Crescimento, Inovação e Internacionalização: Santarém destaca-se

Aquando dos 45 anos de existência do Instituto Politécnico de Santarém, o Presidente, João Moutão, ressalva conquistas e marcos ao longo deste período. Desde a expansão da oferta formativa até à forte ligação com a comunidade, a instituição evidencia-se pelo ensino de excelência, a par da investigação de alta qualidade e o forte impacto no desenvolvimento socioeconómico da região.

Perspetiva Atual: Assinalando os 45 anos do Instituto Politécnico de Santarém (IPSantarém), quais são as principais conquistas e marcos que a instituição alcançou ao longo destas décadas?

Professor João Moutão, Presidente do IPSantarém

João Moutão: Nestes 45 anos, o IPSantarém cresceu e transformou-se, tornando-se um vasto oceano de conhecimento e oportunidades. Passámos de 2 para 5 escolas, de poucos cursos não conferentes de grau para 76 cursos conferentes de grau, e de poucas dezenas de estudantes para mais de 5000, este ano.

O nosso projeto educativo assenta em 3 pilares: foco nos estudantes, ensino aplicado alicerçado no conhecimento e inovação e forte ligação à região e redes de cooperação internacional. Temos um impacto transformador, contribuindo para o desenvolvimento económico e social da região. Por exemplo, em Rio Maior a nossa escola trouxe rejuvenescimento e dinamismo à cidade.

Somos reconhecidos pelo ensino de excelência, proximidade aos estudantes e compromisso com o desenvolvimento regional. Mas não nos acomodamos – continuaremos a expandir a oferta formativa, a apostar na investigação e formação avançada, e a proporcionar as melhores condições aos nossos estudantes e trabalhadores.

PA: Indubitavelmente, o IPSantarém desempenha um papel significativo na economia local. Poderia explicar de que forma o Politécnico contribui para o desenvolvimento económico da região de Santarém, fomentado a criação de postos de emprego e prestando apoio às empresas locais?

JM: O Instituto Politécnico de Santarém é um pilar fundamental para o desenvolvimento económico da região, enquanto verdadeiro catalisador de conhecimento, inovação e desenvolvimento económico, social e cultural.

O nosso foco tem sido direcionado para setores estratégicos onde a região detém claras vantagens competitivas. Ao alinharmos a nossa oferta formativa, que inclui cursos nas áreas da agricultura, saúde, educação, gestão e desporto, com as reais necessidades do tecido empresarial, estamos a contribuir de forma decisiva para a criação de emprego qualificado e para o reforço da competitividade regional.

Além disso, o Politécnico está envolvido em diversos projetos de investigação aplicada e transferência de conhecimento, em parceria com empresas locais. Estes projetos demonstram o nosso forte compromisso em colocar o conhecimento gerado no Politécnico, ao serviço do desenvolvimento económico da região de Santarém.

PA: O IPSantarém tem vindo a afirmar-se como uma instituição de referência na investigação aplicada. Quais são os principais centros de investigação e projetos em curso?

JM: O IPSantarém tem apostado fortemente na investigação aplicada, contribuindo ativamente para a produção e difusão do conhecimento num quadro de referência regional, nacional e internacional. Atualmente, integramos 6 centros de investigação em áreas estratégicas para o desenvolvimento do território:

  • O Centro de Estudos de Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade (CERNAS), com um polo na Escola Superior Agrária de Santarém, tem desenvolvido investigação em domínios como a sustentabilidade agrícola, valorização de produtos endógenos e gestão eficiente da água, em estreita colaboração com o setor agroindustrial da região.
  • O Centro de Investigação em Qualidade de Vida (CIEQV) tem promovido projetos inovadores na melhoria da qualidade de vida e bem-estar das populações, em parceria com autarquias e instituições sociais.
  • O Centro de Investigação, Inovação e Tecnologia do Desporto, Atividade Física e Saúde (SPRINT) e o Centro de Investigação em Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano (CIDESD), ambos na Escola Superior de Desporto de Rio Maior, dedicam-se à investigação em ciências do desporto, com impacto na promoção da atividade física e estilos de vida saudáveis na comunidade.
  • O Pólo em Literacia Digital e Inclusão Social do Centro de Investigação em Artes e Comunicação (CIAC), na Escola Superior de Educação de Santarém, tem promovido projetos de capacitação digital de públicos vulneráveis, contribuindo para reduzir a infoexclusão no território.
  • A Rede de Investigação em Saúde (RISE-Health), que integra investigadores da Escola Superior de Saúde de Santarém, é uma rede colaborativa focada em desafios relevantes para a região, como o envelhecimento e as doenças crónicas.

Destaca-se ainda a forte ligação da nossa investigação à comunidade, através da prestação de serviços especializados e da transferência de conhecimento para o tecido empresarial e social da região. Queremos continuar a ser um motor de inovação e desenvolvimento regional através da ciência aplicada.

PA: De que forma o IPSantarém tem adaptado e atualizado a sua vasta e variada oferta formativa para conseguir atender às demandas e tendências do mercado de trabalho, preparando os estudantes para os desafios atuais?

JM: Temos vindo a realizar um trabalho contínuo e estratégico de adaptação e atualização da nossa oferta formativa, com o objetivo claro de responder às demandas e tendências do mercado de trabalho e preparar os nossos estudantes para os desafios atuais e futuros.

Entre 2023 e 2024, lançámos dez novos cursos de mestrado, com destaque para áreas em forte crescimento e procura, como Gestão, Enfermagem, Desporto, Informática, Educação e Engenharia Zootécnica. Ao nível das licenciaturas, introduzimos igualmente novos cursos, como Biologia e Biotecnologia Alimentar e Gestão de Empresas. Esta expansão e diversificação da oferta formativa demonstra o nosso compromisso em alinhar o ensino com as reais necessidades do tecido empresarial e da sociedade.

Além disso, temos vindo a adaptar os curricula dos nossos cursos às novas solicitações de mercado e às necessidades formativas do país. A nossa oferta formativa procura um equilíbrio entre os fundamentos teóricos e as respetivas aplicações práticas, habilitando os estudantes com um conjunto de valências que asseguram a sua contribuição ativa para a melhoria da competitividade económica da região.

Estamos também empenhados em abranger novos segmentos de públicos, como os Maiores de 23 anos, através de condições especiais de acesso e do reconhecimento da experiência profissional. Apostamos ainda no desenvolvimento de cursos de formação pós-secundária, como os Cursos Técnicos Superiores Profissionais (TeSP), que conferem uma qualificação de nível 5 e permitem o acesso direto às nossas licenciaturas.

Para garantir uma ligação estreita com o mercado de trabalho, temos vindo a reforçar as parcerias com empresas e organizações da sociedade civil através da nossa Rede Parceiros Corporate. Esta colaboração permite-nos desenvolver novos conteúdos, soluções inovadoras e uma aprendizagem partilhada entre a sala de aula e os contextos reais de trabalho.

PA: A internacionalização é, cada vez mais, parte fundamental da política de muitas instituições de Ensino Superior. Quais são as principais parcerias que o IPSantarém mantém e de que forma estas colaborações beneficiam os estudantes e o corpo docente em termos de mobilidade e intercâmbio académico?

JM: A recente aprovação da candidatura para a criação da Universidade Europeia ACE2-EU – Applied, Connected, Entrepreneurial and Engaged European University, liderada pelo IPSantarém, é um marco histórico que irá transformar profundamente a nossa instituição e é também a nossa principal aposta.

Esta Universidade Europeia, que envolve um consórcio de 9 instituições de ensino superior de 9 países europeus, desde a Alemanha à Macedónia do Norte, irá permitir a criação de programas de estudo conjuntos altamente inovadores e disruptivos, com uma forte componente prática e orientados para a resolução de desafios reais. Estes “cursos europeus” representam o movimento mais transformador no ensino superior desde o Processo de Bolonha, pois assentam numa lógica de cocriação entre as universidades parceiras, as empresas e a sociedade civil.

Além disso, a ACE2-EU irá exponenciar enormemente a mobilidade de estudantes, docentes e staff entre as instituições parceiras, proporcionando experiências académicas e culturais verdadeiramente enriquecedoras e preparando os nossos estudantes para serem cidadãos europeus ativos. A possibilidade de obter um diploma conjunto reconhecido em vários países, será uma vantagem competitiva única para a empregabilidade dos nossos graduados.

No plano da investigação, esta Universidade Europeia irá impulsionar o desenvolvimento de projetos colaborativos ambiciosos, juntando equipas multidisciplinares dos vários parceiros para criar novo conhecimento e soluções inovadoras para os desafios societais. O foco na investigação aplicada, na inovação pedagógica e no empreendedorismo fará do IPSantarém um agente ainda mais relevante na transferência de conhecimento e na dinamização do ecossistema regional de inovação.

Em suma, a participação do IPSantarém na criação da ACE2-EU representa um salto qualitativo enorme na nossa estratégia de internacionalização. Mais do que uma mera rede de cooperação, estamos a construir uma verdadeira Universidade Europeia, assente em valores partilhados e numa visão comum para o futuro do ensino superior. Esta iniciativa transformadora irá elevar o IPSantarém para um novo patamar de prestígio, atratividade e relevância no contexto europeu.

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