Evolução permanente com garantia de resultados

Há quatro anos consecutivos que o Colégio Efanor, em Matosinhos, fica no pódio do ranking nacional com a melhor média nos exames do ensino secundário. Em 2024, a instituição alcançou a primeira posição, com uma média de 16,76 valores, superando os 15,9 valores registados em 2023. João Trigo, Diretor desde 2016, acredita que estes resultados não são “um sucesso aleatório” e garante que a expansão das instalações e o aumento do número de alunos e bolseiros são as metas para o futuro.

Perspetiva Atual: Fundada em 2008, pela Fundação Belmiro de Azevedo, esta instituição de ensino conta com um projeto educativo inovador, orientado para a qualidade e excelência das aprendizagens. De que forma o apoio da Fundação Belmiro de Azevedo tem contribuído para o desenvolvimento e as melhorias no Colégio Efanor?

João Trigo: O apoio e o suporte da Fundação Belmiro de Azevedo estão sempre presentes, de forma natural, pois o Colégio pertence à Fundação e é uma das suas principais atividades. O Colégio foi fundado em 2008, pelo Eng. Belmiro de Azevedo, com um grande sentido de Missão, ligado à sua própria experiência de Vida e ao papel crucial que sempre entendeu que a Educação e a Escola têm no desenvolvimento das pessoas e da sociedade. O Eng. Belmiro várias vezes ao longo do seu percurso referiu, publicamente, que muito do que era o devia ao seu professor primário (designação da altura) que convenceu os seus pais a deixarem que ele continuasse a estudar, após concluir a 4.ª classe, vindo do Marco de Canavezes para a cidade do Porto, para esse efeito. Quando o Eng. Belmiro fundou o Colégio fê-lo com o propósito de devolver à sociedade tudo que a Escola lhe tinha dado a ele próprio: criar uma escola de excelência, pautada pela qualidade e pelo rigor, capaz de oferecer a sucessivas gerações de crianças e jovens a oportunidade e as melhores condições para aprenderem e se desenvolverem, não apenas nas componentes académicas, mas também nas vertentes pessoal e social, com competências de liderança e de responsabilidade perante os outros e o mundo, capazes de os tornar cidadãos ativos e transformadores da realidade em que vivemos. Com o falecimento do Eng. Belmiro, em novembro de 2017, esta intenção foi plenamente assumida por toda a família, especialmente pela Dra. Margarida Azevedo, sua esposa e presidente da Fundação Belmiro de Azevedo, pelos seus filhos e netos, e toda a aposta que o Eng. Belmiro fez neste projeto foi continuada e desenvolvida.

Fachada Polo 1: Creche, pré-escolar e 1º ciclo

PA: Para que possamos compreender melhor o Colégio Efanor e identificar o que o distingue das outras escolas da região, poderia abordar, um pouco, dos aspetos pedagógicos e a formação integral dos alunos que oferecem?

JT: Há uma ideia central na qual assenta o Projeto Educativo do Colégio Efanor: que a excelência académica acompanha a excelência humana e que quando pensamos em formação e desenvolvimento humanos estas duas dimensões têm de andar a par, precisam uma da outra e só faz sentido pensarmos uma acompanhada pela outra. Assim, o Projeto Educativo do Colégio Efanor aponta para a construção da identidade dos seus alunos, através do aprofundamento do saber e do desenvolvimento de um conjunto de competências essenciais para a Vida. Não se trata apenas de formar para o mundo do trabalho ou para uma profissão, trata-se de formar a Pessoa no seu todo, em todas as suas dimensões, especialmente na capacidade de se relacionar e viver com os outros, de se sentir responsável pela sustentabilidade e preservação do planeta e de todas as formas de vida, pela apropriação do saber e do saber fazer, acima de tudo pelo desenvolvimento harmonioso da identidade de cada aluno, ajudando-o a tomar consciência de que pode dar um sentido maior à sua existência e ter um propósito para a sua vida.

Em termos pedagógicos, acreditamos que cada aluno é um ser diferente, tem o seu ritmo próprio, há estilos de aprendizagem diferentes, talentos e interesses próprios e por isso toda escola e os processos de aprendizagem devem colocar o aluno no centro: cada aluno é o construtor do seu próprio percurso de aprendizagem. A escola e os professores devem facilitar e apoiar este processo.

PA: «Estar sempre a evoluir, resulta num futuro melhor» é o lema do Colégio Efanor. João Trigo ocupa o cargo de Diretor, desde 2016. Considera que as suas estratégias têm contribuído para a evolução do Colégio? De que forma essas mudanças estão a tornar o futuro dos alunos mais promissor?

João Trigo – Diretor do Colégio Efanor

JT: Essa foi uma ideia e um slogan que lançámos quando inaugurámos, em 2018, as instalações que designamos por polo 2, um espaço pensado de raiz para os níveis de escolaridade mais avançados, a partir do 2.º ciclo, um espaço dotado das melhores condições físicas e de equipamentos e tecnologias, um espaço cuidado com preocupações estéticas e ambientais, um espaço onde todos possam sentir-se bem e crescer, um espaço de futuro. Nessa altura, a abertura do polo 2 representou um grande impulso na afirmação e no desenvolvimento do Colégio e do seu Projeto Educativo. Projetamos o Colégio para um nível diferente de ambição, mais compatível com a capacidade de sonhar do seu Fundador, que sempre ambicionou realizar grandes obras, que pudessem servir mais e melhor a sociedade portuguesa, procurando sempre a inovação e explorar novos domínios de atividade. A Educação trabalha no presente para preparar o Futuro. Hoje, vivemos num mundo marcado pelo paradigma da mudança e se queremos um futuro melhor para os nossos alunos isso implica estarmos permanentemente abertos à mudança, à inovação, à evolução a todos os níveis.

PA: O Colégio Efanor é também reconhecido pela excelência do seu corpo docente. Quais são os critérios adotados para selecionar os professores? A instituição garante que o grupo pedagógico está, constantemente, atualizado e alinhado com as melhores práticas educacionais?

JT: Os Professores e os Educadores em geral têm um papel central  na escola, do ponto de vista dos resultados e do trabalho que é feito com os alunos. Está estudado que o fator que mais contribui para o sucesso nas organizações educativas é o que se passa na sala de aula, nomeadamente o clima da sala de aula e a relação pedagógica que se estabelece entre professores e alunos. Assim sendo, um projeto educativo de excelência tem que, necessariamente, cuidar bem esta dimensão da sua realidade. Há muitas formas de recrutar os melhores professores, desde um conhecimento aprofundado do meio escolar até aos processos clássicos de recrutamento, que envolvem análises de currículos e entrevistas. Mas, os bons professores também se fazem pelo ambiente e pela cultura da organização. Um Projeto Educativo que tenha por trás de si uma visão clara, um sentido de Missão, um bom clima organizacional, boas lideranças, de topo e intermédias, torna os bons profissionais melhores ainda. Portanto, não se trata apenas de selecionar e escolher os melhores, trata-se de encontrar formas de permanentemente manter a fasquia alta, lançar desafios, proporcionar incentivos, envolver e comprometer todos com um objetivo comum e muito trabalho de equipa, proporcionando que as experiências e contributos de cada um possam ser e sejam efetivamente valorizados e aproveitados pelos outros, enriquecendo o todo.

PA: Efetivamente, este Colégio é uma das poucas escolas que oferece educação desde a creche, até ao ensino secundário. De que forma essa continuidade, no processo educativo, contribui para o desenvolvimento integral dos alunos, facilitando a transição entre as diferentes fases de aprendizagem?

JT: É uma realidade, não há muitas outras escolas a ter todos os níveis de educação e ensino, como acontece com o Colégio Efanor. Essa é, de facto, uma excelente oportunidade para as nossas famílias, mas também para a concretização do nosso Projeto Educativo. A estimulação que é feita nos primeiros anos de vida sabe-se hoje que tem um impacto brutal no que será todo o percurso de qualquer ser humano. Fala-se a esse propósito da importância dos primeiros 1.000 dias de vida. No passado esse período foi desvalorizado do ponto de vista educativo e foram atribuídas às Creches funções mais focadas no cuidado e na guarda. Hoje, essa visão está completamente ultrapassada e neste momento no sistema educativo português há consciência da importância deste período da vida para a formação dos indivíduos. Tanto assim é, que está em curso uma reflexão profunda no nosso país, envolvendo todos os stakeholders da educação, no sentido de construir um referencial de boas práticas para a educação de infância, dos 0 aos 6 anos. Este projeto multinacional, envolvendo também a Bulgária, em cuja equipa de trabalho participo, é coordenado pela união europeia e tem o apoio especializado da Unicef. Este período de formação e desenvolvimento que antecede a escolaridade obrigatória é de facto muito importante e marcante, pelo que, concordo consigo, é fundamental para o nosso projeto educativo começarmos o trabalho com uma grande parte dos nossos alunos nesta fase das suas vidas. Temos vindo a refletir de forma sistemática as nossas práticas a este nível e a espreitar todas as oportunidades de potenciar as aprendizagens dos nossos alunos desde o início do seu percurso formativo. Nesse sentido, temos neste momento em curso dois projetos de investigação em contexto Creche. Um designado por “Desenvolvimento e Educação em Creche”, em parceria com o laboratório colaborativo Prochild, para melhorar as práticas da nossa equipa educativa desse nível. Um outro, designado por “Mentes Bilingues”, em parceria com a Universidade do Minho, para medir os efeitos da abordagem precoce, desde os zero anos, da língua inglesa, num contexto que queremos próximo de um ambiente bilingue, ao nível de desenvolvimento de competências em língua inglesa, do impacto no desenvolvimento da língua materna e no desenvolvimento das funções executivas do cérebro.

Fachada Polo 2: 2º, 3º ciclo e ensino secundário

Concluindo, é um facto que termos a possibilidade de acompanhar muitos dos nossos alunos desde os primeiros meses de vida até aos 18 anos de idade é uma vantagem muito grande do ponto de vista da concretização do nosso projeto educativo.

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Pavilhão Colégio Efanor: Arranque de época para o projeto desportivo voleibol

PA: No ensino pré-escolar, o Colégio Efanor oferece atividades como Inglês, Espanhol, Natação, Xadrez e um Projeto Integrado de Expressões. Na fase inicial de conhecimento, essas atividades contribuem para o desenvolvimento das habilidades cognitivas e socio-emocionais das crianças?

JT: Sem dúvida, darmos a oportunidade às nossas crianças de contatarem com propostas diversificadas e muito ricas de desenvolvimento de competências e de aprendizagens é uma grande mais-valia. O trabalho que desenvolvemos inspira-se nas orientações curriculares para este nível educativo, mas vamos mais além a dois níveis: aumentando o leque de oportunidades formativas e desenvolvimentais, como é exemplo o que fazemos com a introdução das línguas estrangeiras, inglês e espanhol, não contempladas pelo sistema e pelas orientações do mesmo para este nível de educação, mas também porque colocamos especialistas de todas e de cada uma dessas áreas a fazer parceria com as educadoras titulares de cada grupo, num trabalho articulado em formato de projeto e desenvolvido em equipa.  Com esta opção procuramos garantir a necessária unidade e articulação dos saberes, numa abordagem que procura fugir ao formato da disciplina, mas ao mesmo tempo garantimos um nível de aprofundamento em cada uma dessas áreas que referiu que a educadora generalista a trabalhar só com os seus recursos não conseguiria.

É neste contexto que se inicia o trabalho de formação dos nossos alunos em todas as dimensões do que é ser pessoa, pois estas ferramentas diversificadas e esta equipa com múltiplas competências permitem a abordagem e desenvolvimento das competências cognitivas, sócio emocionais, de conhecimento da realidade e do mundo e o início do processo de construção da identidade de cada um dos nossos alunos.

PA: Há quatro anos consecutivos que o Colégio Efanor fica no pódio do ranking com a melhor média nos exames do ensino secundário. O que explica este desempenho excecional?

JT: Sim, é um orgulho estarmos desde que temos finalistas do ensino secundário, no ano de 2020, no topo dos resultados de todas as escolas secundárias do nosso país. Não se trata fundamentalmente de ganharmos aos outros ou sermos melhores, pois não estamos numa competição, mas antes o que esses resultados espelham: o rigor e a excelência que colocamos na formação dos nossos alunos, o talento e o empenho individual que eles próprios colocam no seu trabalho e no seu percurso e a certeza acrescida de que esse resultado lhes permite com maior grau de certeza acederem aos percursos pós-secundário, de acesso ao ensino superior, que cada um ambiciona e idealiza para si. Por outro lado, termos estado sempre acima de um resultado médio de 16 valores, no conjunto de todos os alunos e de todos os exames de todas as disciplinas, é absolutamente extraordinário! Um aspeto muito relevante para nós é a consistência nos resultados. Não é um sucesso aleatório ou ocasional é um percurso muito consistente, que valida o nosso processo e todo o nosso trabalho. As explicações para o sucesso são muitas e variadas. O que nos diz a literatura é que nas escolas que fazem a diferença, e está demonstrado que as escolas fazem a diferença, nem tudo se explica pelos contextos sociais e culturais de origem dos alunos, mas que há fatores intraorganizacionais que explicam os resultados, sendo que os mais determinantes são os professores e o seu trabalho em sala de aula na interação com os alunos e também as lideranças. Claro que haverá muitos outros fatores que dão também o seu contributo, mas estes são os principais de acordo com vários estudos e investigações realizadas sobre este tema. A minha experiência, que sempre tive o privilégio de trabalhar em duas organizações de elevado sucesso, leva-me a concluir o mesmo: a fórmula passa por criar altas expectativas para todos; por criar um bom clima organizacional; formar uma boa equipa de profissionais, capazes de colocar os alunos no centro do processo e estabelecer com eles uma boa relação, ter lideranças que gerem propósito, sintonia e compromisso e que sejam facilitadoras da ação de todos e de cada um.

PA: Para além de ter conseguido a melhor média nos exames do ensino secundário, a escola aposta também no desporto. O plantel sénior de voleibol feminino do Colégio Efanor já é vice-campeão nacional da modalidade. De que forma esta instituição apoia o desenvolvimento dos atletas?

JT: O desporto é uma das ferramentas que utilizamos para atingir os nossos objetivos educativos. Não é apenas o voleibol, mas o desporto em geral, embora, porque havia que fazer opções, apostemos em quatro modalidades: a natação, o voleibol, o xadrez e o futebol. Em todas essas modalidades, todos estes últimos anos, temos tido inúmeros sucessos desportivos.

O desporto, quando abordado de uma forma positiva, para além de ser uma escola de valores, superação, resiliência, trabalho em equipa, disciplina, liderança, de respeito pelos outros (saber ganhar e saber perder), é uma espécie de metáfora para aquilo que queremos que seja a marca da nossa escola: a excelência! A excelência não um ponto de chegada, um estado alcançado, mas um apelo constante à superação e à melhoria contínua, uma competição de cada um consigo próprio para libertar todo o seu potencial e ser cada dia melhor. O desporto de competição é também, por natureza, exatamente isso: um desafio permanente à superação. Portanto, esta fórmula, aplica-se aos resultados individuais e das equipas, no plano desportivo, e aplica-se também aos resultados académicos, aplica-se noutros projetos doutros domínios, nomeadamente o artístico, área em que também investimos muito, aplica-se até no serviço aos outros, na responsabilidade social, domínio em que oferecemos vários projetos, capazes de envolver os nossos alunos pelo voluntariado, onde também estabelecemos metas e objetivos e estamos permanentemente a superá-los.

PA: O Colégio Efanor promove e ensina os valores fundamentais como ética, responsabilidade e respeito no seu ambiente escolar. De que forma esses valores impactam os alunos na sua vida académica, extracurricular e pessoal?

JT: A nossa expetativa é trabalharmos sobre conhecimentos e desenvolvermos competências que sejam transferíveis para a vida. Está no nosso Projeto Educativo o objetivo de sermos “uma escola na qual os nossos alunos desenvolvem a consciência de que têm um papel a desempenhar e um contributo único para dar ao mundo, à sociedade em que vivem e àqueles que os rodeiam, que são responsáveis na construção de um futuro melhor para todos e que desenvolvam um sentido critico face à realidade e à urgência de uma sociedade mais justa e sustentável, para si próprios e para as gerações futuras”.

Os valores talvez não se ensinem, mas desenvolvem-se… os valores são aquilo em que acreditamos, o que orienta a nossa ação e o nosso comportamento. Os valores transmitem-se melhor pelo exemplo, pelo ambiente que vivemos na escola e na sala de aula e em todas as propostas de atividades. Nesse sentido, procuramos ser uma escola inclusiva, que respeita e acolhe a diferença, solidária, justa, que cultiva o trabalho e valoriza a competência, que atende e estimula cada indivíduo, mas que desenvolve e privilegia o trabalho em equipa, que é rigorosa e exigente nos seus processos. São estes os valores que procuramos viver no nosso dia a dia, nas relações entre os diferentes protagonistas da vida da escola, que procuramos aprofundar em muitas das nossas aulas, pelo que é natural que os nossos alunos absorvam este ideário e o levem para as suas vidas.

Este ano letivo iniciamos um projeto que é muito ambicioso do ponto de vista da formação dos nossos alunos, que designamos por “Perfil do Aluno Efanor”. Trata-se do trabalho sobre um conjunto de vinte competências, que vão desde o pensamento crítico, ao autoconhecimento, ao domínio das emoções, à capacidade de comunicar com os outros, ao respeito pela diferença, etc, que temos por objetivo desenvolver com os nossos alunos ao longo de todo o seu percurso. Este trabalho tem um tempo próprio, uma aula semanal, orientado por professores de diferentes especialidades, uma equipa multidisciplinar, que envolve psicólogos, uma educadora social, uma pessoa da área da filosofia, um economista, um engenheiro, que aborda temas diversos do Referencial Nacional para a Cidadania e que tem por objetivo garantir que todos os alunos são estimulados para desenvolver um conjunto de capacidades que os preparam para a relação com os outros e com o mundo em que vivemos.

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As tecnologias educativas potenciam
as aprendizagens

PA: A era digital, em que vivemos, coloca o ser humano perante novos desafios, para os quais também o Colégio tem que saber encontrar novas respostas. Quais são as iniciativas tecnológicas que estão a ser implementadas para preparar os alunos para o futuro digital? E para as relações interpessoais?

JT: Em relação ao mundo digital, para além de todos os equipamentos facilitadores das aprendizagens que estão em todos as salas de aula e dos processos informatizados que implementámos em várias dimensões da nossa realidade, desde os processos administrativos, à comunicação com as famílias, no apoio à avaliação dos alunos, no controlo de instalações; introduzimos nos últimos anos duas ferramentas de forma muito sistemática, intencional e explícita. A primeira é o ensino da computação, para todos os alunos, a partir do 1.º ano de escolaridade, na perspetiva de desenvolver com eles as competências de compreensão desta nova linguagem que invadiu todas as esferas da nossa vida, que é a relação com a máquina e as tecnologias. A outra, é o nosso Programa e’Class, que envolve o uso permanente, por parte de todos os alunos do 5.º ano em diante, de um dispositivo informático, para acesso à informação, nomeadamente aos manuais digitais, e para o desenvolvimento e gestão das aprendizagens. As tecnologias têm hoje um potencial enorme de facilitarem e potenciarem o acesso ao conhecimento e à aprendizagem e estamos a procurar tirar progressivamente cada vez mais partido disso. A tecnologia, como tantas outras realidades e invenções da humanidade, representa ao mesmo tempo uma grande oportunidade e constitui também uma ameaça para uma vida equilibrada. Só há uma forma de resolver e lidar com esta ambiguidade, é exercitar com os alunos o bom uso da tecnologia. Claro que a tecnologia impacta o domínio das relações interpessoais como sugere na sua pergunta, mas temos que gerir e equilibrar isso e ajudar as novas gerações a saber lidar com a tecnologia. Não resulta apenas proibir, embora possa ter componentes de proibição. Por exemplo, um debate que anda na ordem do dia: o uso do telemóvel em contexto escolar. Da mesma forma que entendemos ser favorável para as aprendizagens e para o desenvolvimento da cultura digital proporcionar que todos os nossos alunos do 5.º ano em diante usem os tablets e os computadores como ferramenta de trabalho em sala de aula e no estudo, entendemos que não é favorável que estejam dentro da escola permanentemente focados num telemóvel e menos disponíveis para a relação direta com os seus pares. Nesse sentido, não autorizamos que os alunos, nomeadamente até ao 9.º ano, usem os telemóveis no recinto escolar. A partir do 9.º ano, podem ter os telemóveis consigo, mas não podem usá-los dentro das salas de aulas.

PA: Esta instituição de ensino tem cerca de 1.300 alunos e uma longa lista de espera. Quais são as características que tornam o Colégio Efanor tão atrativo para tantos estudantes?

JT: Temos tudo para sermos uma escola atrativa para os alunos e suas famílias. Temos uma boa proposta educativa, ajustada aos desafios do mundo de hoje e do que conseguimos antecipar em relação ao futuro. Temos um projeto curricular muito rico, com ofertas de escola diversificadas, que complementam o currículo nacional, em todos os níveis, mas de forma mais expressiva nos níveis iniciais, até ao final do 1.º ciclo, onde há maior margem do próprio sistema educativo para isso. Temos excelentes instalações, bem apetrechadas, com espaços modernos e esteticamente apelativos, desde laboratórios, espaços para as disciplinas artísticas, espaços desportivos, incluindo pavilhão gimnodesportivo e piscina, auditório, espaços de lazer e convívio… Temos uma excelente equipa de profissionais, experientes e dedicados. Temos propostas diversas de atividades facultativas que enriquecem o currículo comum para todos, envolvendo projetos ambiciosos e de elevado nível. Temos o foco da nossa ação nos nossos alunos e a preocupação de que o Colégio seja para eles um espaço agradável em que possam crescer e aprender, estabelecer relações positivas com os seus pares e com os adultos e ser felizes. Somos uma escola que dialoga com o meio envolvente e com o mundo e que proporciona aos seus alunos o contacto com outras realidades, nomeadamente através do compromisso com a responsabilidade social e a sustentabilidade. Finalmente, temos resultados! Uma escola tem obrigatoriamente que ter resultados, tem que oferecer garantias à comunidade, de que consegue desenvolver as aprendizagens e a formação dos seus alunos.

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Auditório Colégio Efanor: Apresentação do projeto Elimu
“Missão de Voluntariado em Moçambique para Alunos do Secundário”

PA: A ligação que se cria entre os alunos, pais e professores é a «tríade perfeita» que ajuda a explicar o sucesso do Colégio?

JT: É uma das dimensões importantes! É fundamental o clima da escola e a relação que se estabelece entre alunos e professores tem um papel fundamental a esse nível. Os alunos têm que se sentir acolhidos e apoiados nos seus percursos de aprendizagem e nas suas dificuldades, mas também a nível pessoal, face aos momentos menos bons que, por vezes, atravessam nas suas vidas, até inclusive nos próprios contextos familiares, que também são instáveis e sujeitos a percalços. O Professor não é apenas o mestre, o condutor de percursos de aprendizagem, mas tantas vezes o modelo, a referência, o amigo! A escola é o espaço em que os alunos passam a maior parte do seu tempo ativo. Tem que ser necessariamente um espaço em que se sintam acolhidos, estimulados e felizes.

A boa relação com as famílias também é um dos fatores de sucesso. Não podia ser de outra forma! A família é o nosso parceiro natural, a seguir ao aluno, é o nosso outro “cliente”, de forma mais evidente por sermos uma instituição privada, em que as famílias suportam os custos do serviço que lhes estamos a prestar. Mas mais que um cliente, que já é alguém que deve ser respeitado e apreciado, a família é o nosso parceiro na tarefa educativa. Isto numa instituição privada é muito evidente. Não há Colégio que possa sobreviver se não prestar um serviço de qualidade e que seja apreciado pelas famílias. Nós não temos alunos porque a escolaridade é obrigatória e eles têm que vir para a escola. Nós temos alunos porque as famílias reconhecem a vantagem desta opção e nos escolhem e suportam os encargos daí decorrentes.

PA: Quais são as suas ambições futuras para o Colégio? Vencer mais modalidades e continuar no topo dos rankings dos exames nacionais?

JT: O caminho de qualquer organização de excelência e de sucesso é ser uma “organização aprendente”, aberta permanentemente à inovação e à melhoria contínua. Os sucessos passados ou presentes são apenas um ponto de partida, um fator de responsabilização e de desafio para o caminho que pretendemos trilhar para o futuro. Nesse sentido temos muitos desafios pela frente, a todos os níveis! A manutenção dos sucessos, ao nível dos resultados académicos ou desportivos, são, em patamares diferentes, apenas duas das muitas dimensões do que ambicionamos para o futuro.

Mas para lhe dar uma resposta mais concreta, diria que temos, neste momento, um grande desafio entre mãos, que esperamos poder concretizar nos dois próximos anos: expandir a nossa capacidade, para podermos dar resposta a mais alunos, correspondendo à opção de mais famílias que nos dão a sua preferência e desejam ter os seus filhos a crescer connosco.

Simultaneamente com o aumentar da capacidade de acolher alunos, vamos acolher ainda mais alunos bolseiros, para além dos cerca de 150 que já são apoiados atualmente pela Fundação Belmiro de Azevedo para poderem frequentar a nossa escola. Uma das visões e vontades do Eng. Belmiro foi abrir a sua escola a crianças e jovens com potencial mas que não tivessem condições económicas de acesso a uma escola de excelência. Concretizamos este desígnio através do Programa de Bolsas da Fundação Belmiro de Azevedo que permite que todos os anos ingressem no Colégio dezenas de alunos de famílias com contextos socioeconómicos que não lhes permitiriam o acesso sem esse apoio. Está neste momento aberta, até meados de março, a candidatura ao Programa de Bolsas para o próximo ano letivo, com lugar para cerca de 50 novos bolseiros. Através deste Programa, a maior parte desses alunos frequenta o Colégio de forma gratuita, não pagando propinas, materiais, alimentação e atividades, ou suportando, um número reduzido do total, apenas uma parte desse custo. Alargar o número de alunos do Colégio é prestar um duplo serviço à sociedade. Por um lado, permitir que mais alunos beneficiem de um percurso educativo de excelência, correspondendo às expetativas de muitas famílias que se encontram em lista de espera, aguardando por um lugar para iniciar o percurso dos seus filhos no Colégio. Por outro lado, e porque o Programa de Bolsas tem por objetivo que o Colégio seja frequentado por cerca de 15% de alunos bolseiros, aumentar o número de bolsas, para que mais crianças e jovens beneficiem deste Programa, combatendo as desigualdades sociais através da Educação e gerando oportunidades para muitas crianças e jovens, como é propósito da Fundação Belmiro de Azevedo.

Vamos construir um novo edifício escolar e mais instalações desportivas, alargando as atuais instalações e vamos poder aumentar, em algumas centenas, o número de alunos que temos capacidade para atender.  

Este é, seguramente, um projeto que vai absorver uma parte significativa das nossas energias nos próximos tempos!

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