A trajetória e evolução do Instituto Politécnico de Castelo Branco

Fundado em 1980, o Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) assumiu como missão levar um ensino de qualidade ao interior do país, ajudando, assim, a combater desigualdades regionais que separam o interior das grandes cidades do litoral. A multidisciplinaridade do IPCB e a sua preparação para “competir e vencer” num mundo em constante mudança tem dado um contributo inegável ao desenvolvimento da região. Em conversa com a Perspetiva Atual, António Fernandes, Presidente do IPCB desde 2018, descreve a trajetória do Instituto nestes últimos anos.

Perspetiva Atual: Com os olhos postos no novo ano letivo, a Perspetiva Atual assumiu a missão de dar a conhecer a qualidade dos projetos de ensino de todo o país. Para que esta missão seja bem-sucedida é necessário apresentar os ideais, valores e objetivos de cada instituição. Seguindo esta linha de pensamento, poderia apresentar o Instituto Politécnico de Castelo Branco aos jovens que iniciam agora a busca pela “escolha certa” para dar continuidade à sua formação profissional?

António Fernandes, Presidente do IPCB

António Fernandes: Consideramos o Politécnico de Castelo Branco a escolha certa pela qualidade e diversidade da oferta formativa que a instituição disponibiliza e que abrange diversas e complementares áreas: as ciências agrárias e veterinárias; a enfermagem, fisioterapia e tecnologias de diagnóstico e terapêutica; o design e a música, incluindo a performance; as tecnologias e a informática; a educação e o desporto; e o direito, a gestão e o turismo.

A estes motivos acresce a qualidade de vida que a região proporciona, designadamente a cidade de Castelo Branco, com serviços ao nível de uma cidade europeia e baixo custo de vida. 

PA: Com a possibilidade de outorgar o grau de Doutor, o Instituto Politécnico de Castelo Branco decidiu adotar a designação “Polytechnic University”. De que forma é que a designação em inglês pode ser uma característica vantajosa para o ensino politécnico, especialmente para o IPCB?

AF: A adoção da designação de “Polytechnic University” promove a afirmação e reconhecimento internacional da instituição, e é demostrativa do reconhecimento do percurso internacional efetuado pelos politécnicos portugueses. Hoje, as instituições, onde se incluí o IPCB, têm um corpo docente predominantemente doutorado e com resultados concretos de investigação realizada e produção científica relevante publicada nas melhores revistas internacionais. Acresce que a utilização da designação em língua inglesa facilita a comunicação com entidades internacionais sempre que apresentamos o IPCB. Esta vantagem traduzir-se-á num ainda maior desenvolvimento da instituição na dimensão internacional. 

PA: Relativamente aos doutoramentos, o IPCB está já preparado para adicionar este nível à sua oferta formativa?

AF: Existem diversas áreas onde o IPCB tem resultados concretos tanto ao nível da investigação produzida como na divulgação da sua produção científica. Considero que a criação de redes com outras instituições de ensino superior que visem a elaboração e ministração conjunta de programas de doutoramento consubstanciar-se-á no caminho mais adequado.  A rede (grupo de instituições) deverá ter capacidade de investigação e capacidade coletiva para a elaboração de programas de doutoramento que contribuam eficazmente para o desenvolvimento e inovação dos territórios, junto de empresas e instituições, proporcionando a criação de ambientes de interface propícios ao desenvolvimento económico e social das regiões e do país. O IPCB está preparado para esse caminho e estamos presentemente a desenvolver ainda mais essas redes de cooperação.

PA: O IPCB vai investir mais de 5,84 milhões de euros para melhorar a qualidade energética e ambiental dos edifícios das escolas superiores de Tecnologia, Agrária e da Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias. Quais são os planos concretos para alcançar os resultados desejados?

AF: As ações a implementar são especificas para cada uma das três Escolas constituídas por vários edifícios. Em termos genéricos, está previsto a produção de energia elétrica a partir de painéis fotovoltaicos, a substituição de cobertura, o revestimento de alvenaria, a substituição de equipamentos de climatização e refrigeração, e a substituição de iluminação de tecnologia convencional por tecnologia LED. 

PA: No âmbito do programa “Governo mais Próximo”, o IPCB recebeu, no início deste ano, a visita da ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, que destacou a “multidisciplinariedade entre as áreas científicas” do Instituto. Como é que a comunidade do IPCB encara esta visita e elogio?

AF: Em primeiro lugar, foi um grande orgulho para toda a comunidade académica, poder receber a Senhora Ministra em duas visitas, a três Escolas do IPCB, durante o programa “Governo mais próximo”. De facto, nas visitas foi possível mostrar o IPCB e a sua elevada multidisciplinaridade entre áreas científicas com um largo conjunto de projetos apresentados, onde é notório o cruzamento das áreas do design com as engenharias, da música com as engenharias, da saúde com a tecnologia e eletrónica, etc.     

PA: Uma instituição de ensino superior localizada numa região do interior pode contribuir para o seu desenvolvimento social, cultural e até económico? De que forma é que o IPCB contribui para o crescimento de Castelo Branco?

AF: Ao longo dos anos, o IPCB tem reforçado a cooperação institucional e temos assistido a uma valorização contínua da instituição enquanto centro de ciência, tecnologia, inovação e competências que promove o estabelecimento profícuo de ligações ao tecido económico e social, procurando incentivar a participação de atores externos na vida da instituição e valorizando os docentes, os estudantes e os trabalhadores não docentes. Presentemente, são mais de 4500 estudantes, mais de 200 professores de carreira, mais de 150 professores que colaboram com a instituição em diferentes domínios e mais de 200 trabalhadores não docentes. O orçamento para 2023 superou os 25 milhões de euros, sendo, portanto, o impacto da presença da instituição na região muito relevante.

PA: Como descreve a trajetória do IPCB desde 2018, ano em que assumiu a presidência, até aos dias de hoje?

AF: Destaco, entre outros, a capacidade muito elevada de concretização das ações propostas no plano estratégico para 2019 – 2022 e também no plano estratégico para 2022-2026. Presentemente, o IPCB tem mais 800 estudantes comparativamente com o ano 2018, a par do reforço dos níveis de internacionalização e do aumento significativo de produção científica bem como a participação em projetos de investigação. É de destacar igualmente a substancial melhoria no posicionamento do IPCB nos rankings internacionais de produção científica.

A valorização da carreira do pessoal docente e não docente, com a abertura de concursos de admissão e de promoção a um ritmo que a Instituição desconhecia há mais de uma década, é outro importante resultado alcançado. Foi ainda possível retomar do apoio financeiro às estruturas estudantis.

Foi ainda possível promover a digitalização de processos, a renovação das estruturas informáticas e requalificação de instalações.

De um passado com um quadro orçamental muito difícil e com episódios recorrentes de pedidos de reforço orçamental no final de cada ano, onde se atingiram valores superiores a um milhão e meio de euros por ano, o IPCB desfruta atualmente de saúde financeira, com resultados concretos ao nível da utilização eficiente dos recursos e aumento da receita própria.

Apesar de a pandemia COVID-19 ter marcado imenso a segunda parte do primeiro mandato, obrigando a corrigir agendas e comprometendo a realização de imensas atividades, a pronta resposta do IPCB na adaptação a novos métodos de trabalho e de comunicação, provou ser uma instituição capaz e preparada para a mudança e progressiva modernização e especialização. Apesar deste inesperado constrangimento, é claro o desenvolvimento do IPCB.

PA: O que podemos esperar do futuro do IPCB?

AF: Tenho a firme convicção de que o Politécnico de Castelo Branco caminha para uma instituição de ciência e ensino superior cada vez mais moderna, mais especializada, mais sustentável e mais determinante no desenvolvimento económico, social e cultural da região e do país e na valorização das pessoas. Em 2026 queremos ter mais estudantes, mais projetos, mais parcerias regionais, nacionais e internacionais, e melhores condições de trabalho para todos.

Nos próximos anos é obrigatório mantermos e reforçarmos a aposta na ciência e no ensino superior pelo seu importante contributo para maior coesão, competitividade e conhecimento, em alinhamento com o processo de convergência europeia para 2030. Neste contexto, identifico 5 principais eixos de intervenção:

  • Especialização e diversificação da oferta formativa focada em novos públicos para, por exemplo, as áreas STEAM, em estrita ligação com a sociedade, possibilitando maiores níveis de empregabilidade em áreas estratégicas;
  • Consolidação e valorização da investigação com a dinamização de ambientes de I&D+I, que melhorem a transferência de conhecimento e tecnologia para a comunidade, alinhadas com boas práticas de redes internacionais de investigação;
  • Reforço da cooperação institucional do IPCB enquanto entidade capaz de promover a participação ativa e colaborativa dos diferentes atores;
  • Sustentabilidade organizacional com a aposta em modelos de governação e gestão sustentáveis e transparentes que promovam utilização eficiente dos recursos;
  • Melhoria das infraestruturas da instituição.

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