Novos e velhos desafios no diagnóstico do cancro da mama

O grande aumento da incidência do cancro da mama nos últimos anos, também nas mulheres com menos de 50 anos, torna cada vez mais importante, o diagnóstico precoce e a consciencialização das mulheres e profissionais de saúde para esta realidade. Por outro lado, o aumento da esperança de vida, torna importante que esse diagnóstico precoce abranja também pessoas mais velhas. Os governos e, sobretudo, os Programas de Rastreio, estão atentos a esta realidade, diminuindo para 45 anos e aumentando para 74 anos respetivamente as idades com que as mulheres são convocadas para o Rastreio do Cancro da Mama.

O Centro de Senologia e Ecografia foi fundado em 1983, em Coimbra, pelos médicos radiologistas Dário Cruz e José Meireles e Silva. Está nas presentes instalações, da Avenida Calouste Gulbenkian, em Coimbra, desde 1990.

Dário Cruz (1933-2016), natural de Trás-os-Montes, licenciado em Medicina, na Universidade de Coimbra em 1958, obteve o título de especialista em Radiologia em 1966. Foi pioneiro, em Portugal, da Mamografia, datando a 1966 a sua primeira publicação científica sobre o tema. Durante 24 anos foi diretor do Departamento de Radiologia de Coimbra, exercendo também as funções de diretor do Centro de Oncologia do IPOFG – Instituto Português Oncologia do Porto Francisco Gentil. Conjuntamente com o médico Rocha Alves, em 1990, iniciou o Programa de Rastreio de Cancro da Mama da Liga Portuguesa contra o Cancro, na região Centro, sendo este o primeiro em Portugal e integrou o primeiro projeto piloto da União Europeia. Vários médicos do Centro de Senologia e Ecografia colaboram no rastreio do cancro da mama, alguns desde a primeira hora, como radiologistas. A Liga Portuguesa Contra o Cancro criou um Prémio de Mérito em Oncologia com o nome de Dário Cruz.

Desde 1983 até ao seu falecimento, em 2016, Dário Cruz foi diretor técnico e sócio-gerente do Centro de Senologia e Ecografia.

O atual diretor clínico do Centro, José Leão, realça o legado de Dário Cruz, como exemplo de rigor, experiência, conhecimento científico e aposta na tecnologia mais recente, tanto neste Centro, como no Rastreio do Cancro da Mama e no Centro de Oncologia do IPO, nos quais José Leão também colaborou.

José Leão, diretor clínico do Centro

O CSE tem atualmente quatro sócios, todos médicos radiologistas: José Leão, Elisabete Pinto, Luís Cruz e Manuela Gonçalo, sendo a última responsável pelo Setor de Mamografia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Além destes, colaboram mais três médicos, com vasta experiência em várias áreas da radiologia, especialmente em várias vertentes da ecografia, que são Artur Costa, Pedro Rabaça e Olga Vaz.

O Centro de Senologia e Ecografia foi pioneiro na introdução da tecnologia de Sistemas de Comunicação e Arquivamento de Imagens (PACS), em consultórios privados de radiologia. Todos os relatórios estão informatizados e disponíveis desde 1990. A aposta num arquivo digital permite, desde 2009, que todos os exames estejam disponíveis para comparação.

O CSE foi dos primeiros espaços de saúde a ter disponíveis tanto a Mamografia Digital como a Tomossíntese Mamária (Mamografia 3D), esta última melhorando muito a performance da mamografia, especialmente em mamas mais densas, de predomínio fibroso. Atualmente tem disponíveis 2 modernos mamógrafos, ambos com Tomossíntese, um da Fujifilm e outro da Hologic.

O espaço é também um dos primeiros, e ainda dos poucos, centros privados com possibilidade de efetuar biópsias mamárias guiadas por mamografia (estereotáxia).

As três salas de consulta/exames estão equipadas com estações de trabalho de alta resolução (ecrãs com 5 milhões de pixéis), homologados para a imagem mamográfica.

O Centro possuí três modernos aparelhos de ecografia, com todo o tipo de sondas, nomeadamente endocavitárias, permitindo todos estes a realização de estudos com Döppler e um com elastografia. Está igualmente equipado com um equipamento de densitometria óssea, com a tecnologia mais recente.

Realizam-se todas as técnicas de intervenção em patologia mamária (citologias e biópsias guiadas por ecografia e estereotáxia, galactografias, colocação de arpões e clipes) e tiróide (citologias).

Há alguns anos foi realizado, no CSE, um ensaio com um sistema computorizado de ajuda ao diagnóstico (CAD). Atualmente o Rastreio de Cancro da Mama tem em curso um ensaio com Inteligência Artificial (IA), com resultados promissores. José Leão pensa que brevemente a utilização da IA no auxílio ao diagnóstico será uma realidade, também a implementar no centro.

O Centro de Senologia e Ecografia comemorou 40 anos em 2023 e pretende continuar a oferecer um serviço de qualidade.

Brevemente a utilização da IA no auxílio ao diagnóstico será uma realidade, também a implementar no Centro.

A importância do Diagnóstico Precoce

Além de outros avanços, nomeadamente no tratamento, o médico faz questão de realçar que o diagnóstico precoce tem um impacto comprovado na redução da mortalidade por cancro da mama. Desde 1990 até 2016, o Rastreio populacional, em Portugal, começava aos 45 anos. Passou para os 50 anos em 2017, o que foi nessa altura considerado, pelos radiologistas ligados ao Rastreio, um erro. Vai voltar aos 45 anos por sugestão de um Diretiva Europeia, dirigida aos estados-membros, de setembro de 2021.

O rastreio populacional é dirigido a mulheres aparentemente saudáveis. As mulheres com queixas mamárias devem ser encaminhadas para uma consulta de diagnóstico, que inclui observação clínica, exames radiológicos de diagnóstico, após os quais podem ser tomadas outras medidas para esclarecer a situação, como por exemplo biópsia das lesões encontradas. Para mulheres com elevado risco familiar, como aquelas com mãe ou irmã diagnosticadas com cancro da mama, recomenda-se a realização anual de mamografia e ecografia mamária a partir dos 35-40 anos. Se o cancro foi diagnosticado numa dessas familiares antes dos 40-45 anos, os exames devem iniciar-se 10 anos antes da idade em que o diagnóstico foi feito. Em mulheres muito jovens com mamas extremamente densas, deve-se ponderar a realização de Ressonância Magnética mamária.

O rastreio populacional é dirigido a mulheres assintomáticas.

Embora o autoexame e a avaliação clínica pelo médico assistente não substituam os métodos de diagnóstico precoce, são práticas essenciais ao longo de toda a vida. Isto é particularmente relevante para mulheres que ainda não atingiram a idade para realizar exames mamários, para aquelas sem antecedentes relevantes e para quem faz rastreios bienais.

Com um histórico marcado pela excelência e inovação, o CSE segue firme na missão de honrar o legado do seu fundador. Já com mais de 40 anos de atividade, o Centro de Senologia e Ecografia continua comprometido com a independência, ética e constante evolução, oferecendo serviços de alta qualidade, sempre com o objetivo de promover a saúde e o bem-estar da população que serve.

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