O estado da arte da medicina dentária em Portugal
Resultados do VII Barómetro da Saúde Oral identificam que mais de metade da população portuguesa não sabe que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) disponibiliza serviços de medicina dentária.
No passado mês de novembro, no 31.º Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas, foram apresentados os resultados do VII Barómetro da Saúde Oral, onde são analisados os dados referentes à especialidade e a sua evolução comparativamente aos anos anteriores.
Segundo os valores apresentados, apenas 32,3% dos portugueses têm a dentição completa, número esse que se tem mantido nos últimos anos. Além disso, foi registado que apenas 67,4% dos portugueses vão ao dentista pelo menos uma vez por ano, o que, mesmo assim, demonstra um aumento de 9 pontos percentuais relativamente a 2019.
Quando o olhar recai sobre os mais novos, verifica-se que das crianças com menos de 6 anos, 65,2% nunca visitaram um médico dentista, sendo um valor inferior ao verificado nas duas últimas edições do Barómetro.
Uma das análises que mais chamou a atenção foi o facto de 55,9% dos portugueses não terem conhecimento que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) dispõe de serviços e profissionais de medicina dentária. Dos 44,1% dos portugueses que têm conhecimento, apenas 6,9% recorreram à área de medicina dentária no SNS no último ano. Um terço dos que recorreram a estes serviços referem que, caso não tivessem sido atendidos, não conseguiriam recorrer ao privado por motivos económicos, o que nos leva a falar de outro aspeto. Em comparação a 2021, registou-se um aumento de 7,4 pontos percentuais relativamente ao número de portugueses que afirmam não ter dinheiro para recorrer a tratamentos de medicina dentária.
No entanto, apesar dos números apresentados ainda demonstrarem uma grande necessidade de evolução, é também notório que os portugueses têm uma maior perceção da importância da visita ao médico dentista, estimando-se um aumento mais significativo da procura de tratamentos nos próximos anos.
A grande maioria dos portugueses está satisfeita com os seus médicos dentistas. Dos que apresentam queixas, 59,3% referem os preços praticados e os restantes falam dos resultados dos tratamentos.
Relativamente aos profissionais de saúde, 13% dos médicos dentistas inscritos na Ordem foram trabalhar no estrangeiro e 98,5% dos que permaneceram em Portugal prestam serviços no privado. Estes valores são justificados pela falta de valorização desta especialidade e pela diferença significativa dos salários.