
Presidente do Instituto Politécnico de Lisboa promete inclusão e proximidade
António Belo, professor e gestor com mais de 30 anos de experiência no Instituto Politécnico de Lisboa (IPL), tomou posse como Presidente em fevereiro de 2025. Com uma liderança assente na proximidade e na colaboração, apela ao respeito pelo contributo de cada membro da comunidade académica. “Assumi este desafio com entusiasmo e determinação, trabalhando pelo bem público e acreditando que o Ensino Superior e o fazer da ciência devem estar ao serviço da sociedade, constituindo pilares decisivos para o funcionamento democrático e o desenvolvimento”.
A carreira académica de António Belo iniciou-se no ano letivo 1989/1990 na Escola Superior de Comunicação Social (ESCS), uma das escolas que integram o Instituto Politécnico de Lisboa, onde desenvolveu a maior parte da sua atividade profissional. Ao longo de três décadas, adquiriu experiência nas áreas do ensino, investigação e gestão, assumindo diversas responsabilidades que marcaram a sua trajetória. Em 2010, António Belo foi convidado a integrar a Pró-Presidência do IPL, área que ficou responsável pela comunicação da instituição. Uma função que exerceu até 2016, ano em que assumiu a Vice-Presidência e cargo que manteve até março de 2023. O Presidente sublinha que o ensino superior deve estar ligado ao serviço público e à sociedade, contribuindo para o desenvolvimento democrático e social do país. “É necessário um IPL mais próximo. Próximo, sobretudo das pessoas, o seu capital mais precioso, aquele que nos permite a cooperação, a ligação, a pertença, a identidade, bases para que possamos cumprir com tranquilidade a nossa missão mais nobre, a da formação integral dos/as estudantes que nos escolheram, razão primordial da nossa existência”.

António Belo, Presidente do Instituto Politécnico de Lisboa
As suas bases programáticas assentam, assim, num programa de ação que valoriza a formação integral dos estudantes, “o ensino de qualidade, a investigação e a criação artística”. Desde o início do seu mandato, garante encarar o desafio da presidência com otimismo, convicção e responsabilidade. “Por ter a capacidade de agregar pessoas e vontades, estou certo de que, com base num processo colaborativo e de partilha entre todos/as e para todos/as, vencer os desafios ficará cada vez mais próximo”.
Num momento em que o ensino superior em Portugal, e em particular as suas Instituições Politécnicas, atravessam um período de indefinição estratégica relativamente ao seu futuro, “em termos das várias atividades: ensino, investigação e prestação de serviços à comunidade”, António Belo reconhece estes desafios e define que o IPL, para o próximo quadriénio, de 2025 a 2029, concentre a sua intervenção prioritária em cinco planos.
O primeiro plano consiste na mudança do modelo de gestão da presidência, através da adoção de uma política colaborativa com as escolas, respetivos órgãos de gestão e entidades externas, assim como a melhoria da estratégia do IPL a médio e longo prazo, de modo “a integrar uma visão de futuro para a próxima década, com a qual a comunidade académica se identifique”. No domínio dos recursos humanos, António Belo destaca o planeamento e desenvolvimento das carreiras de docentes e de pessoal técnico, administrativo e de gestão, assumindo “uma estratégia de equilíbrio, transparência e rigor nas oportunidades de progressão”.
A modernização da estrutura organizacional passa pela descentralização dos serviços centrais, reforçando a autonomia das unidades e promovendo “serviços de proximidade e com qualidade para toda a comunidade”. Outra das prioridades do Presidente é a modernização das infraestruturas tecnológicas, considerada essencial para garantir um serviço de qualidade, promover a digitalização dos processos e atender às atuais exigências de eficiência energética e sustentabilidade. Por último, António Belo planeia definir um plano estratégico de comunicação que integre a comunidade académica e fortaleça a identidade do IPL.

Unidos pela transformação: Vice-Presidências, Pró-Presidências e FAIPL reforçam compromisso com o futuro do ensino superior no IPL
No Instituto Politécnico de Lisboa, Vice-Presidências, Pró-Presidências e a Federação Académica (FAIPL) trabalham em conjunto para responder aos desafios do ensino superior. Com foco na responsabilidade social, sustentabilidade, inovação, modernização administrativa, qualificação da oferta formativa e representação estudantil, este esforço coordenado demonstra um compromisso claro com a melhoria da experiência académica e da gestão institucional. Nesta entrevista, são apresentadas as iniciativas que têm sido desenvolvidas para transformar o IPL.
O Instituto Politécnico de Lisboa considera a inovação pedagógica e a mobilidade internacional essenciais para o sucesso dos seus estudantes. Neste sentido, quais são as principais iniciativas que a Vice-Presidência para os Académicos, Inovação Pedagógica, Qualidade e Erasmus+ está a desenvolver para promover o progresso académico e a internacionalização?

O IPL orienta a sua atuação no apoio aos estudantes, na inovação pedagógica e na diversificação da oferta formativa, a nível nacional e internacional. O apoio aos estudantes tem sido reforçado com expansão dos serviços de saúde mental e iniciativas de integração académica. Estão também a ser implementadas medidas de inclusão, com atenção às necessidades educativas específicas, bolsas de estudo e programas de apoio social, promovendo condições equitativas de acesso e sucesso académico. No âmbito de uma cultura de inovação pedagógica, destaca-se a criação do Centro de Inovação Pedagógica, dedicado à formação, ao desenvolvimento e experimentação de metodologias centradas no estudante, como a aprendizagem ativa, baseada em problemas e projetos, orientadas para o desenvolvimento de competências transversais. A diversificação da oferta formativa responde aos desafios de uma sociedade em constante transformação, com novos cursos, microcredenciais, programas doutorais interdisciplinares e percursos flexíveis. Em articulação com a U!REKA European University Alliance, têm sido desenvolvidos programas conjuntos e duplas titulações, reforçando o posicionamento internacional do IPL e promovendo uma formação de excelência, inovadora, inclusiva e alinhada com os desafios atuais.
A atuação da Vice-Presidência para a Comunidade IPL tem procurado fortalecer a ligação entre a instituição e a sociedade, providenciando o compromisso e consciência institucional. Em que consistem os princípios de sustentabilidade e responsabilidade social integrados nos programas e práticas desta instituição?

a Comunidade IPL,
Sustentabilidade e
Responsabilidade Social
Enquanto instituição de ensino superior de referência, o Politécnico de Lisboa está empenhado em contribuir para a evolução de uma sociedade sustentável, livre, justa, solidária e tolerante, caracterizada pelo respeito pela humanidade e ambiente natural. O IPL reúne uma combinação singular de competências nas áreas da educação, da investigação científica e artística, da responsabilidade social e da promoção de uma cidadania ativa e responsável, integrando de forma holística na sua atuação a Agenda 2030 para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Com as nossas Escolas, e no âmbito da U!REKA European University Alliance, temos cursos que promovem a literacia na área da sustentabilidade e desenvolvemos ações de sensibilização na comunidade que disseminam boas práticas para o desenvolvimento sustentável. Temos reconhecido e premiado o ensino, a investigação transdisciplinar e o empreendedorismo, em temas relacionados com os ODS. Pretendemos manter o reconhecimento das boas práticas ambientais, investir no trabalho em rede e em parcerias, e na requalificação de infraestruturas e mobilidade para maior eficiência energética. Os valores de responsabilidade social permeiam a nossa comunidade através da promoção do equilíbrio entre a vida profissional, familiar e pessoal, e o desenvolvimento profissional. A adoção de horários do trabalho flexíveis e regime de teletrabalho facultativo, ou o investimento no aumento da capacidade de alojamento de estudantes, são disso exemplos.
O setor do ensino superior tem enfrentado mudanças significativas nos últimos anos, exigindo uma adaptação contínua ao nível da gestão financeira e da prestação de serviços técnicos. Que propostas tem a Vice-Presidência para responder a estes desafios?

a Gestão Financeira e Serviços Técnicos
Os desafios são crescentes no Ensino Superior, o que nos obriga a repensar em medidas estratégicas, no entanto há dois aspetos que merecem particular destaque: a transparência e o planeamento. A transparência é um dos fatores com maior peso na nossa gestão, nomeadamente apresentar relatórios periódicos de desempenho financeiro e orçamental disponibilizados à comunidade; consolidar os planos institucionais no âmbito do Regime Geral de Prevenção da Corrupção, canais de denúncias, controlo de riscos, reforço do controlo interno por meio dos manuais de procedimentos. Outro fator relevante é o planeamento, o IPL tem de saber claramente quais são os seus objetivos a médio e longo prazo. Nesse sentido, é importante desenvolver um plano estratégico plurianual que defina metas claras para a sustentabilidade financeira, nomeadamente a diversificação de fontes de financiamento e de parcerias estratégicas (projetos de investigação financiados por fundos nacionais e europeus, aumento da captação de estudantes internacionais e aumento de receita própria). Intensificar os protocolos, parcerias estratégicas, acordos, convénios, bem como a modernização dos sistemas de informação (automatização e desmaterialização de processos administrativos).
A Vice-Presidência para a Investigação e Criação Artística, Empreendedorismo e Internacionalização tem como missão promover a inovação e a projeção do Instituto Politécnico de Lisboa nas áreas científicas, artísticas e empresariais. De que forma são apoiadas as iniciativas que cruzam a investigação, a criação artística e o empreendedorismo?

Vice-Presidente
para a Investigação
e Criação Artística,
Empreendedorismo e Internacionalização
Apoiamos de forma articulada as iniciativas que cruzam investigação, criação artística e empreendedorismo, através de um conjunto integrado de mecanismos estratégicos, com destaque para os concursos de projetos de investigação e criação artística, os quais abrangem desde a produção científica até à criação artística, frequentemente em articulação com desafios reais da sociedade e do setor produtivo. Destaca-se ainda dinamização de projetos com forte componente de inovação e os programas de estímulo à criatividade e à transferência de conhecimento, como a Academia de Inovação, Criatividade e Empreendedorismo (ACE). Um fator essencial para o sucesso da internacionalização do IPL é a sua participação no consórcio internacional U!REKA (Urban Research and Education Knowledge Alliance), que reúne instituições de ensino superior europeias orientadas para a prática e para o envolvimento com os contextos urbanos e sociais. Através da U!REKA, o IPL integra redes de ensino, investigação aplicada, criação artística colaborativa e empreendedorismo cívico, beneficiando de sinergias internacionais, partilha de boas práticas e acesso a projetos conjuntos que reforçam a sua capacidade de intervenção local e global. Esta colaboração internacional contribui decisivamente para a qualificação das iniciativas interdisciplinares, a projeção internacional da produção científica e artística, e o desenvolvimento de soluções inovadoras com impacto social e económico.
A inovação e a modernização administrativa são indispensáveis para otimizar os processos internos de qualquer instituição e, consequentemente, melhorar o seu funcionamento. Que soluções administrativas “inovadoras e modernas” estão a ser consideradas para assegurar uma gestão mais eficiente e alinhada com as exigências educativas?

Pró-Presidente para a Inovação e Modernização
Administrativa
A inovação e a modernização administrativa no IPL são prioridades estratégicas, orientadas para a promoção da eficiência, da transparência e da qualidade dos serviços, procurando responder não apenas às exigências educativas, mas também às exigências inerentes à investigação e desenvolvimento, à transferência de tecnologia, e às muitas outras atividades e compromissos institucionais do IPL. Demos início a um processo de escuta ativa das equipas, mapeamento de processos e identificação de oportunidades de melhoria. Em paralelo, estamos a avaliar soluções tecnológicas que possibilitem a digitalização de procedimentos, a automatização de tarefas e a simplificação administrativa, com o objetivo de tornar a gestão mais ágil, integrada e eficaz. Reconhecemos que modernizar não significa apenas adotar tecnologia, mas também transformar práticas estabelecidas. Por isso, esta mudança está a ser conduzida de forma participativa e sustentada, com um compromisso firme com a eficiência, a qualidade e a transparência.
A Pró-Presidência para a Oferta Formativa de Cursos Técnicos Superiores Profissionais é fundamental para garantir que a oferta educativa do Instituto Politécnico de Lisboa se enquadra no mercado de trabalho e está de acordo com as expectativas dos estudantes. Quais são os critérios que orientam a atualização e a criação de novos Cursos Técnicos Superiores Profissionais?

Pró-Presidente para a Oferta Formativa de Cursos Técnicos Superiores
Profissionais
A inovação e a modernização da oferta formativa do IPL incluem, como prioridade estratégica, a oferta de Cursos Técnicos Superiores Profissionais. A criação de CTeSP, a par de ofertas formativas de 1.º, 2.º e 3.º ciclos é assumida como mais um dos desafios no âmbito da missão a que o IPL se propõe. Acresce, uma outra responsabilidade, colmatar uma lacuna na oferta formativa desta Instituição, com responsabilidade na formação de quadros altamente qualificados e com o perfil adequado às necessidades das entidades empregadoras, designadamente da região que fica na sua área de influência. Perspetiva-se, ainda, que os futuros titulares de um diploma de técnico superior profissional possam ingressar, posteriormente, nos ciclos de estudos de licenciatura das diferentes UO, concretizando a possibilidade de adquirir o respetivo grau académico. É perante este cenário que desencadeamos um processo de escuta ativa das equipas técnicas e dos dirigentes de algumas autarquias locais da margem norte da Área Metropolitana de Lisboa (AML), com o propósito de auscultar as necessidades formativas que os desafiam e perspetivar oportunidades, para, em conjunto, pensar a concretização de uma efetiva resposta formativa de nível 5. Neste processo, que necessariamente tem que ser de co-construção, pretende-se uma oferta formativa inovadora, mas, ao mesmo tempo, adequada às efetivas necessidades, pensada entre as instituições locais e as diferentes UO, que nas suas especificidades conferem ao IPL uma posição única como instituição de ensino superior na AML. Neste processo de modernização a que o IPL se desafia, importa ir mais além. Por isso, o desafio começa no diagnóstico, construído de forma participativa, a diferentes escalas, integrando as potencialidades e as fragilidades que em cada contexto nos são dadas a conhecer e assumindo o compromisso de que este será um projeto conjunto.
A Federação Académica do Politécnico de Lisboa (FAIPL) assume um papel fundamental na defesa dos direitos estudantis e na promoção da qualidade do ensino no Instituto Politécnico de Lisboa. Como tem sido aplicado o Regime Jurídico do Associativismo Jovem na sua ação junto das Associações de Estudantes?

Académica do Politécnico
de Lisboa
O Regime Jurídico do Associativismo Jovem (RJAJ) é um instrumento fundamental para a promoção da participação jovem, da cidadania ativa e dos valores da democracia. Reconhece o papel das Associações de Estudantes como estruturas legítimas de representação, intervenção e transformação social. A FAIPL tem promovido a sua aplicação através do apoio direto às AEs, da formação dos seus dirigentes e da partilha de boas práticas que garantem uma ação responsável, transparente e impactante. Trabalhamos para que o associativismo jovem seja cada vez mais capacitado e reconhecido. No contexto do Instituto Politécnico de Lisboa, esta missão tem sido reforçada por uma relação de proximidade e cooperação com a presidência e com as escolas. Aqui, a voz dos estudantes é ouvida, respeitada e valorizada. É neste ambiente de diálogo e compromisso que continuamos a construir um ensino superior mais justo, participado e centrado nos estudantes.