Miguel Castelo-Branco, Presidente da Faculdade de Ciências da Saúde da UBI e Coordenador e Presidente do Conselho Diretivo do Centro Académico Clínico das Beiras

Telemedicina no Centro Académico Clínico das Beiras

No âmbito do Centro Académico Clínico das Beiras, estão em curso diversos projetos envolvendo a telemonitorização de doenças crónicas – hipertensão, diabetes, insuficiência cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crónica, entre outras.  

Assentes na demonstração já efetuada noutros estudos, que mostram que estes processos têm resultados favoráveis quando incluídos no processo de seguimento dos doentes, resultando em menos complicações, menos idas ao serviço de urgência e menos internamentos, os projetos incluem a telemonitorização no seguimento de doentes como parte do processo de cuidados. 

Os projetos em curso visam a integração da telemonitorização no contínuo dos cuidados, procurando identificar o ponto de equilíbrio entre o componente à distância e o componente presencial. De facto, a telemonitorização e a teleconsulta permitem melhorar o acesso dos doentes ao sistema, aumentar a vigilância e a deteção de alterações e, em consequência, intervir precocemente, mas não pretendem eliminar o contato pessoa a pessoa, pretendem, particularmente, tornar o sistema mais eficiente.  

Em alguns dos projetos procura-se juntar informação sobre os aspetos atmosféricos que podem interferir, permitindo antecipação em tempo real das condições que podem prejudicar a evolução da doença e que podem determinar medidas adicionais de redução do risco. Um exemplo é um projeto em co-promoção com a empresa Hope-Care que envolve a Universidade da Beira Interior a ULS da Guarda, o Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira e o ACES da Cova da Beira, membros do Centro Académico Clínico, que conjuga a telemonitorização dos aspetos relacionados como o doente com Bronquite Crónica, e envolve uma equipa de profissionais de saúde, engenheiros informáticos e de sistemas, investigadores de inteligência artificial e de sensores. 

Um outro aspeto em desenvolvimento é a utilização de informação inserida pelo doente, através das aplicações móveis, que permite juntar um outro componente, a auto perceção sobre a evolução e o bem-estar em cada momento. Este tipo de informação, que pretende aumentar o papel do doente no processo de cuidados e centrá-lo no doente, permite um complemento muito importante e que só a utilização de sistemas como os atuais permite. Os PROM (Patient Related Outcome Measures) disponibilizam informação adicional da maior relevância e a sua inclusão no processo clínico do doente permite criar dados que ajudam a orientar a estratégia terapêutica quando conjugados com os dados de seguimento obtidos de outras fontes. 

O Centro Académico Clínico das Beiras tem tido uma atividade significativa em telemedicina, conjugando a formação pós-graduada e graduada em telemedicina com o desenvolvimento de sensores, sistemas de comunicação, algoritmos, inteligência artificial e com a aplicação dos processos depois de validados pelas autoridades competentes. 

Alguns destes projetos contaram com a colaboração do C2ICB, Centro de Coordenação da Investigação Clínica das Beiras, na organização e estruturação dos projetos. 

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