“Envolvimento, Conhecimento e Continuidade”: A perspetiva da nova presidente da SPAIC
Com vontade de “renovar e impor um cunho diferente”, a anterior Vice-Presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica – SPAIC, Ana Morête assumiu, pela primeira vez, neste mês de dezembro, o cargo de Presidente da Sociedade.
Perspetiva Atual: Durante a 43ª Reunião Anual da SPAIC – que decorreu entre os dias 6 e 9 de outubro – foi eleita Presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, sendo que anteriormente ocupava o cargo de Vice-Presidente. Que motivo a levou a candidatar-se agora ao lugar de Presidente?
Ana Morête: Desde 2014 que sou membro da Direção da SPAIC, integrando três mandatos consecutivos, um como Secretária Adjunta e dois como Vice-Presidente, o que traduz a minha dedicação pessoal e profissional à Imunoalergologia. A presidência surgiu naturalmente, numa perspetiva de envolvimento, conhecimento e continuidade de todas as nossas atividades e também numa necessidade de renovar e impor um cunho diferente, sustentado numa nova equipa, sempre baseada na comunicação ativa com todos os sócios.
PA: Ao assumir um cargo mais elevado, é natural que o peso da responsabilidade também aumente. Apesar do pouco tempo que passou desde a sua eleição, quais são as principais diferenças que já sente entre ser Vice-presidente e Presidente da SPAIC?
AM: À data de hoje, a SPAIC tem uma série de projetos e atividades a decorrer, sempre regidos pelos mais elevados padrões científicos, princípios de confiança, respeito mútuo e total transparência entre os membros da Direção, em comunicação direta com os Grupos de Interesse da SPAIC e com os sócios. Assim, o peso da responsabilidade, embora grande, é sustentado pelas linhas de ação estratégicas já definidas e nas quais eu já estava totalmente envolvida.
PA: Chegou com vontade de dar continuidade ao caminho da direção anterior, da qual também fazia parte, ou com um desejo maior de mudança?
AM: Nos últimos anos, a nossa Sociedade tem tido uma expansão e reconhecimento assinaláveis e estamos conscientes que a SPAIC tem que continuar a ser um motor de inovação para a melhoria contínua do desenvolvimento científico-profissional dos associados, de acordo com os seus diferentes perfis e considerando as tendências atuais. Considero a mudança e a renovação essenciais para a vitalidade de uma Sociedade médica, adaptando-nos sempre aos constantes desafios da sociedade em geral e da comunidade médica e científica em particular.
PA: Quais são os principais objetivos e planos que gostaria de realizar durante este mandato?
AM: O nosso principal objetivo é a potenciação do crescimento e notoriedade da SPAIC, fomentando a participação de todos os associados, no sentido de aumentar o empoderamento e prestígio da Sociedade. Que todos os sócios, individualmente, se sintam parte integrante da vida da SPAIC e que o seu envolvimento acrescente valor.
Temos também como uma das principais linhas de ação o investimento nas parcerias com sociedades congéneres, quer a nível nacional quer internacional, fomentando alianças estratégicas, investigação em rede e organização de reuniões conjuntas.
Queremos manter o estímulo à participação dos jovens em todas as atividades da SPAIC, fomentando a sua presença dentro da nossa Sociedade e aumentando as oportunidades internacionais. Queremos também consolidar o modelo de comunicação digital e mediático da SPAIC, promovendo a presença nas redes sociais da Sociedade e posicionado a SPAIC como referência em matéria de Alergologia. E entre outros planos, pretendemos continuar a colaborar com as associações de doentes com patologia imunoalérgica, respondendo às necessidades formativas, aumentando a literacia em saúde e promovendo ações e reuniões conjuntas.
PA: Voltando ao assunto da 43ª Reunião Anual da SPAIC, qual é o balanço que faz destes quatro dias?
AM: A 43ª Reunião Anual da SPAIC, com o tema “O doente alérgico no centro dos cuidados”, contou com o maior número de inscritos de sempre, 501 participantes, integrando o programa 122 palestrantes, sendo 12 destes estrangeiros. O programa científico incluiu quatro cursos temáticos, sete simpósios, oito mesas redondas, seis workshops, cinco meet the professor lunch e o sunset meeting, bem como uma ação de formação dirigida às equipas de Saúde escolar, com o tema “Alergia alimentar e anafilaxia nas escolas”, que contou com a participação de enfermeiros provenientes da zona Norte do país. A produção científica englobou a apresentação dos 89 trabalhos, distribuídos por nove sessões: quatro sessões de comunicações orais, três de pósteres e dois de casos clínicos.
Foram dias de árduo trabalho, fortemente participados, suportados num Programa Científico de elevadíssima qualidade, o que denota a vitalidade e qualidade da nossa Sociedade. O balanço final é positivíssimo e dá-nos estímulo para continuar a fazer mais e melhor.
PA: Tem algum tema ou convidado que gostaria de destacar ou até de repetir num dos próximos congressos que irá organizar?
AM: É muito difícil, para mim, destacar um momento, participante ou tema que se tivesse destacado. O nosso Programa Científico foi elaborado tendo em conta as sugestões enviadas pelos Grupos de interesse da SPAIC, o nosso motor na comunicação com os associados. Esperamos continuar sempre nas nossas reuniões a ter o doente alérgico no centro dos nossos cuidados e considero também que será importante em reuniões futuras destacar a multidisciplinaridade, investindo na parceria com outras especialidades de fronteira, para uma abordagem mais completa do doente alérgico.