Utentes da Mealhada têm acesso a cuidados de proximidade e a listas de espera reduzidas

Com praticamente 19 anos de atividade, o Hospital Misericórdia da Mealhada (HMM) disponibiliza serviços centrados nas pessoas e tem colaborado com o SNS na redução das listas de espera, nas áreas da cirurgia, consultas de especialidade e exames de diagnóstico. João Peres, Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, realça o impacto significativo dessas iniciativas na qualidade de vida dos utentes.

Perspetiva Atual: O Hospital Misericórdia da Mealhada é hoje um hospital moderno, com um corpo clínico alargado e valências diversificadas. Que papel desempenha no contexto da saúde local?

João Peres: No Hospital Misericórdia da Mealhada, acreditamos que cuidar vai além de tratar doenças: é estar presente, escutar e promover o bem-estar integral. Esta visão concretiza-se numa prática clínica exigente e profundamente humanizada. Em 2022, este compromisso foi reconhecido pelo Sistema Nacional de Avaliação em Saúde (SINAS), que confirmou o cumprimento de todos os parâmetros mínimos de qualidade, incluindo Excelência Clínica (em ortopedia), Segurança do Doente, Satisfação e Conforto do Cliente. O HMM integrou também o projeto-piloto da Entidade Reguladora da Saúde para o novo Modelo de Supervisão pelo Risco, que avalia a qualidade global com base em dados clínicos, organizacionais e de desempenho. Participámos ativamente e os resultados colocaram-nos acima da média nacional em várias dimensões. Estes reconhecimentos são motivo de orgulho e motivam-nos a manter uma prática próxima, ética, tecnicamente sólida e centrada na dignidade de quem nos procura.

PA: O HMM tem vindo a disponibilizar cada vez mais serviços, com destaque para o “Atendimento de Proximidade”. Essa abordagem, alargada, tem impactado positivamente o atendimento aos utentes?

JP: O HMM tem vindo a afirmar-se como um polo de saúde de proximidade para toda a região da Bairrada, proporcionando um acesso mais rápido, cómodo e humanizado a cuidados médicos de qualidade. As consultas externas, os exames complementares de diagnóstico e os procedimentos cirúrgicos realizados no HMM evitam deslocações longas e demoras associadas a outras unidades, reduzindo significativamente os tempos de espera em várias especialidades. Além disso, ao funcionar de forma integrada com outros serviços da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, o Hospital permite respostas coordenadas, nomeadamente no seguimento de alta hospitalar, na reabilitação e nos cuidados continuados, assegurando uma verdadeira continuidade de cuidados. Esta articulação contribui para um impacto positivo e direto na vida da comunidade local e regional.

PA: Esta instituição quer prestar mais cuidados do Serviço Nacional de Saúde (SNS). As parcerias com o SNS contribuem para a coesão social e garantem um serviço de saúde mais próximo?

JP: O HMM adota um modelo de gestão de proximidade, orientado pela Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, que conjuga sustentabilidade económica com uma visão humanista dos cuidados de saúde. A gestão eficiente dos recursos permite valorizar os profissionais, garantir boas condições de trabalho, investir em formação e assegurar estabilidade laboral. Esta estrutura, não dependente exclusivamente do financiamento público, permite uma atuação mais ágil e ajustada às necessidades da população. Conhecemos o território, ouvimos os profissionais e a comunidade, e estamos disponíveis para assumir mais compromissos com o SNS, porque acreditamos que isso beneficia todos — cidadãos, profissionais e o próprio sistema de saúde.

PA: O HMM integra, desde o início do ano de 2007, a lista dos hospitais que aderiram ao Sistema Integrado de Gestão de Inscritos em Cirurgia (SIGIC). Para ajudar a combater as listas de espera, através do SIGIC, o HMM já operou milhares de utentes nas mais diversas especialidades. Com este sistema, abrem-se “novas portas” no setor da saúde?

JP: O SIGIC tem sido essencial para encurtar significativamente os tempos de espera em várias áreas cirúrgicas a milhares de pessoas. O HMM utiliza os seus recursos instalados e o conhecimento acumulado para responder de forma célere e eficaz nas especialidades de Ortopedia, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Urologia, Cirurgia Geral e Cirurgia Vascular — áreas onde temos equipas experientes, circuitos eficientes e resultados clínicos de excelência. O SIGIC tem também sido um motor de investimento contínuo na segurança do doente, em tecnologia avançada e na melhoria das nossas instalações, garantindo um ambiente de cuidados centrado na pessoa, com acompanhamento próximo e humanizado. Acreditamos que esta capacidade instalada — já validada pela experiência — deveria ser mais bem aproveitada, tanto pelo SNS como por outros seguros (Advancecare, Médis e Multicare) e subsistemas de saúde, como a ADSE, SAD e ADM, com os quais temos vindo a aprofundar acordos. Estamos plenamente disponíveis para assumir mais compromissos, em benefício dos cidadãos, dos profissionais e do sistema de saúde.

PA: Por outro lado, as consultas de especialidade, no âmbito da Consulta a Tempo e Horas (CTH), pretendem oferecer, o acesso mais rápido a consultas de especialidade hospitalar. A eficácia desta resposta tem sido observada no acesso às consultas? Será que também ajuda na gestão de cirurgias?

JP: A adesão do HMM ao CTH tem sido um passo importante para melhorar o acesso dos cidadãos a consultas de especialidade hospitalar. Através do acordo com o SNS, centros de saúde da região, como os da Mealhada, Anadia, Oliveira do Bairro e Cantanhede, podem referenciar diretamente para as nossas especialidades, encurtando tempos de espera e garantindo o respeito pelos critérios de prioridade clínica. Esta agilidade tem facilitado diagnósticos rápidos e melhorado a programação das intervenções cirúrgicas, beneficiando tanto os clientes, que têm acompanhamento atempado, quanto o sistema de saúde, que ganha eficácia. A experiência tem sido positiva, com clientes e médicos de família satisfeitos. Contudo, a gestão política e administrativa do acordo tem sido difícil, e lamentamos, em nome dos nossos utentes, a resistência em contratualizar mais amplamente com o HMM.

PA: O Serviço de Medicina Física e de Reabilitação do HMM procura responder à crescente necessidade de tratamentos na área da reabilitação. Quais são os benefícios, não só no envelhecimento da população, mas também noutras patologias?

JP: O Serviço de Medicina Física e de Reabilitação (MFR) do HMM tem um papel essencial na promoção da autonomia e qualidade de vida, especialmente no envelhecimento, mas também em patologias neurológicas, ortopédicas e cardiovasculares. Apesar do subfinanciamento pelo SNS, o HMM garante uma resposta robusta, com consultas especializadas, programas individualizados e apoio no internamento e pós-operatório. Para reforçar esta área, foi criada, em 2019, a clínica Statherapy, uma unidade especializada em fisioterapia e reabilitação, com uma abordagem holística e personalizada. A Statherapy diferencia-se pela integração do plano clínico com o bem-estar e o estilo de vida dos clientes, disponibilizando, por exemplo, consultas de Nutrição e Psicologia bem como acompanhamento na área da Terapia familiar, Sexologia clínica, orientação nos Métodos de Estudo e Aprendizagem, entre outros. Sabemos que a saúde física passa pelo equilíbrio holístico da pessoa e queremos contribuir para esse objetivo.

PA: Em contexto de investigação, que projetos se encontram em curso e para que tipo de tratamentos? Existem dificuldades a serem superadas pelo Hospital?

JP: O HMM não tem, atualmente, como prioridade a investigação clínica tradicional, pois o foco está na resposta às necessidades mais prevalentes da população. Contudo, o nosso modelo, assente numa rede de especialistas oriundos de hospitais de excelência, assegura que a prática clínica incorpora os avanços científicos mais recentes. Apostamos fortemente na inovação, na adoção de boas práticas baseadas na evidência e na utilização de equipamentos modernos que tornam os cuidados mais rápidos, eficazes e seguros. Esta estratégia é exigente em termos de sustentabilidade económica, mas gerida com responsabilidade e visão de longo prazo. A inovação, para nós, é menos sobre grandes projetos laboratoriais e mais sobre o que se traduz, todos os dias, na vida real dos nossos clientes: processos mais eficientes, equipas mais preparadas e respostas de saúde mais completas. É essa a nossa prioridade. Exemplo disso é o projeto SafeCaring, que integra tecnologia para reforçar a segurança dos cuidados. O HMM contribui para o consórcio com a sua experiência em boas práticas de enfermagem e gestão clínica, reforçando o nosso compromisso com a qualidade.

PA: A formação contínua do corpo clínico é outro fator essencial que assegura a excelência no cuidado dos utentes. De que modo o hospital promove a capacitação dos seus profissionais?

JP: A excelência dos cuidados no Hospital Misericórdia da Mealhada começa na qualificação das suas equipas. A formação contínua é, por isso, uma prioridade assumida, com programas estruturados como o Programa de Treino de Competências, que desenvolve aptidões técnicas, humanas e comunicacionais fundamentais para um atendimento seguro, personalizado e centrado no cliente. Este esforço vai além da componente técnica: promove também a melhoria das práticas relacionais e reforça a cultura de cuidado humanizado. Incentivamos ainda cada profissional a investir no seu próprio desenvolvimento, proporcionando condições que fazem da aprendizagem um processo contínuo e partilhado. Trabalhando num hospital privado com missão social, procuramos profissionais com sentido ético, responsabilidade e dedicação às pessoas. A sustentabilidade que procuramos não tem fins lucrativos, mas permite reinvestir na qualidade dos cuidados e na valorização dos colaboradores. Neste caminho, a formação contínua é não só uma ferramenta de excelência clínica, mas também uma expressão dos nossos valores: ética, compromisso, competência e humanismo.

PA: Quais são os planos futuros do Hospital Misericórdia da Mealhada para melhorar os serviços de saúde e as infraestruturas da instituição?

JP: O HMM quer continuar a evoluir para responder com qualidade e humanidade às necessidades reais da população, cada vez mais exigentes. Estamos a tornar-nos uma estrutura mais leve, acolhedora e eficaz, com tecnologia de ponta que permite diagnósticos rápidos, tratamentos eficazes e maior humanização. Apostamos numa gestão inovadora e numa cultura de melhoria contínua, valorizando os profissionais e promovendo o acesso a cuidados de qualidade a preços justos. Num contexto competitivo, diferenciamos-nos pelo foco na saúde social e pela resposta ao contexto económico das pessoas. Queremos ser mais do que um hospital: um verdadeiro pilar de apoio à comunidade.

Administração HMM
Provedor da SCMM
João Baptista Moreira Peres, lidera a Santa Casa da
Misericórdia da Mealhada como Provedor há 24 anos.
Em dezembro de 2024, foi reeleito para um novo
mandato de quatro anos, continuando o seu trabalho
à frente da instituição com plena dedicação e altruísmo.
Direção Clínica
Dr. Aloísio Leão
Direção de Enfermagem
Enf. Ana Carina Soares

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