
Rigor académico e ensino com tradição: Nos Colégios St. George’s e St. James’s a base é a formação
No coração de Cascais e com uma tradição de excelência educacional que remonta aos anos 60, os Colégios St. George’s School e St. James’s Primary School continuam a formar cidadãos globais preparados para enfrentar os desafios do futuro. As instituições combinam a educação rigorosa e os valores sólidos com a importância do ensino bi-curricular e o compromisso com o desenvolvimento individual. Sem nunca perder de vista o papel da tecnologia, no processo de aprendizagem, Sofia Moniz, Diretora das duas instituições, assegura que, nos Colégios, continua a ser incentivada a leitura dos livros impressos. O St. George’s School e o St. James’s Primary School têm sido distinguidos pelo IAPMEI com os prémios PME Líder e PME Excelência, desde 2018.


Perspetiva Atual: Sabemos que os Colégios são reconhecidos pela sua tradição de excelência educacional. Como define o ambiente de aprendizagem e a filosofia pedagógica que orientam o ensino das instituições?
Sofia Moniz: Os professores são os alicerces desta instituição e dedicam-se incansavelmente a nutrir as mentes destes jovens, a encorajar a descoberta e a fomentar a responsabilidade individual e coletiva, sempre com uma educação muito humanista. O St. George’s School começou em Cascais, em 1960, pela mão de um professor Inglês Mr. Patrick Hoare, passando depois para a sua filha Deborah Hoare da Silva. Os fundamentos desta escola, foram passados à minha família nos anos 90. A filosofia, metodologias e princípios fazem parte do ADN das escolas e tanto eu como outro Diretor do St. George´s, Pedro Reis, lutamos, todos os dias, por o manter. Apesar de originariamente ser uma escola exclusivamente Britânica, rapidamente alargou os seus horizontes à comunidade de língua portuguesa, devido ao crescente interesse dos residentes locais. Tem uma história e um a caminho que nos fez criar, pelo meio, em 2006, o St. James’s Primary School. Os princípios de uma e de outra escola são os mesmos. Tratamos os alunos com respeito, somos amigos e ajudamo-los a aprender e a gostar de aprender num currículo exigente.

“Todos os alunos têm nas salas de aula dicionários em papel. Todos os nossos alunos têm de ler diariamente”.
PA: O «Poppy Appeal» é um evento anual e uma iniciativa dos Colégios, que não só apoiam a Royal British Legion, como angariam fundos que ajudam veteranos de guerra e as suas famílias. Quais são as principais lições e ensinamentos que os alunos podem retirar desta iniciativa?
SM: Não é única atividade deste cariz que desenvolvemos. Em Portugal, também existe o “pirilampo mágico” e nós já promovemos esta iniciativa antes. Todas as atividades de solidariedade social são bem aproveitadas por nós, fomentam a tal responsabilidade individual e coletiva que lhe falei anteriormente. Neste momento, estamos a angariar alimentos para um canil com cães abandonados. Também já fizemos limpeza de praias ou de grafites. Somos apoiantes anuais, com bens, das Aldeais SOS.
PA: Estas instituições proporcionam uma formação, com ensino em Língua Inglesa e Portuguesa, Matemática e Ciências, garantindo que os alunos tenham uma experiência educativa diversificada. Como é equilibrado o ensino de duas línguas distintas? Qual é a importância da integração dessas abordagens de forma complementar?
SM: O St. James’s Primary School e o St. George’s School assentam o seu ensino em 4 “core subjects”: Português como primeira língua, Inglês como primeira língua, Matemática e Ciências. Todos os nossos alunos têm, no seu horário semanal, mais horas letivas nestas disciplinas. No St. James’s Primary School têm o currículo português numa parte do dia, por exemplo de manhã, com as disciplinas de Português, Matemática e História e na outra parte do dia, por exemplo de tarde, o Currículo Inglês, com English, Mathematics e Science. As outras disciplinas, como Artes, Educação Fisica, Informática (STEAM) ou mesmo disciplinas de desenvolvimento de projetos, como Global Perspectives, são complementares às “core subjects”. No St. George’s School, os alunos passam a ter um horário a que eu chamaria disciplinar, com uma maior carga letiva nas 4 “core subjects”, mas seguindo o Currículo Cambridge. Os nossos alunos são alfabetizados nas duas línguas e pensam nas duas línguas. Os professores do Currículo Inglês são nativos e os professores do Currículo Português são professores do ensino básico ou secundário, como acontece nas outras escolas. A grande diferença da nossa escola é que temos um ensino muito individualizado. Os alunos do 1º ciclo estão em sala de aula permanentemente com um professor/a e um assistente, nativos da língua que estão a lecionar, o que possibilita um ensino muito atento e individualizado. Exemplo disto é os nossos alunos fazerem leitura diária individual com os professores. As nossas turmas são pequenas, exatamente para conseguirmos dar todo este apoio.
“Uma das vantagens do nosso sistema é que os alunos podem escolher áreas de interesse de estudo muito mais
cedo que no Currículo Português”.
PA: De que forma o ensino em duas línguas contribui para o desenvolvimento académico, cognitivo e pessoal dos alunos, considerando as habilidades que adquirem nos dois idiomas? Considera a vossa metodologia de ensino a mais eficaz?
SM: Os alunos que estudam em duas línguas, têm demonstrado ter melhor desempenho em disciplinas como a matemática, as ciências e a aprendizagem de qualquer outra língua. Nós temos vários alunos que falam 3 línguas. Principalmente aqueles cujos pais são falantes de uma terceira língua. Para eles, trocar de idioma é natural. Há estudos que apontam que os alunos que têm como língua materna duas línguas, conseguem alternar entre diferentes tarefas e ideias com mais facilidade e sentem-se preparados para interagir em qualquer contexto. Por outro lado, o convívio dos alunos com diferentes culturas torna-os mais tolerantes e com melhor compreensão do mundo. Eu não gosto muito da denominação bilingue, porque dá a entender que estudam as mesmas coisas em duas línguas. O que não é verdade! As disciplinas do Currículo Inglês têm conteúdos diferentes dos conteúdos portugueses. Penso que poderíamos chamar a este ensino Bi-curricular.
Os pais dos nossos alunos procuram-nos quase exclusivamente pela preocupação que têm com o percurso académico dos filhos. Fomentamos acima de tudo o gosto pelo conhecimento e a cultura geral dos nossos alunos é muito acima do esperado para a sua idade.

PA: A seleção de docentes de um Colégio é um processo estruturado, cujo objetivo é garantir que os profissionais atendem os requisitos académicos, pedagógicos e comportamentais exigidos pela instituição. Como é feita a seleção dos docentes?
SM: Neste momento, é uma tarefa difícil e exigente. Estamos num mundo global e é difícil reter professores estrangeiros. É necessário lutar por dar cada vez melhores condições de trabalho aos professores que têm uma missão muito desafiadora nestes novos tempos. Como se sabe, em Portugal, também há falta de professores, mas nós temos, neste momento a sorte de ter um grupo docente muito estável, reconhecidamente muito competente, residentes permanentes em Portugal, que já estão connosco há vários anos e vestem a camisola. As escolas têm de retribuir este esforço dos professores com bom ambiente e boas condições de trabalho. Temos tido uma gestão criteriosa, cautelosa e sustentada mantendo as mensalidades abaixo de qualquer outra escola com Currículo Internacional. Desde 2018 que temos sido distinguidos pelo IAPMEI como PME Lider e PME Excelência.
“Tratamos os alunos com respeito, somos amigos e ajudamo-los a aprender e a gostar de aprender num currículo exigente”
PA: Os Colégios integram a tecnologia no processo de ensino e aprendizagem. Um bom exemplo é a plataforma iSAMS, o sistema líder de informação de gestão escolar que fornece as informações essenciais aos professores, pais e alunos. De que forma a tecnologia tem contribuído para a preparação dos alunos e para os desafios do futuro digital? E no que toca a aprendizagem bi-curricular, considera que a facilita?
SM: A tecnologia tem-se portado com as escolas ou com a educação, como noutras áreas. Ajudam muitíssimo, mas não pode pensar por nós. Notamos que os nossos alunos, nesta geração, já nascem com um cursor na ponta do dedo indicador, passo a expressão. As nossas aulas de informática são muito mais fáceis de dar porque as crianças percebem, intuitivamente, o mecanismo de como fazer. A inteligência artificial, a robótica e a automação estão a transformar a maneira como trabalhamos e nos relacionamos. Essas mudanças apresentam tanto desafios quanto oportunidades e é nossa responsabilidade abraçar o progresso, garantindo que promovemos um bom desenvolvimento humano.
Ouvi uma entrevista feita ao Dr. Eduardo Sá, em que ele dizia que o movimento dos olhos e dos dedos a percorrer um dicionário, à procura de uma palavra, são estímulos e aprendizagens que se perderam. Quantas palavras novas aprendíamos com esse movimento? Neste momento, raramente vamos ao dicionário. Aqui, nas nossas escolas, tentamos continuar com essa prática. Todos os alunos têm nas salas de aula dicionários em papel. Todos os nossos alunos têm de ler diariamente, nem que seja uma frase de um livro, em papel, em Inglês e de outro em Português e têm de fazer o registo diário dessas leituras.
Temos acesso aos manuais digitais, uma vez que se tornou moda em Portugal, não há com fugir, mas não lecionamos através de livros digitais. Todos os alunos têm livros de consulta em papel.
PA: Esta instituição oferece, como atividades extracurriculares, o Judo, Ténis, Basquetebol, Guitarra e Piano. Quais foram os critérios utilizados para selecionar essas modalidades?
SM: As atividades extracurriculares são escolhidas segundo à procura dos Encarregados de Educação. Além dessas atividades, também temos Tag Rugby, Futebol e Robótica.

PA: Todos os anos, o Colégio St. James’s organiza uma Escola de Verão, oferecendo atividades variadas de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, para crianças entre 6 e 10 anos. De que forma essa iniciativa contribui para o desenvolvimento das crianças? Qual é a importância dessas atividades fora do ambiente escolar tradicional? As atividades de verão acontecem nas mesmas infraestruturas das aulas curriculares?
SM: O tempo do nosso Summer School é maioritariamente fora da escola, em atividades aquáticas e desportivas. Aproveitam um bocadinho da tarde para irem à nossa piscina, depois de uma aula de conversação, em Inglês.
PA: O Colégio St. James’s Primary School garante que qualquer aluno «pode aprender qualquer coisa!». O que pode ser aprendido no St. James’s e no St. George’s que não existe noutras instituições?
SM: Digo melhor, qualquer aluno pode aprender tudo o que quiser desde que esteja feliz e que tenha orientação com professores competentes. Nós, alunos e professores acreditamos no nosso futuro. O nosso mote para os alunos é: “We believe in your future”. Uma das vantagens do sistema Internacional, é que os alunos podem escolher áreas de interesse de estudo, muito mais cedo do que no Currículo Português. Podem estudar qualquer língua… Mandarim, Árabe e Gestão, Política ou Psicologia. Sem que isso determine o que irão fazer mais tarde, na faculdade. Tem sido muito relevante observar o aparecimento nos Curriculum Vitae, dos jovens à procura de emprego, a referência aos seus diplomas de IGCSE, A/Levels ou AICE diploma, que é feito no secundário.
“Os alunos que estudam em duas línguas, têm demonstrado ter melhor desempenho em disciplinas como a
matemática, as ciências e a aprendizagem de qualquer outra língua”
PA: Como desenvolvem o lado artístico dos alunos nas Escolas? Qual é papel das artes nas vossas instituições?
SM: No St. James’s Primary School temos 4 clubes a decorrer durante o ano letivo, os quais, obrigatoriamente os alunos têm de se inscrever e faz parte do horário semanal dos alunos. Dance Club, Drama Club, Music Club e Arts & Craft Club. Estas quatro expressões artísticas criam entre elas e com as outras disciplinas do Currículo, uma interdisciplinaridade que enriquece muito a forma como aprendem. Por exemplo, se escolherem desenvolver um tema de literatura como o Romeu e Julieta, os alunos em Inglês, irão estudar a obra e os clubes nas suas variadas expressões irão tocar músicas, dançar, fazer cenários e representar o que estudaram. Não só a obra, como a época, os autores etc. No St. George’s, como são alunos mais velhos, podem escolher as áreas artísticas que querem desenvolver.