Formação e Investigação Científica de Excelência em Química

Destacando-se nacional e internacionalmente pela elevada qualidade do ensino e pela reputação do trabalho de investigação, o Departamento de Química da Universidade de Aveiro proporciona aos estudantes uma formação científica sólida e um intenso treino laboratorial. Armando Silvestre, diretor do Departamento, destaca que este ambiente académico prepara os graduados para enfrentar o mercado de trabalho com um elevado nível de preparação.

Perspetiva Atual: O Departamento de Química (DQ) da Universidade de Aveiro (UA) é uma referência nacional e internacional pela qualidade do Ensino e pela elevada reputação da sua Investigação. Assim, quais considera serem os fatores que distinguem DQ na formação das suas áreas de saber em Portugal?

Armando Silvestre: O DQ procura que a sua oferta formativa, nas áreas da Química, Bioquímica, Biotecnologia e Engenharia Química, confira aos alunos e futuros graduados uma formação científica muito sólida, acompanhada de um forte treino laboratorial – essencial para que sejam capazes de desempenhar com a máxima competência as suas tarefas profissionais.

A elevada qualidade da formação dos nossos estudantes é ainda reforçada pela forte ligação da atividade de ensino à investigação e às empresas. A fusão entre a formação e a investigação acontece ao longo do curso, através da participação, em regime de voluntariado, na atividade de investigação de um determinado investigador; este tem sido um mecanismo que tem atraído muitos alunos e que impacta positivamente a sua motivação. Além disso, na disciplina de Projeto de Licenciatura os estudantes são desafiados a desenvolver um miniprojecto de investigação.

Enquanto isso, a ligação da formação académica às empresas tem lugar na disciplina de Projeto de Licenciatura, que também pode ser desenvolvida numa empresa. Mas, nesta ligação da formação às empresas, destaco sobretudo a possibilidade de os alunos realizarem a Tese de Mestrado em ambiente empresarial. De facto, a grande maioria dos estudantes opta por desenvolver a sua Tese por esta via, que, desde logo, lhes abre excelentes perspetivas de acesso ao mercado de trabalho.

Finalmente, a exímia qualidade do corpo docente do DQ, bem assim como o excecional, e por vezes único, parque instrumental, são condições essenciais para uma formação de qualidade.

PA: O DQ trabalha permanentemente em colaboração com a Indústria e em interação com a sociedade. Quais foram os principais programas e iniciativas estabelecidas neste sentido e como contribuíram para fortalecer a instituição e beneficiar os estudantes e o corpo docente?

AS: Os professores e investigadores do DQ, através dos Laboratórios Associados em que se inserem, além de realizarem investigação fundamental de elevado impacto, estão também envolvidos num elevado número de projetos de carácter mais aplicado e, em estreita colaboração com empresas portuguesas e estrangeiras, procuram contribuir para responder aos grandes desafios que a sociedade enfrenta. A demonstrá-lo o facto de o DQ ser um dos Departamentos que mais pedidos de patentes deposita a nível nacional. Enquanto exemplo posso destacar a contribuição para o desenvolvimento de um medicamento, atualmente no mercado, para o tratamento da hipercalemia (excesso de potássio no sangue).

Atualmente, ressalvo a participação dos professores e investigadores do DQ em muitos dos Projetos do Plano de Recuperação e Resiliência, que se espera que venham a representar um salto qualitativo no desenvolvimento económico do país. Creio que o sucesso destas iniciativas será importante para a afirmação da excelência do Departamento e dos seus professores e investigadores, tendo igualmente um grande impacto na formação de recursos humanos e nos estudantes de Licenciatura, Mestrado e Doutoramento que vão desenvolver as suas Teses no âmbito destes projetos, em estreita colaboração com as empresas. Estamos a formar recursos humanos altamente qualificados, diretamente nas áreas e em parceria com as empresas que estão na linha da frente da inovação em Portugal.

PA: Além destas parcerias académicas, de que forma o DQ fomenta a mobilidade internacional de estudantes? Igualmente, qual é a importância deste intercâmbio?

AS: A internacionalização é essencial para uma formação académica e para uma investigação de qualidade. A mobilidade internacional dos estudantes, que procuramos estimular e valorizar, tem como instrumento ideal o Programa Erasmus, no qual estabelecemos parcerias com algumas das melhores universidades europeias. Procuramos igualmente que os alunos envolvidos em atividades de investigação participem em conferências internacionais, apresentando, nestas, os resultados dos seus trabalhos. Destaco ainda o facto de a UA disponibilizar, aos alunos de Doutoramento, uma parte das suas propinas, de modo a permitir que realizem estágios ou participem em conferências no estrangeiro. É minha convicção que nenhum aluno deve concluir a sua formação académica sem ter experiência de intercâmbio internacional.

PA: O DQ oferece um conjunto diversificado de cursos ao nível de Licenciatura, Mestrado e Doutoramento, nas áreas da Química, Bioquímica, Biotecnologia e Engenharia Química. De que forma esta oferta formativa é pensada e atualizada conforme as necessidades do mercado de trabalho atual?

AS: A oferta formativa do DQ é continuamente atualizada em função das evoluções científicas e tecnológicas da área, às quais estamos particularmente atentos, permitindo-nos antecipar as necessidades futuras do mercado de trabalho. Estes desenvolvimentos refletem-se naturalmente nas necessidades das empresas, que também acompanhamos, fruto da estreita colaboração que estabelecemos com elas.

Além da abordagem geral, surgem, por vezes, necessidades muito específicas e pontuais, que a UA e o DQ procuram responder com uma oferta mais dirigida através das designadas micro-credenciais (que são micro-módulos de formação) e dos Cursos de Especialização. Embora estas sejam ofertas dirigidas para formação de quadros de empresas, também poderão vir a estar disponíveis para os nossos alunos.

Gostava de destacar o Curso de Especialização em Inovação e Sustentabilidades nas Cadeias Alimentares, disponibilizado no DQ, para o qual criamos um laboratório (a inaugurar brevemente), de forma a garantir as melhores condições possíveis de formação

PA: A Investigação no DQ é desenvolvida no âmbito de três laboratórios associados, nomeadamente, no CESAM, no CICECO e no LAQV/REQUIMTE. Qual é a importância desta vertente para o Departamento? Poderia destacar algumas das principais linhas de investigação, a sua importância e as respetivas aplicações práticas?

AS: A investigação é o pilar fundamental de uma formação académica de qualidade, sendo também a missão da Universidade promover o desenvolvimento do conhecimento, de maneira a dar resposta aos grandes desafios societais da atualidade. Por isso, e como creio já ter ficado patente anteriormente, a investigação é um aspeto central da atividade do Departamento, a par com o ensino.

Quanto às áreas de investigação, não me atrevo a identificar nenhuma como mais importante, até porque uma nova descoberta amanhã pode vir a mostrar que essa afirmação não estava certa.

Posso afirmar ainda (e isto creio que os leitores entenderão muito bem), que toda a nossa atividade de investigação procura, de uma forma ou de outra, atender aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Além disso, convido os leitores a visitarem as páginas de internet dos Laboratórios Associados e do DQ para que possam conhecer um pouco melhor alguns dos resultados fascinantes que a nossa investigação produz. Inclusive, porque não nos vêm visitar? O DQ está permanentemente aberto a receber visitas de grupos de estudantes.

PA: Considerando a rápida evolução da tecnologia, como é que o Departamento está a integrar inovações e recursos emergentes nas suas atividades de ensino e investigação?

PA: Como referi, no ambiente de formação e investigação em que nos movemos, estar atento aos novos desenvolvimentos, sejam eles académicos ou na investigação fundamental ou aplicada, faz parte do dia-a-dia normal; procuramos introduzir, sempre que possível, melhorias no que fazemos e na forma como o fazemos. Atrevo-me a dar o exemplo da Inteligência Artificial (IA) que, em pouco tempo, se transformou numa realidade incontornável do quotidiano, seja na sala de aula ou no laboratório de investigação. Naturalmente, a utilização da IA exige formação dos docentes (algo que a UA já está a fazer), mas também dos alunos. É vital saber usá-la porque, da forma correta, é inquestionavelmente uma ferramenta que nos pode trazer enormes vantagens.

A IA também será revolucionária na investigação. Posso dizer-lhe, para já, que estamos a trabalhar intensamente nesse domínio. Trabalhamos esta tecnologia como uma ferramenta, mas, e talvez mais importante, também atentamos no seu desenvolvimento e adaptação a desafios específicos.   

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