Os profissionais do futuro de um dos setores económicos de maior crescimento em Portugal

Um ano após assumir a presidência da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, Carlos Brandão faz um balanço positivo das mudanças implementadas no primeiro ano de mandato. Desde o desenvolvimento de estratégias focadas nas pessoas até a promoção de incentivos para os estudantes, a atual direção tem conseguido atingir objetivos importantes. Em entrevista à Perspetiva Atual, Carlos Brandão destaca a importância da adaptação constante dos processos de ensino ao mundo atual, de modo a garantir a formação de qualidade dos estudantes.

Perspetiva Atual: Há precisamente um ano, em abril de 2022, assumiu a presidência da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE). Qual é o balanço que faz deste primeiro ano como presidente?

Carlos Brandão: O balanço que faço deste primeiro ano é muito positivo, pois conseguimos atingir objetivos importantes para o início de mandato.  Temos uma grande preocupação em desenvolver estratégias e práticas focadas nas pessoas, e apostamos em formas de trabalho mais flexíveis. Iniciámos um processo de reestruturação dos serviços administrativos e de gestão, foi implementado e regulamentado um sistema de horário flexível, bem como o acesso ao teletrabalho.

Foram promovidas melhorias ao nível dos procedimentos, nomeadamente com a automação de alguns processos que consumiam muitas horas de trabalho e conseguimos prever, a curto prazo, a adaptação e a digitalização de processos, e a formação e desenvolvimento de novas competências técnicas nos nossos colaboradores.

Em relação ao corpo docente, iniciámos processos com vista à definição e aplicação de ferramentas de gestão organizacional, nomeadamente o controlo da assiduidade e pontualidade. Crucial foi, também, o reforço do apoio à participação dos docentes em eventos científicos, bem como a melhoria das condições de trabalho em ambiente académico com a criação de um espaço de coworking com computadores, copa e sala de reuniões. No âmbito da investigação, foi criado um gabinete de apoio a projetos, tendo sido completamente renovada uma sala dedicada e dotada de boas condições de trabalho.

Porque os estudantes são uma das nossas prioridades, foram criados incentivos e medidas de apoio às suas iniciativas, por forma a fomentar o envolvimento e participação na vida académica. Outrossim, porque compreendemos que o apoio psicológico é fundamental ao bem-estar psicológico do indivíduo, já que promove um equilíbrio emocional, promovemos o acesso a consultas de psicologia gratuitas que possam contribuir para o desenvolvimento de estratégias para lidar melhor com os desafios inerentes à adaptação ao ensino superior e à integração na vida académica.

Foram igualmente conseguidas melhorias muito significativas ao nível da qualidade das salas de aulas.

PA: No ano passado, em julho, referiu vários dos seus objetivos enquanto presidente, sendo um deles a diversificação das áreas do saber e da oferta formativa da escola. Neste novo ano letivo já têm novidades para apresentar?

CB: Iremos apresentar duas novas licenciaturas, uma em Gestão de Atividades Turísticas e outra em Marketing e Comunicação no Turismo, bem como um mestrado em Planeamento e Gestão em Turismo. Irão surgir também novas pós-graduações, cursos CTeSP na área da restauração, e uma oferta muito diversificada no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Estão, neste momento, em curso os respetivos procedimentos administrativos.

PA: A indústria do turismo e hotelaria é uma área que necessita de muita mão de obra e cada vez mais qualificada. Qual a relação que a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril possibilita que os seus alunos tenham com a indústria, ainda antes de terminar os estudos, de modo a facilitar a sua entrada para o mercado de trabalho?

CB: No campo da educação (formação), porque os estudantes ESTHE são o nosso capital mais precioso, vemos como necessário fazer uma clara aposta na promoção da qualidade do ensino, dotando a ESHTE de mecanismos que vão muito para além do cumprimento de regras e de sistemas de gestão. As características únicas, e o capital de crédito de excelência do ensino da ESHTE ao nível nacional, com ligações diretas ao mercado de trabalho, com reconhecimento externo, garantem-nos a projeção ao nível nacional e a vanguarda do que melhor se faz internacionalmente. Os cursos lecionados na ESHTE têm uma grande componente prática que se traduz em estágios, no país e no estrangeiro, através de protocolos estabelecidos com os mais prestigiados hotéis ou cadeias hoteleiras, bem como outras empresas do Turismo.

Faz parte da estrutura curricular das licenciaturas, a realização de dois estágios por curso. A ESHTE promove e apoia muitas iniciativas, de contacto e de abertura aos stakeholders, tais como seminários e workshops. Por outro lado, a ESHTE promove a aproximação dos estudantes e ex-estudantes ao mercado de trabalho, nomeadamente através de plataformas de recrutamento nacionais e internacionais que apresentam propostas de emprego e de estágios de forma dinâmica e direcionada. De salientar o programa Poliempreende, promovido pelo Núcleo de Empreendedorismo e Dinamização Empresarial (NEDE) do Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação (CIDI), para além de incutir e estimular o empreendedorismo, visa sobretudo fomentar a criação de empresas baseadas no conhecimento, bem como proporcionar saídas profissionais, de preferência através da criação do próprio emprego.

PA: A diversidade cultural e étnica é uma realidade cada vez mais presente não só nestas áreas, como em todas. Como a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril prepara os seus alunos para lidar com a diversidade e conseguir responder às necessidades dos turistas, independentemente da sua origem?

CB: O Turismo no nosso país é dos setores económicos de crescimento mais rápido e um dos mais rentáveis. Para além de um imperativo de cidadania, a promoção da diversidade cultural e étnica é um fator de desenvolvimento sustentável, de competitividade e de criação de valor para uma organização. Sabemos que as organizações que apostem em estratégias com base nos valores da diversidade e da inclusão terão mais benefícios e serão mais competitivas. E são estes valores humanistas, a par de uma forte componente na área das Línguas que, inseridos nos conteúdos programáticos dos nossos cursos, são incutidos nos nossos estudantes em cadeiras como sejam, ética e Responsabilidade Social, Relações Interpessoais, Sociologia do Turismo, entre outras.

Para se assegurar a preparação de um futuro profissional da área do turismo e da hotelaria, tem de haver um esforço por parte das instituições de ensino no sentido de assegurar a excelência na formação e a ESHTE tem bastas provas dadas neste campo. Os recursos e os produtos turísticos de um país podem não ser suficientes para atrair consumidores. A qualidade do serviço prestado, essa, sim, é determinante para a criação de uma imagem positiva e diferenciadora do destino.

PA: Em julho de 2022, mencionou que a criação do novo consórcio Academia Internacional de Turismo (TIA) traria diversos benefícios para a escola, inclusive a integração de “outras entidades e estruturas vocacionadas para a investigação, inovação e prestação de serviços à comunidade”. Quais são os benefícios mais evidentes que se podem observar desde a abertura do TIA?

CB: De facto, no dia 16 de julho de 2019 foram lançadas as bases para o TIA – Tourism International Academy, no Estoril. O TIA incluiria a primeira Escola Internacional de Turismo no âmbito da Academia da Organização Mundial de Turismo (OMT) e seria este o primeiro de vários projetos que marcariam a requalificação do campus transformando-o no Tourism International Academy (TIA). Este consórcio, constituído no seguimento de uma aposta do Turismo de Portugal para a requalificação do espaço onde a ESHTE se insere, permitiria integrar também outras entidades e estruturas vocacionadas para a investigação, inovação e prestação de serviços à comunidade incluindo um Centro Tecnológico de Excelência com vista a incrementar a aposta de excelência no Turismo, Hotelaria e Restauração. Contudo, esse projeto, por questões alheias à ESHTE, ainda não se concretizou.

PA: Nessa época, tinha a internacionalização como um eixo estratégico do desenvolvimento da escola, também por a ESHTE tratar de áreas globais e a internacionalização da escola e dos alunos poder ser uma vantagem competitiva para os profissionais da área. Como é que a ESHTE está a investir nesta vertente?

CB: A ESHTE está fortemente empenhada na implementação de parcerias estratégicas em áreas de intervenção da escola ao nível nacional e internacional, académico e empresarial. Pretendemos contribuir para o desenvolvimento da nossa sociedade, especialmente através da difusão e transferência de conhecimento.

Por isso, temos vindo a apostar fortemente da divulgação da nossa oferta formativa, sobretudo no Brasil, com a participação no grande evento internacional que é o Salão do Estudante, que percorre várias capitais de estado brasileiras. Neste sentido, implementámos o estatuto do “estudante internacional”, que está a permitir acolher nos nossos cursos estudantes de vários países.

PA: Com o novo ano a bater à porta, quais são as expectativas e o que espera dos novos alunos?

CB: Dos estudantes esperamos sempre o melhor, pois representam o futuro do turismo. Mas sobretudo, o que desejamos que tragam é a motivação para estudar e participar nas atividades e na vida da comunidade ESHTE, de modo a desenvolverem competências que lhes permitam obter sucessos profissionais.

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