua disposição, influenciam tanto o conforto e a motivação dos alunos, quanto a qualidade do ensino oferecido, potenciando o rendimento escolar. Primeiramente, em termos de espaços, os nossos alunos têm todas as condições que favorecem a concentração e o bem-estar, que fomentam o trabalho em equipa e uma aprendizagem ativa, bem como o enriquecimento da experiência prática e a aproximação dos alunos a situações reais, nomeadamente através dos projetos realizados nos laboratórios.
Os recursos tecnológicos existentes na nossa escola, como computadores, tablets e os nossos quadros interativos, permitem o acesso rápido e eficaz à informação, ampliando o leque de possibilidades de pesquisa, e promovem uma aprendizagem mais individualizada, sempre que seja necessária, o que assegura também a inclusão, visto que todos os alunos conseguem aceder ao conteúdo, ainda que por diferentes meios. A tecnologia que permite o uso de vídeos, simulações, realidade virtual e realidade aumentada, disponível no nosso Laboratório da Era Digital, torna a aprendizagem mais interativa e envolvente. Estas ferramentas atendem a diferentes tipos de aprendizagem, per mitem que os alunos experimentem, criem e inovem, estimulam o pensamento crítico e a resolução de problemas de forma prática e colaborativa, para além de aumentarem a motivação dos alunos e a sua participação ativa na escola.
Em suma, o ambiente físico adequado, os recursos tecnoló gicos de alta qualidade, a redução de barreiras de acesso ao conhecimento e o estímulo à criatividade e inovação, aumentam o desempenho académico dos nossos alunos e estimulam o desenvolvimento de capacidades essenciais para a vida, bem como para o mercado de trabalho, em constante mudança, do século XXI.
PA: Que iniciativas ou projetos planeiam implementar no futuro?
EITV: A EITV sempre se pautou pela adaptação e inova ção, tanto a nível das tecnologias ligadas ao ensino, como pelas diversas ofertas formativas e pelo desenvolvi mento de competências ligadas às artes e ao desporto. Assim, acreditamos que, paulatinamente, já estamos a dar resposta a algumas das mudanças iminentes no panorama educacional. É o caso, por exemplo, do reconhecimento da Inteligência Artificial (IA) no ensino, do de senvolvimento socioemocional dos jovens, da educação voltada para a sustentabilidade e cidadania global, da presença da realidade aumentada e virtual e do crescimento da educação inclusiva. Todas estas áreas são já preocupações da direção e das lideranças intermédias junto dos professores, para que, nos próximos tempos, se consiga fazer cada vez mais e melhor.
Gostaríamos de salientar, a título de exemplo, a sustentabilidade, que faz parte do nosso Projeto Educativo e é trabalhado, com base nos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável definidos para a Agenda 2030, ao longo dos vários anos de escolaridade. As ferramentas de realidade virtual e aumentada, que, conforme já referido, fazem parte dos recursos que professores e alunos têm ao seu dispor na escola e, finalmente, a aceitação de que todos os alunos são diferentes e que, por isso, a educação não tem outro caminho a não ser a inclusão de todos e de cada um.
Também a implementação gradual da literacia financeira nas nossas turmas responde aos novos desafios. Educamos para o futuro e, nesse sentido, estamos atentos à mudança, que procuramos sempre que se reflita nas nossas práticas diárias na escola.