Clínicas Faria Couto – Onde a Medicina e o Humanismo se Unem

Dois anos após a sua primeira entrevista à Perspetiva Atual, André Faria Couto regressa para avaliar o percurso percorrido, o presente e os desafios que o futuro reserva. Médico Especialista em Ortopedia, Especialista em Medicina do Trabalho e Pós-Graduado em Medicina Desportiva, relembra como as lesões desportivas que enfrentou na juventude o aproximaram da Ortopedia e Medicina Desportiva como doente, influenciando a escolha da sua carreira. A sua vasta experiência profissional ao longo dos últimos anos, culmina no desenvolvimento de um projeto à sua imagem – as Clínicas Faria Couto.

Perspetiva Atual: O que o motivou a investir numa formação tão abrangente, e, acima de tudo, o que o levou a criar um projeto pessoal?

André Faria Couto: Durante a minha infância e adolescência, o meu contacto com a Medicina restringiu-se ao papel de “Doente”. Recordo-me de consultas rápidas e pouco esclarecedoras, mantendo-se um afastamento entre Médico e Doente. Durante o curso de Medicina, pude conhecer o outro lado da Medicina, humanista e integrativa. Aquando da escolha da especialidade, não houve grandes dúvidas de que Ortopedia seria a opção mais aliciante: especialidade com uma vasta abrangência de patologias, com possibilidade de diferenciação em diversas áreas sobreponíveis à Medicina Desportiva e que me permite exercer atividade cirúrgica, que foi algo que sempre me cativou.

André Faria Couto

Desde 2018, ano em completei a Especialidade em Cirurgia Ortopédica e Traumatológica, muitos foram os hospitais em que trabalhei e as pessoas que procurei ajudar de forma direta e indireta. Um dos problemas com que me deparei na Medicina atual, foi a limitada acessibilidade na comunicação com o Médico. A relação de proximidade entre Médico-Doente parece-me essencial e vai para além do espaço físico do consultório. Assim, é importante haver um contacto disponível a qualquer momento ao qual o paciente possa recorrer para esclarecimento de dúvidas relevantes ou agendamento de consulta.

PA: A criação das Clínicas Faria Couto foram uma forma pessoal e direta de humanizar os cuidados com os seus pacientes. Poderia explicar-nos em que consiste o projeto da clínica e qual é o seu principal objetivo? 

AFC: O objetivo do projeto é estabelecer a união entre a Medicina e o Humanismo, algo que, na minha opinião, se perdeu aos poucos nos últimos anos. Pretendemos cuidar do paciente da Cabeça aos Pés e criar laços de amizade eternos, atravessando gerações. Queremos criar momentos de felicidade que perdurem de doente em doente, de amigo em amigo. Esse será eternamente o melhor feedback que poderei ter como Médico e o melhor legado que poderei deixar à sociedade.

Com uma equipa médica de excelência, com experiência e diferenciação nas diferentes áreas da Ortopedia, utilizamos as técnicas mais avançadas para proporcionar tratamentos ortopédicos de vanguarda, com a segurança necessária. O nosso compromisso é devolver aos doentes uma mobilidade plena e uma vida ativa, de forma simples, humana e fiável.

Paralelamente, a médio-longo prazo estamos a desenvolver projetos de cariz humanitário, nos países com língua nativa portuguesa (PALOP) no sentido de criar canais de comunicação internacionais que permitam oferecer os nossos cuidados a povos mais desfavorecidos e sem acesso ao atual State of the Art da Medicina Ortopédica e Traumatológica que se pratica em Portugal, que em nada fica atrás tecnicamente e academicamente quando comparado com os restantes países da Europa.

PA: Se tivesse que destacar algo que o fascina, ainda hoje, relativamente à especialidade de Ortopedia e Medicina Desportiva, o que diria que o faz continuar a trabalhar na procura contínua de crescer e desenvolver projetos como os que referiu?

AFC: Interessante questão, pois a característica mais atrativa da Ortopedia diz respeito exatamente à constante evolução. Hoje já temos inclusive a Inteligência Artificial e a Robotização a ser disseminada por todo o país nesta área. Por outro lado, a tendência temporal é de se tornar cada vez menos invasiva, conseguindo-se manter os ótimos resultados funcionais com cirurgia menos invasiva.  É de destacar, neste sentido, a importância do constante desenvolvimento de técnicas como a Artroscopia Minimamente Invasiva, que demonstra um menor risco de fibrose cicatricial extensa, infeção perioperatória e/ou perdas hemáticas. A recuperação pós-operatória torna-se mais rápida e confortável.

Ao longo da minha formação, procurei sempre ter os conhecimentos técnicos e científicos mais atuais em cada área.

Os estágios formativos em diversos hospitais de referência nacionais e internacionais, nomeadamente em Barcelona, Madrid, Santander, Lyon, Viena e Londres e a oportunidade de contactar com diferentes Equipas, de diferentes Hospitais, permitiram-me adquirir um fascínio extra pelas subtilezas do membro inferior e cirurgia artroscópica/minimamente invasiva, destacando a envolvência pessoal com a patologia do Joelho, Tornozelo e Pé.

De salientar que o princípio hipocrático de Primum non nocere foi, é, e continuará a ser uma presença constante durante todo o percurso a que nos prestamos: a vontade de “fazer” associada ao ímpeto cirúrgico natural, nunca se sobrepõe à minuciosa avaliação, estudo e discussão com vista à melhor opção perante um problema de saúde. É bastante gratificante para mim, como Médico, poder inovar e tratar o doente à luz da evidência científica mais recente.

PA: A Medicina Desportiva continua a ser um dos seus grandes focos. Sente que, atualmente, as diferentes faixas etárias em Portugal têm adotado um estilo de vida mais ativo e integrado a prática desportiva no seu quotidiano? 

AFC: O potencial para a saúde que o desporto constitui é uma forma de prevenção de doenças cardiovasculares e metabólicas com grande impacto socioeconómico: a sua prática regular reduz a incidência destas patologias, com ganhos significativos na saúde da população.

A adesão à atividade física tem vindo a aumentar consideravelmente, num contexto pós-epidemia interessante de analisar, onde efetivamente se denota que no geral há uma maior preocupação com a longevidade e qualidade de vida que queremos ter na terceira idade. Há um sentimento global de que a prevenção precoce é fundamental para vivermos sem dor e com qualidade de vida, mesmo que isso implique uma redução na carga horária laboral e exposição a stress/riscos desnecessários ao corpo humano.

A Medicina Desportiva, pela sua multidisciplinaridade, permite-me continuar a criar a ponte com essas áreas – medicina interna, cardiologia desportiva, antropometria, fisiologia do exercício, nutrição ou a prescrição de exercício.

PA: De que forma a sua formação em Medicina do Trabalho contribui para a qualidade de vida e segurança dos seus pacientes? 

AFC: Uma elevadíssima percentagem das patologias que levam a uma má qualidade de vida na terceira idade, é resultante da ausência de condições adequadas de higiene e segurança no posto de trabalho, da ausência de formação adequada do trabalhador e/ou por ato negligente deste. Isto acaba por levar ao acontecimento de acidentes de trabalho e a doenças profissionais, que são, na sua maioria, passiveis de correção e prevenção num contexto de proximidade e canal de comunicação amplo com o doente. A capacidade de intervenção na prevenção dos acidentes e doenças laborais da nossa equipa é sem dúvida uma das nossas mais-valia como equipa que procura a excelência na ajuda ao doente / trabalhador.

PA: Sabemos que tem um hobby interessante relacionado com carros clássicos, que de certa forma, também seguiu um caminho muito próprio, criando inclusive um website. Poderia partilhar connosco o que representa para si e o que este projeto oferece? 

AFC: A mecânica automóvel, desde cedo, esteve presente no meu percurso, por razões familiares. Esta vivência diária criou em mim uma vontade de em algum momento da minha vida, paralelamente à minha vocação médica, ter algo onde pudesse reproduzir esta paixão por carros clássicos. Num mercado muito competitivo, onde muitos procuram prestígio e reconhecimento, outros, como nós, estamos apenas a cumprir um sonho e a criar condições para que quem assim o deseje, possa usufruir de um dia diferente, uma viagem temporal, atravessando gerações em carros clássicos de interesse histórico nacional e internacional. Pessoalmente, é algo que me dá bastante satisfação poder concretizar um projeto que desenhava, já há largos anos na minha mente.

O passado pode-nos servir como um ponto de partida para um novo despertar. Quem observa essa dinâmica e aprende com ela, corre o risco de se apaixonar pela história e por tudo aquilo que está guardado no passado. Neste caso, os carros clássicos intemporais e irreproduzíveis. Quem o experimenta, vive uma sensação de nostalgia, combinada com uma reverência à história, com amigos ou com a família.

Os carros antigos permitem-nos uma pequena viagem no tempo. Eles ajudam-nos a manter um ritmo desacelerado e de certa forma, mais leve. É também terapêutico. Quem viveu a infância num carro antigo e tem a alegria de o manter na família, sabe que ele guarda em si pequenas cápsulas do tempo: vejo honestamente este hobby como algo terapêutico para a vida social que nos rodeia atualmente em toda e qualquer área de atividade. Os carros antigos têm um lugar especial na nossa memória afetiva porque proporcionaram reviver muitas vivências e irão permitir criar tantas outras. “Atravessamos gerações, criamos momentos” é o nosso lema, e foi criado a pensar exatamente nesta intemporalidade.

PA: Olhando para o futuro, quais são os seus objetivos profissionais mais ambiciosos? Existe algum sonho profissional que deseja concretizar?

AFC: Pretendo consolidar os meus projetos, com o objetivo final de sempre tratar os doentes com dedicação e humanidade. Pretendo dar o meu contributo na correta prestação de cuidados médicos, e ainda, deixar o meu legado para as gerações futuras.

Num mundo em que o ritmo do desenvolvimento é cada vez maior, tenho plena consciência e convicção que a cada nova etapa, novos desafios se colocam. Mas algo está bem definido: o ato continuo de estudo e atualização do conhecimento, aliados à humildade profissional e ao respeito pela condição humana, deverão sempre ser o farol.

About Post Author

Deixe um comentário

Outra Perspetiva

Clínicas Faria Couto – Onde a Medicina e o Humanismo se Unem

Dois anos após a sua primeira entrevista à Perspetiva Atual, André Faria Couto regressa para avaliar o percurso percorrido, o...

Novos e velhos desafios no diagnóstico do cancro da mama

O grande aumento da incidência do cancro da mama nos últimos anos, também nas mulheres com menos de 50 anos,...

Uma vida dedicada à inovação na Odontologia

Com mais de três décadas de experiência, a Dra. Susana Perdigoto traçou uma carreira marcada pela formação contínua e pioneirismo...

A reconstruir sorrisos e a transformar vidas há mais de duas décadas

Com quase 25 anos de história, a clínica Projetamos Sorrisos, localizada na cidade do Porto, vai além das tradicionais consultas...

23 anos de uma liderança revolucionária na Saúde Cardiovascular

Com 23 anos de história, a UCARDIO – Centro Clínico Unidade Cardiovascular, tornou-se uma referência em cuidados cardiovasculares, combinando inovação...