IPSantarém: Onde tradição e inovação convergem para construir a Universidade do futuro

Há 46 anos no coração do Ribatejo, o IPSantarém tem contribuído para o reforço da “qualificação, inovação e coesão regional”. Com uma oferta formativa em expansão, quase 6.000 estudantes, residências renovadas e uma forte projeção internacional, João Moutão, Presidente da instituição, traça o caminho que está a transformar Santarém numa verdadeira cidade universitária europeia.

Perspetiva Atual: Como vê o IPSantarém com 46 anos e a caminho dos 6 000 estudantes?

João Moutão: Ribatejo vive um momento decisivo que ressoa por toda a região. Em pleno coração desta terra de oportunidades, o Instituto Politécnico de Santarém (IPSantarém) acelera uma transformação histórica que culminará na criação da futura Universidade Politécnica do Ribatejo. Fundado em 1979, o IPSantarém assume-se como um motor de desenvolvimento territorial, articulando tradição com inovação e compromisso social numa comunidade académica vibrante.

João Moutão, Presidente do Instituto Politécnico
de Santarém

PA: Que impacto têm tido as metodologias ativas, os estágios em empresas e o acompanhamento personalizado nas taxas de empregabilidade (96%) e na satisfação dos diplomados?

JM: A principal marca identitária do Politécnico reside no modelo pedagógico que coloca o estudante no centro de todas as decisões. Formamos profissionais, mas sobretudo cidadãos preparados para liderar os desafios do século XXI. Esta filosofia de ensino ecoa nas empresas da região e parceiros internacionais que valorizam o perfil politécnico distintivo: profissionais que sabem fazer e fazem a diferença.

PA: A oferta formativa inclui 40 licenciaturas, 35 mestrados e 28 TeSP. Como estes cursos respondem às necessidades do Ribatejo e do país?

JM: O IPSantarém orgulha-se de ter uma das ofertas formativas mais diversificadas do ensino superior politécnico português. Cinco escolas superiores de excelência – Agrária, Desporto de Rio Maior, Saúde, Educação e Gestão & Tecnologia – asseguram 40 licenciaturas, 35 mestrados e 28 TeSP, cobrindo um largo espetro de áreas.

Entre as novidades destacam-se a Licenciatura em Enfermagem Veterinária, o Mestrado em Educação Especial e o curso de Fisioterapia. Um marco especial é o Doutoramento em Sustentabilidade Agro-Alimentar e Ambiental, o primeiro programa doutoral do IPSantarém, desenvolvido em consórcio estratégico com os politécnicos de Coimbra, Castelo Branco e Viseu.

Fiel ao princípio da proximidade territorial, o IPSantarém leva igualmente formação superior de excelência aos municípios de Azambuja, Alcobaça, Vila Franca de Xira, Torres Vedras, Abrantes, Mafra, Óbidos e Cartaxo. Esta estratégia materializa-se através de parcerias sólidas com municípios e agrupamentos de escolas que garantem resposta direta às necessidades locais de qualificação.
Exemplos consolidados desta abordagem incluem o TeSP em Distribuição e Logística na Azambuja, em regime pós-laboral com estágios garantidos em empresas locais, e o TeSP em Tecnologias de Produção Integrada em Hortofrutícolas em Alcobaça, desenvolvido em consórcio inovador com o Município, a Universidade de Coimbra e o INIAV.

O próximo ano letivo trará novos marcos formativos: em Mafra, o CTeSP de Secretariado em Saúde é ministrado na Academia de Ensino Superior de Mafra (AESM), preparando técnicos especializados em atendimento ao cidadão e processamento de informação clínica.

Em Óbidos, o CTeSP de Jogos Eletrónicos e Competições Desportivas Digitais representa uma formação pioneira mundial, inserindo-se na estratégia municipal para transformar a vila num hub nacional de gaming e eSports, aproveitando o sucesso do evento “Óbidos Vila Gaming”. No Cartaxo, o protocolo entre o IPSantarém, o Agrupamento de Escolas Marcelino Mesquita, o município e a AMECC permite oferecer o CTeSP de Marketing Digital e Gestão de Negócios, respondendo às crescentes necessidades empresariais locais de capacitação digital e gestão moderna.

“Santarém está preparada para acolher o talento de quem ambiciona construir o amanhã”

PA: De que forma a criação e requalificação de seis residências (total de 698 camas, incluindo 131 na antiga EPC) vai transformar Santarém numa cidade universitária e atrair talento nacional e internacional?

JM: A transformação de Santarém numa verdadeira cidade universitária europeia acelera com um investimento estratégico superior a 11 milhões de euros no alojamento estudantil. Até 2026, seis residências modernas disponibilizarão 524 camas em Santarém e 174 em Rio Maior, financiadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência. A reconversão das antigas camaratas da Escola Prática de Cavalaria numa residência de 131 camas com salas de estudo 24/7 e zonas de convívio irá contribuir simultaneamente para revitalizar o centro histórico da cidade.

PA: Que resultados concretos se esperam de iniciativas como o Santarém AgroHub e da futura Casa da Ciência e Inovação?

JM: O IPSantarém posicionou-se na vanguarda da investigação aplicada através de uma estratégia audaciosa que resultou no registo de seis Unidades de Investigação na Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no reforço de equipas com oito investigadores de carreira e na captação de financiamento através de projetos competitivos.

O Santarém AgroHub, com um investimento de 4,8 milhões de euros, emerge como um laboratório vivo onde 100 hectares de campos experimentais permitirão a empresas testar soluções revolucionárias de agricultura inteligente, economia circular e blockchain alimentar antes de investir. Paralelamente, a futura Casa da Ciência e Inovação materializará uma parceria transformadora entre o IPSantarém, a autarquia, o tecido empresarial e o setor social, criando um hub dinâmico de cocriação onde investigadores, estudantes e empresas colaborarão num ecossistema integrado de inovação.

PA: Como beneficiam o IPSantarém e os estudantes da liderança da Universidade Europeia ACE²-EU (9 instituições, 8 países) e da sede da RIAL (50+ instituições lusófonas)?

JM: A coordenação da Universidade Europeia ACE²-EU – Applied, Connected, Entrepreneurial and Engaged European University – representa um marco histórico que coloca o IPSantarém no epicentro de uma rede académica transnacional sem precedentes. Esta aliança estratégica, aprovada pela Comissão Europeia em 2024, reúne nove instituições de ensino superior de oito países (Portugal, Espanha, Alemanha, Áustria, Polónia, Letónia, Lituânia, Roménia e Macedónia do Norte), servindo mais de 56 mil estudantes e oferecendo oportunidades únicas de mobilidade académica e desenvolvimento intercultural.

A integração simultânea na RIAL – Rede Internacional Académica da Lusofonia, da qual o IPSantarém é membro fundador e sede, amplifica ainda mais a projeção global da instituição. Esta rede prestigiada, estabelecida em 2022, conecta mais de cinquenta instituições de ensino superior de cinco países lusófonos, promovendo intercâmbios académicos, científicos e culturais que fortalecem a língua portuguesa a nível global.

“Formamos profissionais, mas sobretudo cidadãos preparados para liderar os desafios do século XXI”

PA: De que forma o StartIPS e o IPSantarém+ – voluntariado, mentoria, concursos de ideias – têm gerado soluções para inclusão social, migração e sustentabilidade?

JM: O IPSantarém abraçou o empreendedorismo e a inovação social como pilares estratégicos da sua missão transformadora. O programa StartIPS funciona como catalisador de projetos inovadores em desporto, saúde, transformação digital e sustentabilidade, criando pontes sólidas entre conhecimento académico e necessidades territoriais.

O iminente Centro de Inovação Social funcionará como laboratório de soluções para desafios contemporâneos urgentes – inclusão, migração e envelhecimento ativo –, materializando uma parceria estratégica entre múltiplos atores regionais. Esta dimensão social fortalece-se através do programa IPSantarém+, que mobiliza a comunidade académica em ações de voluntariado desde 2011, desenvolvendo competências sociais e valores de cidadania ativa que preparam diplomados para contribuírem ativamente para uma sociedade mais justa e inclusiva.

PA: O Plano Estratégico 2030 aposta em agricultura 4.0, bioeconomia sustentável, saúde digital e dupla transição verde/digital. Que projetos e indicadores definiram para os próximos cinco anos?

JM: O Plano Estratégico 2030 delineia uma visão audaciosa centrada em áreas de especialização inteligente do futuro: agricultura 4.0, bioeconomia sustentável, saúde digital e dupla transição verde e digital. O objetivo consiste em consolidar Santarém como polo europeu de ensino, investigação e inovação, preservando simultaneamente o ADN de proximidade que caracteriza o ensino politécnico.

A relação simbiótica entre o IPSantarém e Santarém exemplifica um modelo paradigmático de desenvolvimento territorial integrado: “Quanto mais Santarém crescer, mais o Politécnico cresce – e vice-versa”. Este crescimento já é tangível: o número de estudantes caminha para os 6.000, e a meta de atrair dez mil estudantes até 2035 transformará Santarém numa verdadeira cidade universitária europeia, criando um ecossistema vibrante de conhecimento, inovação e empreendedorismo que beneficiará toda a região do Ribatejo e Oeste.

PA: Que mensagem gostaria de deixar a quem procura no IPSantarém uma experiência que junte excelência académica, inovação e responsabilidade social?

JM: Para quem procura um ensino superior de excelência com impacto real na vida e na sociedade, o IPSantarém representa uma porta aberta para um futuro repleto de possibilidades extraordinárias. Santarém está preparada para acolher o talento de quem ambiciona construir o amanhã – venha fazer parte desta transformação que está a posicionar a região no epicentro da inovação europeia e mundial.

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