Hospital São João Baptista inaugura Centro de Atendimento Clínico e alarga serviços

No dia 1 de fevereiro de 2025, o concelho do Entroncamento passou a contar com um novo Centro de Atendimento Clínico (CAC), resultado da colaboração entre a Unidade Local de Saúde do Médio Tejo (ULS) e a Santa Casa da Misericórdia do Entroncamento. O Hospital São João Baptista (HSJB) pretende melhorar o atendimento a doentes não urgentes. Em entrevista, António Miguel, Provedor da Misericórdia, esclarece a importância deste projeto para o acesso aos serviços de saúde e menciona o salto qualitativo nos serviços do HSJB, com a formação de parcerias com entidades privadas, especializadas em diferentes áreas da saúde.

Perspetiva Atual: A Unidade Local de Saúde (ULS) e a Misericórdia do Entroncamento criaram um Centro de Atendimento Clínico para aliviar pressão nas urgências, tendo firmado o acordo a partir do dia 1 de fevereiro de 2025. Estamos perante uma iniciativa que, além de resultar da parceria entre o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o setor social, procura aliviar a pressão sobre os serviços de urgência hospitalares?

António Miguel: O novo Centro de Atendimento Clínico (CAC) é um exemplo notável de como o setor social pode complementar eficazmente o SNS. Esta parceria visa aliviar a pressão sobre as urgências hospitalares, em doentes não urgentes, assegurando uma resposta mais célere e eficiente às necessidades da população da região. Trata-se de uma solução concreta para um desafio existente nacional: a redução dos tempos de espera, aumento da capacidade de resposta do SNS e o reforço da acessibilidade aos cuidados de saúde. A complementaridade entre o SNS e o HSJB já existe em diversas especialidades, exames e cirurgias; temos acordos celebrados em diversas áreas que dão resposta não só na região, como a nível nacional. O CAC, e este reforço com a ULS Médio Tejo, surge como mais uma prova que esta complementaridade entre Social/SNS tem tudo para resultar, podendo inclusive ser esta a possível solução para os problemas existentes no nosso Serviço Nacional de Saúde.

“Embora sediado no Entroncamento, o Hospital São João Baptista tem um papel que vai muito além das fronteiras concelhias”

PA: O Hospital S. João Baptista (HSJB) encontra-se alinhado com os valores da Santa Casa da Misericórdia. De que forma esta instituição garante que todos os profissionais envolvidos seguem esses princípios no exercício da Medicina?

AM: No HSJB, os valores da Santa Casa: Justiça, Ética, Solidariedade, Equidade e Qualidade – são pilares do trabalho diário. A instituição garante que estes princípios são transversalmente respeitados através de uma cultura organizacional, onde cada profissional é incentivado a exercer as suas funções com empatia, rigor e, acima de tudo, sentido de missão. Este compromisso com o bem-estar do utente está no centro da prestação de cuidados, seja no Hospital, ou em qualquer outra resposta da SCME.

PA: Na área da Cardiologia, o HSJB desenvolve a sua atividade em colaboração com a UCARDIO, sendo esta unidade coordenada por Jorge Guardado. Já na área da Medicina Dentária, foi estabelecida uma parceria com a Oral Project. Esta união possibilitou um aumento na capacidade de resposta, não só ao nível das consultas, como também na disponibilização de serviços como a Cirurgia Oral, a Implantologia ou a Ortodontia?

AM: As parcerias estratégicas têm sido fundamentais para ampliar a capacidade de resposta do HSJB. A colaboração com a UCARDIO, coordenada pelo Dr. Jorge Guardado, trouxe mais eficiência e diferenciação na área da Cardiologia. Estes parceiros são uma referência nesta área e esta ligação permitiu não só aumentar a capacidade de resposta, em consulta e exames, como representou um salto qualitativo no serviço, assegurando uma resposta mais eficaz e especializada, suportada por uma equipa de elevado mérito técnico e clínico.

Já na Medicina Dentária, a ligação com a Oral Project, igualmente uma referência nesta área, permitiu alargar a oferta clínica, incluindo áreas de intervenção diferenciadas como a Cirurgia Oral, a Dentisteria, a Endodontia, a Implantologia, a Odontopediatria, Ortodontia, a Periodontologia, não esquecendo os serviços diferenciados que veio trazer, como recursos radiológicos (incluindo TAC), o invisalign, até mesmo a sedação consciente, em crianças e adultos.

As parcerias com entidades privadas permitem-nos disponibilizar respostas e cuidados mais atualizados aos nossos utentes, aceder a especialistas de referência, reforçar o corpo clínico e ampliar, de forma sustentada, a capacidade de resposta e a oferta do Hospital.

PA: O Serviço de Medicina Física e de Reabilitação conta com a colaboração de mais de duas dezenas de profissionais, contemplando as vertentes da Fisiatria, Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Terapia da Fala. Qualquer utente que recorra a este serviço pode realizar exames de raio-x no momento da consulta, evitando novas deslocações? Que outros benefícios oferece aos utentes?

AM: A área de Medicina Física e de Reabilitação é dos serviços mais antigos e mais procurados neste Hospital. Sem dúvida que se destaca pelo seu modelo multidisciplinar, que envolve todos os profissionais referidos e, um dos grandes benefícios para os utentes, é a possibilidade de realização de exames complementares, nomeadamente o raio-x, no próprio dia da consulta, evitando assim deslocações desnecessárias e agilizando os tratamentos. A resposta integrada e centrada no utente torna este serviço uma referência a nível regional. A parceria que surgiu com a Gestos Coesos, à semelhança das referidas anteriormente, veio igualmente aumentar a capacidade de resposta do serviço. A lista de espera para os tratamentos de fisioterapia, através do SNS, ascendia os 18 meses e ficou reduzida significativamente com este reforço de equipa e de profissionais especializados.

Também no âmbito da Imagiologia, o acesso a exames tem vindo a ser facilitado. A parceria com a Abranclínica permite a realização de exames de TAC, protocolados com o SNS, tornando-se este também um importante aliado do HSJB, no combate às listas de espera, neste tipo de diagnóstico. Esta articulação, ainda que em espaços distintos, reforça igualmente o compromisso do HSJB em oferecer uma resposta clínica célere, completa e centrada no utente.

PA: Associado à Santa Casa da Misericórdia, o Hospital S. João Baptista lida com uma grande diversidade de casos e pacientes. Como são adaptados os cuidados de saúde, consoante as diferentes necessidades dos utentes? Acredita que o atendimento é, cada vez mais, humanizado?

AM: A diversidade dos utentes que acompanhamos, seja no Hospital, nos nossos lares ou nos Cuidados Continuados, exige uma atenção constante à individualização do cuidado. Acreditamos que a verdadeira diferenciação se faz através da humanização, valorizando a pessoa em todas as suas dimensões. Em qualquer resposta que prestamos somos, em primeiro lugar, uma Misericórdia, pelo que os valores e a Missão devem estar profundamente enraizados e definidos no cuidado ao próximo. Cada utente é único, e a nossa resposta adapta-se, respeitando a sua história, as suas necessidades, quer clínicas e quer sociais, e o seu contexto familiar. Mais do que prestar cuidados, procuramos criar relações de confiança e promover o bem-estar.

PA: Efetivamente, a segurança e a qualidade do atendimento aos pacientes são prioridades em qualquer instituição de saúde. No HSJB, o investimento em tecnologia tem sido uma ferramenta de prevenção fundamental na saúde dos utentes?

AM: Um dos maiores desafios no setor social é investir sem que isso afete a sustentabilidade institucional. O investimento em tecnologia é fundamental na estratégia da atual administração e, para isso, temos contado com o apoio de parceiros privados na modernização dos equipamentos e, conforme vai sendo possível, investir nos sistemas de informação de forma a para reforçar a segurança clínica, prevenir riscos e melhorar os resultados em saúde. Havendo sempre um equilíbrio entre a sustentabilidade, o investimento possível e qualidade dos serviços prestados, sendo que nenhum destes pilares poderá ficar comprometido em detrimento do outro.

“Cada utente é único, e a nossa resposta adapta-se, respeitando a sua história, as suas necessidades, quer clínicas e quer sociais, e o seu contexto familiar”

PA: Qual é a importância do legado da Santa Casa da Misericórdia no setor da saúde? Que ligação existe entre a saúde, o Hospital e a comunidade?

AM: O legado da Santa Casa da Misericórdia no setor da saúde reflete-se diariamente no trabalho próximo e contínuo junto da comunidade. No HSJB, acolhemos e acompanhamos mais de uma centena de utentes todos os dias, sempre com foco na qualidade, na proximidade e na humanização do cuidado. Esta ligação à comunidade estende-se muito para além das paredes do hospital. Ao longo do ano, promovemos várias campanhas de sensibilização, informação e prevenção, em parceria com os nossos aliados na área da saúde. O “Março – Mês da Saúde Oral”, com a Oral Project, ou o “Dia do Coração”, em Maio, com a UCARDIO, são exemplos de iniciativas que pretendem alertar para a importância da prevenção e da mudança de comportamentos. A “Vila Saúde”, cuja IV edição acontece este ano, é igualmente um momento de partilha e acesso gratuito a cuidados e rastreios, com o envolvimento de todos os parceiros. Através destas ações, cumprimos a nossa missão que passa igualmente por estar ao lado da comunidade.

PA: Por último, qual é a relevância do Hospital S. João Baptista, para além da região do Entroncamento, considerando o acesso aos cuidados de saúde?

AM: Embora sediado no Entroncamento, o Hospital São João Baptista tem um papel que vai muito além das fronteiras concelhias. O seu contributo para o sistema de saúde nacional, quer através da complementaridade com a ULS Médio Tejo, do SIGIC (programa especial de combate às listas de espera para cirurgia) e dos inúmeros acordos de cooperação com o SNS, quer para exames quer para tratamento, é uma demonstração clara de como a cooperação e o espírito de missão podem transformar o acesso à saúde em Portugal.

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