Atribuição das bolsas de tempo protegido na ULS Entre Douro e Vouga

A inovação em saúde ao serviço do utente

Criado em 2021, o Centro Académico Clínico – Egas Moniz Health Alliance (EMHA) é composto pela Universidade de Aveiro e as Unidades Locais de Saúde (ULS) da Região de Aveiro, Entre Douro e Vouga, Gaia e Espinho e Matosinhos, representando um número de registos de saúde eletrónicos superior a 2 milhões de utentes.

O EMHA agrega os cuidados de saúde primários, hospitalares, continuados, saúde pública e academia, de forma a colocar a inovação ao serviço do utente e assenta em três pilares de atividade: investigação – fundamental, translacional e clínica alinhada com as necessidades do utente; formação do utente, da sua família e dos profissionais de saúde; treino de gestos, técnicas e competências clínicas.

Liderado por Artur Silva, Vice-Reitor da Unidade de Aveiro, em articulação com os restantes membros da Direção – Firmino Machado (Vice-presidente) e Antónia Póvoa (ULS Gaia Espinho), Margarida França e Mesquita Bastos (ULS Aveiro), Sara Pereira, Paulo Diz e Luís Ruano (ULS Entre Douro e Vouga) e Cristina Gavina (ULS Matosinhos), é representativo do forte espírito de colaboração interinstitucional entre academia e cuidados de saúde, o que permitiu implementar vários projetos de dinamização científica, dos quais se destaca:

1| Horário protegido para investigação

 O EMHA foi o primeiro Centro Académico Clínico a definir uma política de atribuição de tempo protegido, durante o horário de trabalho dos profissionais de saúde, para efeitos de investigação. Este projeto pioneiro foi operacionalizado pela primeira vez em Portugal no Serviço Nacional de se Saúde na ULS Gaia e Espinho e posteriormente na ULS Entre Douro e Vouga, disponibilizando um total de 28 bolsas com até 300 horas de tempo protegido e 3 000 euros de apoio financeiro. Pretende-se estimular a fixação de profissionais de saúde altamente qualificados nas instituições do EMHA, capazes de contribuir para o desenvolvimento de novo conhecimento na área das ciências da saúde, colocando- -o ao serviço do utente, assegurando a contínua otimização da prestação dos cuidados de saúde. Diana Paupério, médica anestesiologista da ULS Gaia Espinho e Doutoranda da Universidade de Aveiro é uma das galardoadas e viu esta medida como “fundamental para desenvolver respostas aos problemas dos seus doentes. Consegui ter tempo para estudar a efetividade, segurança e redução de custos das estratégias de otimização da anemia antes da cirurgia cardíaca de forma a reduzir o n.º de transfusões que o doente precisa durante a cirurgia”.

2| Unidade de Ensaios Clínicos de Fase Precoce (EPCTU)

A EPCTU dedica-se a apoiar o desenvolvimento de novos medicamentos, através do estudo da sua metabolização e excreção, mas igualmente através da determinação da efetividade e segurança de fármacos totalmente inovadores, por exemplo na área da reumatologia, psiquiatria ou doenças oncológicas. Esta que foi a primeira unidade de ensaios clínicos de fase precoce, com internamento, a entrar em funcionamento no Serviço Nacional de Saúde, a qual é localizada na ULS Gaia Espinho e conta com a referenciação de utentes e a participação de profissionais de saúde das restantes ULS do EMHA. Avaliou já mais de 80 doentes e foi envolvida em 7 estudos desde a sua abertura em 2023, a qual é liderada por Firmino Machado, com a colaboração de Domingos Malta, Chefe de Operações. Nos seus 200 m2 contempla um internamento de 5 camas, consultório médico, gabinete de enfermagem, laboratório e farmácia dedicados aos ensaios clínicos de fase precoce.

“O EMHA foi o primeiro Centro Académico Clínico a definir uma política de atribuição de tempo protegido durante o horário de trabalho dos profissionais de saúde, para efeitos de investigação.

 3| Utilização de dados secundários em saúde

O EMHA considera prioritário utilizar os dados que os profissionais de saúde geram no seu dia-a-dia para desenvolver novo conhecimento, de forma a prestar cuidados mais personalizados, efetivos, seguros e com maior valor para o utente. Desta forma, foi lançada a iniciativa EMHA Data+, a qual permite a extração automática e em tempo real de dados dos vários sistemas de informação utilizados nas 4 ULS do EMHA, a sua estruturação em uma única base de dados no formato Europeu OMOP CDM. Os dados são disponibilizados posteriormente, aos investigadores, de forma rápida e automática aos profissionais de saúde-investigadores para que possam conduzir estudos de avaliação da efetividade e segurança de tratamentos farmacológicos e cirúrgicos, mas igualmente definir modelos de risco de desenvolvimento de doença ou de predição de qual a terapêutica ideal para cada utente. As instituições do EMHA foram as primeiras em Portugal a adotar esta estratégia de harmonização de dados, a qual resultou da participação no projeto europeu EHDEN e DARWIN EU (Agência Europeia do Medicamento).

“Esta que foi a primeira unidade de ensaios clínicos de fase precoce, com internamento, a entrar em funcionamento no Serviço Nacional de Saúde (…)”

Neste âmbito, foi criada uma Comissão de Ética supra-institucional, cujos pareceres são reconhecidos por todas as instituições do EMHA. Este órgão é liderado por Alda Marques e garante a possibilidade de avaliação de projetos multicêntricos, nos quais existe uma única submissão e parecer sobre o projeto, a qual é executada em um máximo de 15 dias, tornando-se a mais competitiva em Portugal.

4| Programa de formação em investigação clínica

A formação e treino em investigação clínica, nomeadamente em metodologias de desenho de estudo, análise de dados, assuntos regulamentares e bibliometria foi desenvolvida pelo EMHA ao longo de 10 sessões em 2023. Esta iniciativa será reforçada, através de um ciclo de formação intensivo, em abril e maio de 2024, com a participação de 40 novos formandos. Pretende-se assegurar a autonomia dos participantes na definição de perguntas e objetivos de investigação clínica que assegurem a resposta aos desafios da prática clínica. Mais ainda, será objetivo o desenvolvimento de um protocolo de estudo de investigação clínica pelos formandos, o qual seja passível de implementação, contribuindo para o desenvolvimento científico do EMHA, em estrito alinhamento com a agenda prioritária de investigação.

O apoio às necessidades de saúde da população, bem como a aposta na contínua diferenciação dos profissionais de saúde na região do EMHA, culminou na proposta de criação de um Mestrado Integrado em Medicina na Universidade de Aveiro.

“O EMHA considera prioritário utilizar os dados que os profissionais de saúde geram no seu dia-a-dia para desenvolver novo conhecimento”

Este curso conta com o apoio institucional do EMHA, bem como das Câmaras Municipais de Vila Nova de Gaia, Espinho, Santa Maria da Feira e Aveiro, mas igualmente com uma parceria com a Universidade do Minho e a Universidade de Utrecht (Holanda) tendo em vista apoiar a criação da Unidade de Formação Médica. Esta proposta educativa apresenta um corpo docente altamente qualificado de 150 professores, dos quais 71% são médicos especialistas doutorados/em términus do seu doutoramento, bem como com quase 500 tutores de formação em contexto clínico. Este projeto está em fase de avaliação pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), o qual se espera que inicie a formação de 40 futuros médicos já em setembro de 2024.

Todas as iniciativas do EMHA podem ser acompanhadas em www.ua.pt/pt/cacemha.

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