Departamento de Física da UA traça metas de atratividade, inovação e impacto social

O Departamento de Física da Universidade de Aveiro (DFis/UA), criado em 1976, lançou recentemente o Mestrado em Engenharia de Dispositivos Semicondutores e inaugurou o BIOMEDIC Lab. Em entrevista, o Diretor do Departamento, João Miguel Dias, destaca que estas iniciativas reforçam a internacionalização e aproximam a formação do DFis das necessidades concretas da ciência e do tecido empresarial. Para o novo ciclo, estão previstos três objetivos: aumentar a atratividade, promover a inovação e potenciar o impacto social e económico.

Perspetiva Atual: Criado em 1976, o Departamento de Física (DFis) da Universidade de Aveiro assegura que aposta na qualidade do ensino e na proximidade com a comunidade. De que forma esta ligação beneficia os estudantes, o setor científico e, consequentemente, a sociedade?

João Miguel Dias: A ligação próxima à comunidade é uma das marcas identitárias do DFis, e reflete-se numa formação mais sólida, relevante e humana. Ela materializa-se em múltiplas dimensões: desde atividades de divulgação científica em escolas e centros de ciência, à formação contínua de professores e adultos, até à participação ativa em projetos com impacto social e ambiental. Para os estudantes, esta relação traduz-se em experiências concretas de cidadania científica, aprendizagem aplicada e oportunidades de interação com o público e o tecido produtivo, pelo que beneficiam de uma aprendizagem ancorada em problemas reais, aproximando a teoria da prática e desenvolvendo competências valorizadas no mercado de trabalho. Para o setor científico, promove-se uma ciência mais acessível e relevante; e, para a sociedade, esta proximidade resulta em soluções inovadoras e maior literacia científica. Esta proximidade reforça também o papel da Universidade como motor de desenvolvimento regional e nacional, promovendo uma cultura científica mais participativa e informada.

João Miguel Dias, Diretor do Departamento de Física
da Universidade de Aveiro

PA: A oferta formativa do DFis abrange três ciclos de ensino e inclui programas interdisciplinares. Que oportunidades os estudantes podem encontrar neste Departamento?

JMD: Os estudantes do DFis encontram uma formação de excelência, com uma forte componente prática traduzida no acesso a laboratórios bem equipados e uma elevada proximidade a uma cultura de investigação desde o início das suas graduações, beneficiando desta forma de uma formação sólida, com um forte componente experimental e interdisciplinar. Existe ainda a possibilidade de mobilidade internacional, estágios em empresas e participação ativa em projetos científicos, criando oportunidades em áreas emergentes, promovendo a empregabilidade em setores estratégicos nacionais.

PA: João Miguel Dias é diretor do DFis há vários anos, tendo assumido recentemente um novo mandato, com novos planos para o departamento. Quais são os objetivos prioritários para este novo ciclo? O que já foi conseguido desde o início do mandato?

JMD: Os objetivos centrais deste novo ciclo assentam em três pilares: atratividade (trazer mais e melhores estudantes), inovação (apostar em novas áreas estratégicas e programas formativos) e impacto (reforçar a ligação à sociedade e à economia). Já conseguimos reforçar a internacionalização com novas parcerias, aumentar o número de publicações científicas de alto impacto e lançar propostas de novos cursos – como o Mestrado em Engenharia de Dispositivos Semicondutores. Estão em curso iniciativas para proporcionar aos nossos estudantes as melhores condições de aprendizagem, tendo sido inaugurado recentemente o BIOMEDIC Lab, um novo laboratório de experimentação e criatividade dedicado ao ensino e à prática inovadora da Engenharia Biomédica, patrocinado pela Sword Health, empresa líder em terapias digitais na área da saúde. Este laboratório constitui uma plataforma transversal aos três ciclos de formação em Engenharia Biomédica, promovendo uma ligação dinâmica entre ensino, investigação e aplicação tecnológica.

PA: Também no final do ano passado, o DFis apresentou, no seu 48.º aniversário, uma proposta para um novo Mestrado em Engenharia de Dispositivos Semicondutores, alinhado com a visão da União Europeia. Qual é o contributo deste novo mestrado para a inserção dos estudantes no mercado europeu?

JMD: Este mestrado multidisciplinar tem um programa curricular similar ao de cursos de referência no espaço europeu e visa formar graduados com experiência adaptada aos novos desenvolvimentos tecnológicos, aplicando conhecimentos sólidos em física dos semicondutores, microeletrónica/eletrónica e sistemas, numa área estratégica para o crescimento económico e soberania nacional. Os semicondutores são imprescindíveis em setores cruciais que impulsionam a economia, tais como o automóvel, aeronáutica, saúde, energia, comunicações, eletrónica e automação, fotónica, optoelectrónica, defesa, computação, instrumentação, segurança, agricultura, têxteis e bens de consumo. São os materiais semicondutores que estão na base da produção de diversos componentes eletrónicos e circuitos integrados que são imprescindíveis para a produção de chips, responsáveis, por exemplo, pelo armazenamento e processamento da informação. Através deste mestrado o estudante obtém competências altamente procuradas pela indústria europeia, abrindo portas para carreiras tecnológicas de elevado valor acrescentado.

PA: Por último, alguns estudantes do DFis têm as propinas do primeiro ano patrocinadas por empresas, como reconhecimento do seu mérito. O que representa este apoio para os estudantes? O que é que transmite à sociedade acerca do valor da formação neste Departamento?

JMD: Este apoio representa um sinal claro de que a sociedade reconhece e valoriza o talento, sendo um reconhecimento do mérito dos nossos estudantes e da confiança das empresas na formação que o DFis proporciona. Para os estudantes, é uma motivação adicional, mas também um alívio financeiro significativo. Para as empresas, é uma forma de atrair futuros profissionais altamente qualificados e de se envolverem ativamente na formação de recursos humanos de excelência. E para a sociedade transmite uma mensagem clara: a formação em Física, com qualidade, rigor e inovação, é valorizada e procurada, mostrando que investir em ciência, em educação e em jovens talentos é investir no futuro. Em suma, o DFis é um espaço onde este investimento se traduz em inovação e progresso, fazendo justiça ao nosso lema: Aqui sonhamos, criamos e partilhamos conhecimento!

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