“NA DIREÇÃO DE UM ISE MAIS FORTE”
Com um novo lema, a direção liderada pelo Professor Paulo Santos prepara-se para os desafios dos próximos anos no Instituto Superior de Engenharia da Universidade do Algarve.
Perspetiva Atual: No passado dia 11 de maio, o Professor Paulo Santos tomou posse como novo diretor do Instituto Superior de Engenharia da Universidade do Algarve. Quais são os maiores desafios que espera encontrar enquanto diretor do ISE?
Paulo Santos: O Instituto Superior de Engenharia (ISE), integrado no subsistema de ensino politécnico da Universidade do Algarve, tem por missão o ensino e a investigação da engenharia e tecnologia, nas especialidades de Engenharia Alimentar, Engenharia Civil, Engenharia Eletrotécnica e de Computadores e Engenharia Mecânica.
Atualmente, um dos maiores desafios é a captação de jovens para as áreas da engenharia, na sua qualificação e na transferência de conhecimento. Assim, o principal objetivo que se coloca para o próximo triénio é conseguir manter o crescimento do número de alunos que se tem verificado nos últimos 3 anos.
Para isso tem vindo a constituir especial relevância a valorização dos cursos Técnicos Superiores Profissionais (TeSP) como formação inicial, das licenciaturas, enquanto formação estruturante e graduada de 1º ciclo e a consolidação dos cursos de mestrado e de pós-graduação, enquanto formações de elevado nível de especialização.
O sucesso deste desafio dependerá da captação de novos alunos para os cursos em funcionamento e para os novos que foram recentemente aprovados.
PA: Que linhas orientadoras seguirá esta nova direção para manter a excelência do ensino?
PS: O lema desta direção é “NA DIREÇÃO DE UM ISE MAIS FORTE”, e tem como principais linhas de ação: Mais Ensino, Mais Investigação e Extensão e Mais Governança.
Recentemente foram aprovados dois novos cursos que vêm reforçar a oferta formativa do ISE. No próximo ano letivo irão entrar em funcionamento o TeSP em Proteção Civil e a Licenciatura em Engenharia de Sistemas e Tecnologias Informáticas. Estas especialidades respondem à estratégia Regional de Investigação e Inovação para a Especialização Inteligente do Algarve, inserida na Estratégia de Desenvolvimento Regional – Algarve 2030.
Importa ainda aprofundar medidas que contribuam para a diminuição das taxas de abandono escolar (que ainda se verifica devido à região do Algarve ter uma oferta de emprego sazonal), promovendo a motivação e apoio aos estudantes. Também é necessário tomar medidas que levem a uma maior qualidade do ensino prestado, nomeadamente, fomentando a atualização contínua dos conteúdos e materiais de apoio, e estimulando a adoção de atitudes e estratégias pedagógicas valorizadoras do processo ensino-aprendizagem centrado no estudante.
O ISE tem-se destacado na realização de prestações de serviços à comunidade, mas tem simultaneamente apresentado um crescente envolvimento dos seus docentes em Centros de Investigação, o que tem levado ao aumento de projetos de I&D, alguns com envolvimento de empresas. Mas é preciso ainda mais, e será um desafio a congregação desta diversidade como vantagem competitiva, quer na afirmação do papel da instituição na comunidade, quer no reforço da qualidade do ensino ministrado. Nos últimos anos também tem vindo a ser consolidada a capacidade de organização de eventos científicos como atestam o INCREaSE (Congresso Internacional de Engenharia e Sustentabilidade no Século XXI), o CONSOLFOOD (International Conference on Advances in Solar Thermal Food Processing), entre outros, organizados com o envolvimento direto do nosso Instituto.
O estímulo a um maior envolvimento em projetos de investigação e parcerias com empresas, aproveitando a proximidade do UAlg TEC Campus recém-criado, é também uma linha orientadora desta direção.
PA: O ISE já conta com mais de 30 anos de atividade. Quais são os pontos de destaque deste Instituto?
PS: O ISE tem quase trinta e quatro anos de existência. Atualmente com cerca de 850 alunos, ao longo dos anos já diplomou mais de 5000 engenheiros nas áreas principais da Engenharia Alimentar, Civil, Eletrotécnica e Mecânica. Graças ao rigor, exigência e esforço pessoal, os nossos diplomados conquistaram reconhecimento e sucesso junto das organizações onde se inserem, quer localmente quer internacionalmente. Muitos dos cursos têm estágio curricular no último semestre, o que constitui um valor acrescentado e contribui para que os nossos cursos tenham uma elevada taxa de empregabilidade.
Verifica-se também uma tendência para a certificação de competências profissionais, em complemento à formação académica. As características específicas do nosso corpo docente, nomeadamente o saber de natureza profissional, permitem que o ISE possa assumir um papel ativo na transferência de conhecimentos através da formação certificada. Atualmente, aproveitando o Impulso Adulto do Plano de Recuperação e Resiliência, o ISE propõe um vasto leque de formações ao longo da vida.
PA: Como ainda há pouco referiu, a oferta formativa do ISE tem vindo a crescer ao longo dos anos. Que cursos podem ser encontrados na vossa instituição?
PS: O ISE leciona três níveis de ensino superior: Cursos Técnicos Superiores Profissionais, também designados de TeSP; Licenciaturas; Mestrados e algumas pós-graduações. Está organizado em quatro departamentos: departamento de engenharia alimentar, departamento de engenharia civil, departamento de engenharia eletrotécnica e departamento de engenharia mecânica, lecionando cursos de acordo com estas 4 grandes áreas científicas. Neste momento oferece os TeSP em Segurança e Higiene Alimentar, Inovação e Qualidade Alimentar, Construção Civil, Desenho e Modelação Digital, Proteção Civil (novo), Sistemas e Tecnologias da Informação, Tecnologias Informáticas, Tecnologia e Manutenção Automóvel. Licenciaturas em Engenharia Alimentar, Civil, Eletrotécnica e de Computadores, Mecânica e o novo curso em Engenharia de Sistemas e Tecnologias Informáticas. Quantos aos Mestrados, temos os cursos de continuidade das nossas licenciaturas, Tecnologia de Alimentos, Engenharia Civil, Engenharia Eletrotécnica e de Computadores e Engenharia Mecânica – Energia, Climatização e Refrigeração de Edifícios. A acrescentar temos mais 3 mestrados transversais como são o Ciclo Urbano da Água, Geomática e Segurança e Saúde no Trabalho.
PA: Além do trabalho interno, o ISE assinou parceria com algumas empresas. Que empresas são estas e qual o propósito destas colaborações?
PS: Temos parcerias com diversas empresas regionais e nacionais, umas através de projetos de investigação e outras que acolhem os nossos alunos para a realização de estágios curriculares. Algumas delas encontram-se no UALG Tec Campus, cuja proximidade tem aumentado o nível de parcerias com o ISE. Podemos elencar alguns exemplos nas diversas áreas de formação do ISE, tais como: Altice Labs, Atos, AREAL, Casa Ferreira, Carob World, Cristalpools, Deloitte, EDP, FIAAL, Hubel, Itecons, Itelmatis, JAPBlue Algarve, Medronho Bottle, MSCAR, Phoenix Contact, Rolear, Ventient Energy, VisualForma, entre outras.
A parceria com a Deloitte insere-se no Programa BrightStart, que visa contribuir para a educação e formação para a empregabilidade dos jovens. Enquadrado numa estratégia de responsabilidade social, este programa, destinado a jovens finalistas do ensino secundário ou profissional, pretende reforçar conhecimentos na área da informática e das competências digitais. Os jovens ingressam no nosso TeSP em Tecnologias Informáticas e terão uma formação de 5 anos, com a conclusão de uma licenciatura. Os estudos são totalmente financiados pela Deloitte e durante a sua formação, os alunos têm uma intensa componente prática com uma forte ligação ao mercado de trabalho, pois parte do seu tempo é dedicado a projetos da empresa.