Utentes da Mealhada têm acesso a cuidados de proximidade e a listas de espera reduzidas

Com 16 anos de atividade, o Hospital Misericórdia da Mealhada (HMM) é o único estabelecimento privado da região centro a cumprir todos os requisitos do Sistema Nacional de Avaliação em Saúde (SINAS). O HMM oferece serviços de atendimento de proximidade e tem colaborado com o SNS na redução das listas de espera, nas áreas da cirurgia, consultas de especialidade e exames de diagnóstico. João Peres, Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, realça o impacto significativo dessas iniciativas na qualidade de vida dos utentes.

Perspetiva Atual: O Hospital Misericórdia da Mealhada é hoje um hospital moderno, com um corpo clínico alargado e valências diversificadas. Que papel desempenha no contexto da saúde local?

João Peres: No Hospital Misericórdia da Mealhada, acreditamos que cuidar vai além de tratar doenças: é estar presente, escutar e promover o bem-estar integral. Esta visão concretiza-se numa prática clínica exigente e profundamente humanizada.

Em 2022, este compromisso foi reconhecido pelo Sistema Nacional de Avaliação em Saúde (SINAS), que confirmou o cumprimento de todos os parâmetros mínimos de qualidade, incluindo Excelência Clínica (em ortopedia), Segurança do Doente, Satisfação e Conforto do Cliente.

O HMM integrou também o projeto-piloto da Entidade Reguladora da Saúde para o novo Modelo de Supervisão pelo Risco, que avalia a qualidade global com base em dados clínicos, organizacionais e de desempenho. Participámos ativamente e os resultados colocaram-nos acima da média nacional em várias dimensões.

Estes reconhecimentos são motivo de orgulho e motivam-nos a manter uma prática próxima, ética, tecnicamente sólida e centrada na dignidade de quem nos procura.

PA: O HMM tem vindo a disponibilizar cada vez mais serviços, com destaque para o “Atendimento de Proximidade”. Essa abordagem, alargada, tem impactado positivamente o atendimento aos utentes?

JP: O Hospital Misericórdia da Mealhada tem vindo a afirmar-se como um polo de saúde de proximidade para toda a região da Bairrada, proporcionando um acesso mais rápido, cómodo e humanizado a cuidados médicos de qualidade.

As consultas externas, os exames complementares de diagnóstico e os procedimentos cirúrgicos realizados no HMM evitam deslocações longas e demoras associadas a outras unidades, reduzindo significativamente os tempos de espera em várias especialidades.

Além disso, ao funcionar de forma integrada com outros serviços da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, o Hospital permite respostas coordenadas, nomeadamente no seguimento de alta hospitalar, na reabilitação e nos cuidados continuados, assegurando uma verdadeira continuidade de cuidados.

Esta articulação contribui para um impacto positivo e direto na vida da comunidade local e regional.

PA: Esta instituição quer prestar mais cuidados do Serviço Nacional de Saúde (SNS). As parcerias com o SNS contribuem para a coesão social e garantem um serviço de saúde mais próximo?

JP: O HMM integra um modelo de gestão de proximidade, promovido pela Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, que alia critérios de sustentabilidade económica a uma visão humanista e comunitária dos cuidados de saúde.

A afetação dos recursos é feita de forma responsável, com foco na eficiência operacional e na valorização dos profissionais, garantindo condições de trabalho adequadas, investimento em formação contínua e estabilidade laboral.

Por não depender exclusivamente do financiamento público, o modelo permite maior agilidade na tomada de decisões, promovendo respostas mais céleres às necessidades clínicas e organizacionais.

Além disso, a gestão de proximidade facilita a escuta ativa da comunidade e dos profissionais, reforçando o compromisso com um hospital centrado nas pessoas, onde as decisões são tomadas com base no conhecimento do território, da instituição e dos contextos reais.

PA: O HMM integra, desde o início do ano de 2007, a lista dos hospitais que aderiram ao Sistema Integrado de Gestão de Inscritos em Cirurgia (SIGIC). Para ajudar a combater as listas de espera, através do SIGIC, o HMM já operou milhares de utentes nas mais diversas especialidades. Com este sistema, abrem-se “novas portas” no setor da saúde?

JP: As nossas áreas de diferenciação assentam numa abordagem integral ao cuidado, que privilegia a humanização, a segurança clínica e a qualidade dos resultados.

Na Ortopedia, temos um corpo clínico altamente qualificado e equipas multidisciplinares que asseguram uma resposta rápida e eficaz, com destaque para as cirurgias programadas e recuperação funcional personalizada.

A Medicina Física e de Reabilitação é outra área distintiva, com reabilitação pós-cirúrgica e programas adaptados às necessidades de cada utente, reforçada pela ligação à nossa unidade de cuidados continuados e à clínica Statherapy.

A área da Cirurgia Geral tem vindo a consolidar-se, com um aumento da procura, graças à capacidade técnica, à redução de tempos de espera e ao acompanhamento próximo dos doentes.

Estes pilares são suportados por um investimento contínuo em segurança do doente, tecnologia e melhoria das instalações, garantindo um ambiente de cuidados centrado na pessoa e com resultados clínicos de excelência.

PA: Por outro lado, as consultas de especialidade, no âmbito da Consulta a Tempo e Horas (CTH), pretendem oferecer, o acesso mais rápido a consultas de especialidade hospitalar. A eficácia desta resposta tem sido observada no acesso às consultas? Será que também ajuda na gestão de cirurgias?

JP: A adesão do Hospital Misericórdia da Mealhada (HMM) ao sistema de Consulta a Tempo e Horas (CTH) tem sido um passo importante para melhorar o acesso dos cidadãos a consultas de especialidade hospitalar. Através do acordo com o SNS, centros de saúde da região, como os da Mealhada, Anadia, Oliveira do Bairro e Cantanhede, podem referenciar diretamente para as nossas especialidades, encurtando tempos de espera e garantindo o respeito pelos critérios de prioridade clínica.

Esta agilidade tem facilitado diagnósticos rápidos e melhorado a programação das intervenções cirúrgicas, beneficiando tanto os clientes, que têm acompanhamento atempado, quanto o sistema de saúde, que ganha eficácia. A experiência tem sido positiva, com clientes e médicos de família satisfeitos. Contudo, a gestão administrativa do acordo tem sido difícil, e lamentamos a resistência em contratualizar mais amplamente com o HMM.

PA: O Serviço de Medicina Física e de Reabilitação do HMM procura responder à crescente necessidade de tratamentos na área da reabilitação. Quais são os benefícios, não só no envelhecimento da população, mas também noutras patologias?

JP: O Serviço de Medicina Física e de Reabilitação do Hospital Misericórdia da Mealhada (HMM) tem um papel central na recuperação da autonomia e da funcionalidade, sobretudo numa população cada vez mais envelhecida. As nossas equipas multidisciplinares atuam na prevenção e no tratamento de incapacidades resultantes de acidentes vasculares cerebrais, fraturas, cirurgias ou doenças neurodegenerativas, entre outras.

Ao promover a mobilidade, a força muscular, o equilíbrio e a independência nas atividades diárias, a reabilitação contribui para uma melhor qualidade de vida e para a redução de complicações associadas ao imobilismo. Mas a sua importância vai além da geriatria: é também essencial em casos de lesões desportivas, patologias musculoesqueléticas ou recuperação pós-operatória.

Com equipamentos modernos e uma abordagem centrada na pessoa, o HMM oferece planos terapêuticos ajustados a cada situação, potenciando ganhos reais em saúde e bem-estar.

PA: Em contexto de investigação, que projetos se encontram em curso e para que tipo de tratamentos? Existem dificuldades a serem superadas pelo Hospital?

JP: O HMM não tem, atualmente, como prioridade a investigação clínica tradicional, pois o foco está na resposta às necessidades mais prevalentes da população. Contudo, o nosso modelo, assente numa rede de especialistas oriundos de hospitais de excelência, assegura que a prática clínica incorpora os avanços científicos mais recentes.

Apostamos fortemente na inovação: na formação contínua, na adoção de boas práticas baseadas na evidência e na utilização de equipamentos modernos que tornam os cuidados mais rápidos, eficazes e seguros. Esta estratégia é exigente em termos de sustentabilidade económica, mas gerida com responsabilidade e visão de longo prazo.

Inovar, para nós, é melhorar o que fazemos todos os dias: processos mais ágeis, profissionais mais preparados e cuidados mais completos. Exemplo disso é o projeto SafeCaring, que integra tecnologia para reforçar a segurança dos cuidados. O HMM contribui com a sua experiência em boas práticas de enfermagem e gestão clínica, reforçando o nosso compromisso com a qualidade.

PA: A formação contínua do corpo clínico é outro fator essencial que assegura a excelência no cuidado dos utentes. De que modo o hospital promove a capacitação dos seus profissionais?

JP: O Hospital Misericórdia da Mealhada é uma unidade de saúde privada integrada no setor social. Isto significa que, embora não pertençamos ao Serviço Nacional de Saúde, também não operamos com fins lucrativos, como um hospital privado tradicional. A nossa missão é servir a comunidade, conciliando o rigor da gestão privada com os valores do setor social.

Este modelo permite-nos flexibilidade e capacidade de resposta, mas também nos coloca perante desafios, nomeadamente no financiamento e na contratualização com o Estado. Somos geridos com exigência, mas sempre com uma forte componente de proximidade, acessibilidade e humanização dos cuidados.

Na prática, somos uma alternativa real para muitos cidadãos: temos convenções com o SNS e com subsistemas de saúde, respondemos com qualidade e rapidez, e mantemos um compromisso ético com o bem-estar de cada pessoa. A nossa ambição é simples: continuar a fazer bem, fazer melhor e fazer para todos.

PA: Quais são os planos futuros do Hospital Misericórdia da Mealhada para melhorar os serviços de saúde e as infraestruturas da instituição?

JP: O HMM quer continuar a evoluir para responder com qualidade e humanidade às necessidades reais da população, cada vez mais exigentes. Estamos a tornar-nos uma estrutura mais leve, acolhedora e eficaz, com tecnologia de ponta que permite diagnósticos rápidos, tratamentos eficazes e maior humanização. Apostamos numa gestão inovadora e numa cultura de melhoria contínua, valorizando os profissionais e promovendo o acesso a cuidados de qualidade a preços justos. Num contexto competitivo, diferenciamo-nos pelo enfoque na saúde social e pela resposta ao contexto económico das pessoas. Queremos ser mais do que um hospital: um verdadeiro pilar de apoio à comunidade.

Notas:

  • Mais sobre a Santa Casa da Misericórdia da Mealhada em https://scmmealhada.pt/a-instituicao/
  • Sobre o Hospital Misericórdia da Mealhada em https://hmmealhada.com/
  • Sobre o Senhor Provedor João Baptista Moreira Peres, com uma carreira profissional na banca, lidera a Santa Casa da Misericórdia da Mealhada há 24 anos. Em dezembro de 2024, foi reeleito para um novo mandato de quatro anos, continuando o seu trabalho à frente da instituição com dedicação e compromisso.

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