Transformação e Inovação: Um Ano de Realizações

Em entrevista, Francisco Taveira Pinto, professor catedrático e diretor do Departamento de Engenharia Civil da FEUP, denota as mudanças na instituição que, durante o seu primeiro ano de mandato, atraíram mais estudantes e estreitaram a colaboração com o setor empresarial. Com foco na atualização curricular e nas novas tecnologias, têm sido realizadas várias ações com o corpo estudantil e docente, visando criar condições de envolvimento com o maior impacto possível.

Perspetiva Atual: Após mais de um ano desde a tomada de posse da nova direção do Departamento de Engenharia Civil (DEC) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), quais foram as principais ações, realizadas durante este período, que gostaria de destacar?

Francisco Taveira Pinto: O primeiro ano desta Direção foi muito marcado pelo desenvolvimento de ações que procuraram auscultar o meio que o rodeia, no sentido de sermos capazes de responder às necessidades reais de todos os que contam com as mais valias dos Engenheiros Civis que formamos. Foram realizadas várias ações com os estudantes, que nos forneceram bases sólidas para a atualização futura de conteúdos e melhoria constante das unidades curriculares, na aplicação de novas tecnologias e ferramentas na Engenharia Civil ou mesmo ao nível de protocolos de mobilidade académica, em colaboração com instituições de referência.

Realizámos também sessões com os docentes e investigadores, para criar condições de envolvimento com o maior impacto possível, debatendo ideias que vão moldar o ensino, ou a investigação e a transferência de conhecimento nos próximos anos, quer ao nível do que o mercado procura, quer ao nível da necessidade de manter a reputação que a nossa investigação detém na esfera académica nacional e internacional e ainda no sentido de aumentar o apoio que o DEC dá às empresas, entidades governamentais e à sociedade. Neste último ponto, destaca-se o apoio dado à implementação do novo Instituto de interface com o exterior, o Instituto para a Construção Sustentável, constituído com o objetivo de otimizar e melhorar as prestações de serviços inovadoras e de qualidade que o DEC presta em todas as áreas de Engenharia Civil, com o apoio dos seus Laboratórios.

PA: Como é que o DEC tem desenvolvido e otimizado a sua oferta formativa nos diferentes ciclos de estudos? Quais são as principais saídas profissionais dos vários cursos disponíveis?

FTP: O DEC tem uma oferta formativa muito diversificada no que respeita aos Mestrados e aos Programas Doutorais, para além da Licenciatura. Nos ciclos de estudo mais avançados, além dos estudantes que recebemos dos ciclos precedentes, temos também estudantes de inúmeras nacionalidades. Em todos estes ciclos tem-se realizado um trabalho cuidado no sentido de melhorar ainda mais o alinhamento com as necessidades e as competências que o mercado procura.

A Licenciatura em Engenharia Civil, por ser o início deste percurso académico, constitui ainda a base de um Engenheiro Civil, mas que ainda não dá verdadeiramente as competências práticas necessárias para as responsabilidades exigentes da sua função.

No 2º ciclo de estudos destaca-se o Mestrado em Engenharia Civil que tem uma formação bastante abrangente e de continuidade da Licenciatura com especializações em todas as áreas. Contudo é também possível complementar essa formação com outros Mestrados especializados em outras áreas (construção e gestão sustentável, planeamento, estruturas, transportes e outros). Pela formação curricular abrangente e pela qualidade da mesma, os Engenheiros Civis da FEUP ocupam diversos cargos e funções ao nível do projeto e obra, mas também ao nível da gestão de ativos e infraestruturas. As taxas de empregabilidade recentes são superiores a 95% ou com a atual procura de 100%.

PA: Qual é o impacto da atividade de investigação levada a cabo pelo DEC para o avanço do conhecimento no setor? Poderia salientar algumas pesquisas recentes, mencionando as principais linhas de investigação desenvolvidas, a sua importância e as respetivas aplicações práticas?

FTP: A investigação é um dos vetores prioritários do DEC, por tudo o que representa para os desafios societais e pela contribuição para o desenvolvimento da Sociedade. Os docentes e investigadores do DEC desenvolvem investigação com elevado reconhecimento internacional em vários centros de investigação, muito bem classificados pela FCT. Todo esse esforço tem vindo a ser reconhecido pelos inúmeros prémios que temos vindo a receber, pelas solicitações que nos são feitas para consórcios de investigação, ou mesmo para apoio a projetos de investigação aplicada com empresas. Além disso o DEC tem tentado mostrar que a Engenharia Civil tem uma elevada componente tecnológica, sendo disso exemplo a investigação em impressão 3D aplicada à construção, o uso de realidade virtual aplicada em infraestruturas, novas metodologias construtivas, aproveitamento da energia das ondas, entre outros.

PA: Costumam colaborar ativamente com o tecido empresarial local e nacional para promover a transição entre a universidade e o mercado de trabalho? Se sim, que parcerias, programas de estágio ou colaborações destacaria?

FTP: O DEC tem um profundo impacto no sector da Engenharia Civil local e nacional, não só pelos estudantes que forma, mas também pelo apoio que dá às empresas. São várias as parcerias em consórcios de financiamento como o Norte2030 ou o PRR, mas também as colaborações ao nível dos doutoramentos em empresa, prémios aos melhores estudantes e até mesmo Unidades Curriculares em empresas. Ao longo do último ano, seja em visitas, em eventos com os ALUMNI, em congressos, na Mostra UP ou na Semana Profissão Engenharia, as empresas têm tido uma presença constante e significativa. Isto é o resultado de uma relação cada vez mais forte entre a nossa atividade e o meio empresarial.

Atualmente, os desafios de mobilização da economia via PRR, os desafios ao nível das futuras grandes obras públicas como o aeroporto, a linha de alta velocidade, a extensão do Metro do Porto e Lisboa, os portos, o parque habitacional, evidencia de forma clara a importância e a necessidade futura da Engenheira Civil. Conscientes desse papel de relevo, vamos continuar a trabalhar por uma melhor Engenharia Civil, que se distinga pela excelência que sempre a caracterizou, no ensino, na investigação e na transferência de conhecimento para as empresas e para a sociedade.

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