SISTEMA DE SAÚDE DO ATLÂNTICO

Por Pedro Ramos, Secretário Regional de Saúde e Proteção Civil da RAM 

Pedro Ramos, Por Pedro Ramos, Secretário Regional de Saúde e Proteção Civil da RAM 

“Estamos ON”, utilizando a expressão mais representativa da atualidade da conectividade, afirmo que o Serviço Regional da Saúde (SRS) da RAM, encontra-se após 46 anos de evolução, no bom caminho. Estamos certificados, acreditados, e pautamos toda a área da prestação de cuidados e saúde com qualidade, segurança, e num contínuo desenvolvimento da humanização dos nossos serviços. 

E por isso atrevo-me a enunciar e a definir um novo conceito para o nosso SRS, que é este do sistema de saúde do atlântico, com planificação, organização, formação, diferenciação, capacitação e valorização dos seus profissionais tendo como foco principal, o utente, e consequentemente mais robusto e solidário com acessibilidade. 

Um Sistema de Saúde, que envolve um serviço publico, social, convencionado e privado e no qual a articulação entre todos e sempre utilizada, não só em situações extremas do dia a dia, mas também em situações de exceção, como foi o exemplo recente de saúde pública da Covid-19. 

Um Sistema que pode acelerar as suas conquistas ao longo destes 46 anos através da autonomia da Saúde, através das suas três unidades públicas e sete privadas. O objetivo é prestar um serviço de excelência na área da saúde e bem-estar do cidadão. 

O rosto do nosso Sistema de Saúde, como não podia deixar de ser, são os Cuidados de Saúde Primários, com 47 centros de saúde dispersos pela ilha da Madeira e Porto Santo, dos quais nove têm serviço de atendimento urgente, tendo quatro um horário de 24h com internamento e os outros,  quatro com horário das 8h às 22h e um outro com horário entre as 16h e 24h. 

Esta abordagem inicial e realizada por profissionais da área da Medicina Geral e Familiar (MGF) com formação e diferenciação para todas as situações, do foro medico, cirúrgico e traumatológico com estabilização do doente e depois referenciação com ou sem apoio do SEMER, serviço de emergência pré-hospitalar, em atividade 24 horas por dia, desde 1999, e realizado por enfermeiros e médicos de todas as áreas hospitalares, com especialização, assegurando assim uma referenciação com qualidade e segurança, extensiva a ilha do Porto Santo a partir de 2023. 

A formação é uma área à qual o Sistema de Saúde regional dedicou muita atenção nos últimos anos, e que corresponde e caracteriza a sua identidade atual, o seu ADN, através da criação do CSCM – Centro de Simulação Clínica, em 2012, onde as boas práticas e o treino são simulados por todas as especialidades. 

Desde 2012, realizamos 600 cursos, abrangendo a formação pré-graduada e pós-graduada com 8 000 formandos e 4 000 horas de formação, abrangendo as práticas clínicas e não clínicas bem como a liderança e o team building. 

Esta nova capacitação na área da formação, conferida pela simulação, fez com que a articulação com a Universidade da Madeira, no que diz respeito ao MIM – Mestrado Integrado em Medicina, com início em 2004, pudesse ser concretizada com a finalização do Ciclo Básico do MIM, na RAM a partir de 2021-2022, e a sua evolução continua perspetivando-se o ínicio do 4º ano a partir de 2026 e o 5º ano em 2027, finalizando assim a licenciatura de medicina na RAM. 

A evolução do nosso Sistema foi notória nos últimos anos em recursos humanos, equipamentos, tecnológicos, com aparecimento de mais especialidades e procedimentos, e estamos neste momento a apostar na digitalização e na robotização do nosso sistema. 

A existência de um Serviço de Emergência pré-hospitalar especializado fez com que, desde 2009, a implementação das Vias Verdes na RAM fosse concretizada com sucesso. Neste momento temos 5, a saber: Sepsis; Trauma; AVC; Enfarte Miocárdio; Anafilaxia.  

Durante o ano 2023, foi lançado o PRS 2030-Plano Regional de Saúde sustentados por 4 eixos-Promoção, Proteção, Prevenção, Progresso. Este documento estratégico tem 6 princípios fundamentais: Acessibilidade, Sustentabilidade, Segurança, Qualidade, Participação, Equidade.  

O objetivo é melhorar os indicadores de saúde e bem-estar da população da RAM. 

Uma só palavra define a estabilidade do nosso Sistema de Saúde do Atlântico: investimento 

O Futuro tem de ir ao encontro dos profissionais e dos utentes sempre, com um Sistema assente em unidades de saúde altamente diferenciados, capacitadas, sustentáveis, inovadoras que implementam e utilizam as novas tecnologias, como base na sua prestação. 

Nesse sentido, a Madeira já iniciou a transformação digital do seu sistema de saúde. Inclusive, muito recentemente, o sistema de interoperabilidade existente foi premiada pelo e-health dos SPMS, concurso europeu entre 19 países, através do SEIS-RAM, com 560 000 ficheiros clínicos e 57,4 milhões de dados afetados. 

Este processo de transformação digital tem a colaboração de várias empresas públicas e privadas, institutos e universidades nacionais e internacionais através das quais se criou um novo ecossistema de saúde, acelerador da inovação – o H INNOVATION HUB – que tem como objetivos principais:  

– Apoiar no desenvolvimento, implementação e atração de start up para a RAM;  

– Atrair, e manter mão-de-obra altamente qualificada; 

– Promover o desenvolvimento da economia digital e de um HUB tecnológico;  

– Apoiar no desenvolvimento tecnológico e cientifico;  

– Fazer do Novo Hospital Central e Universitário da Madeira uma referencia para investigação clínica e científica. 

Em resumo, este Sistema de Saúde do Atlântico tem como objetivo, para os próximos anos, criar o cenário do “unicórnio” para a saúde regional, onde o investimento, a capacitação e o respeito pelos recursos humanos, o desenvolvimento de novas tecnologias e equipamentos, o desenvolvimento da transformação digital e robotização, a investigação e a inovação, o ambulatório, o hospital dia e a hospitalização domiciliaria, bem como a segurança e a qualidade da nossa prestação, serão os pilares de uma saúde protetora, promotora, preventiva e preditiva, e ainda personalizada para os nossos cidadãos.  

Este Sistema de Saúde do Atlântico foi recentemente agraciado por sua excelência o Presidente da República com a Ordem de Mérito, o que muito nos orgulhou e motiva para continuarmos este caminho. 


Compromisso com a saúde e o bem-estar dos pacientes: a visão do SESARAM 

Por Júlio Nóbrega, médico, intensivista e Diretor Clínico do SESARAM EPERAM

Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira, EPERAM 
Júlio Nóbrega, médico, intensivista, Diretor Clínico  
Rafaela Fernandes, Presidente do Conselho de Administração 
José Manuel Ornelas, Enfermeiro Diretor 

“A saúde e o bem-estar dos nossos doentes serão as nossas primeiras preocupações” assim declaramos aquando do Juramento de Hipócrates no fim do curso de medicina. Mais, prometemos “consagrar toda a nossa vida ao serviço da humanidade”. 

Sentimo-nos muito felizes e realizados com esta opção de e para a vida, pois não há nada que dignifique e que engrandeça tanto a vida de um Homem como a possibilidade de ajudar alguém que dela necessite. 

Enquanto profissionais da saúde e enquanto instituição de saúde, temos uma população que deposita em nós total confiança e que consente e segue fielmente as nossas orientações. Esta mesma população, aplaude-nos e fomos homenageados com a Medalha de Ouro da Cidade, com uma instalação dedicada aos profissionais de saúde no centro da cidade e com a Condecoração de Membro Honorário da Ordem de Mérito, entre outros. 

Também por isto, precisamos estar à altura de tal reconhecimento. 

Procuramos manter atualizada a nossa cultura científica assim como a nossa preparação técnica de forma a atuar de acordo com a leges artis e respeitaremos sempre a autonomia e a dignidade dos nossos doentes com total respeito pela condição humana. 

Os profissionais de saúde são convidados a participar na organização dos cuidados de saúde, mas não fazem depender o exercício das suas funções à aprovação incondicional das suas propostas. Demissões reivindicativas, indisponibilidade para o exercício funções e escusas de responsabilidade, particularmente em contexto de urgência, não fazem qualquer sentido e têm sido residuais na nossa instituição. 

O SESARAM é a única instituição de saúde pública na Região Autónoma da Madeira e não podemos desconsiderar essa posição. Temos toda uma sociedade a quem temos de prestar cuidados de saúde com qualidade, segurança e humanização. Mas também temos a obrigação de contribuir para um serviço eficiente e sustentável. 

O SESARAM é uma instituição muito grande e inclui os cuidados hospitalares e cuidados de saúde primários. O número de profissionais é também muito grande e não se circunscreve apenas aqueles que prestam cuidados diretos aos doentes, como sejam os médicos, enfermeiros, farmacêuticos, psicólogos, nutricionistas técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, assistentes operacionais, etc., mas inclui também uma equipa muito vasta de outros profissionais, como seja os administradores, juristas, administrativos, engenheiros, profissionais da comunicação, arquitetos, serviços de transportes, mecânicos, eletricistas, informáticos, cozinheiros, etc., que devem e são considerados na construção e manutenção deste enorme puzzle. 

O Secretário Regional de Saúde e Proteção Civil está muito próximo dos profissionais e dos utentes e o Conselho de Administração tem mostrado uma enorme sensibilidade para as questões de Ordem Clínica. Por outro lado, nós os clínicos temos a obrigação de entender as questões de ordem política, financeira e jurídica das organizações. 

Temos muitas questões pendentes e temos muitas possíveis soluções para os problemas existentes. No entanto, hoje estamos mais capacitados para cumprir a nossa missão de prestar cuidados de saúde com qualidade e segurança a todos os cidadãos com equidade independentemente da sua condição social, económica ou outra. 

Existe uma política de abertura à contratação de mais profissionais como sejam médicos e enfermeiros. 

Temos formação contínua pré e pós-graduada e dispomos de um Centro de Simulação Clínica muito diferenciado. Muitos dos cursos recomendados pelos Colégios de Especialidade da Ordem dos Médicos são facultados sem qualquer encargo para os formandos. Muitos dos nossos serviços clínicos têm idoneidade formativa atribuída pela Ordem dos Médicos para a formação de especialistas. A investigação clínica é uma realidade e existe uma estreita relação com Universidade da Madeira e Escola Superior de Enfermagem São José de Cluny para os Cursos de Medicina e de Enfermagem  

A progressão nas carreiras profissionais são uma realidade para as muitas classes. 

O trabalho médico suplementar tem sido reconhecido de forma diferenciada desde há vários anos e é-nos atribuído um subsídio de fixação. 

Foi possível requalificar e renovar muitas das nossas instalações hospitalares e Centros de Saúde de que são exemplo o Hospital dos Marmeleiros, o Bloco Operatório e o Serviço de Urgência no Hospital  Nélio Mendonça e o Centro de Saúde da Calheta e Arco da Calheta. 

Aumentamos a nossa capacidade instalada no SO do Serviço de Urgência, na Unidade de AVC, nos Cuidados Intensivos, no recobro do Bloco Operatório e nos Hospitais de Dia. 

Adquirimos novos e mais equipamentos médicos. 

Evoluímos muito no capítulo das novas tecnologias e estão em fase de implementação muitos programas informáticos de apoio a atividade clínica, assim como a aquisição de equipamento para cirurgia robótica. 

O projeto “+ hospital na comunidade” com consultas de especialidades hospitalares e pequenas cirurgias a decorrer nos Centros de Saúde permitiu aproximar os cuidados de saúde aos utentes, com claros benefícios para os mesmo quer em termos de conforto, quer em termos de eficiência. A Hospitalização Domiciliária iniciou-se com os primeiros doentes a serem acompanhados. 

À semelhança do que ocorreu nos Serviços de Saúde da generalidade dos países, também no SESARAM, a Pandemia COVID-19, assim como as medidas adotadas para a combater, condicionaram a realização de atividade clínica programada, motivando tempos de resposta para os atos clínicos que ultrapassam o recomendando do ponto de vista técnico-científico.  

Face a esta temática foi criado um Programa especial de Recuperação de Atividade Clínica (PeRAC) com o objetivo de recuperar atividade clínica eletiva protelada pela Pandemia COVID-19 ou cujo tempo de espera tenha sofrido agravamento. Este programa não se restringe apenas aos atos cirúrgicos, mas também às consultas e aos exames complementares de diagnóstico. 

Cientes das nossas obrigações enquanto Serviço Público de Saúde, disponibilizámo-nos para receber  doentes de fora da região sempre que necessário, o que já é uma realidade nas especialidades de Cirurgia Cardiotorácica, Neurorradiologia/Unidade de AVC, Medicina Intensiva, Obstetrícia e Medicina Intensiva Neonatal e Pediátrica. 

O principal desafio para as próximas décadas será o de manter o nosso foco em oferecer os melhores cuidados de saúde em tempo útil, a todos os nossos utentes, através da motivação e mobilização de todos os profissionais de saúde, na sua participação das soluções organizativas da instituição; da transição para o novo Hospital Central e Universitário da Madeira sem constrangimentos na nossa atividade assistencial, formativa e de investigação; na aposta clara nas novas tecnologias na área da saúde particularmente a inteligência artificial; na consolidação do Sistema Regional de Saúde com colaboração estreita entre os sectores publico, privado e social com a necessária implementação do Processo Eletrónico Único.  

A necessidade de um novo Hospital é para dar resposta aos utentes residentes na RAM, mas também a todos os que nos visitam, e deve ser assumido como estratégico para um destino turístico seguro. 

Nós, os profissionais de saúde, cientes das nossas responsabilidades, orgulhámo-nos de pertencer ao nosso SESARAM e tudo continuaremos a fazer para não defraudar as elevadas expectativas dos nossos utentes. 

O Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira EPERAM - SESARAM EPERAM - foi condecorado pela Presidência da República, como Membro Honorário da Ordem de Mérito, no dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas – 10 de junho de 2022 

A Ordem do Mérito destina-se a galardoar atos ou serviços meritórios praticados no exercício de quaisquer funções, públicas ou privadas, que revelem abnegação em favor da coletividade. Reconhecimento feito pelo trabalho no combate à pandemia. 

O Futuro da Saúde da Região Autónoma da Madeira ou a visão 2030

Por Herberto Jesus, Diretor Regional da Saúde

Herberto Jesus, Diretor Regional da Saúde

Quando falamos no futuro, falamos dos próximos anos até 2030, pois o futuro que pensamos hoje muda exponencialmente amanhã. 

A única forma de sobrevivermos é construir uma “Madeira Saudável, Segura e Sustentável”. Estamos localizados no “Atlântico Médio”, a segurança societal e ambiental são determinantes categóricos para alterar o “quadro negro” da demografia. Vamos diversificar as áreas de “trabalho potencial”, a tecnologia, a ciência do bem-estar”. A transformação digital e o humanismo são áreas de interesse para a vida do futuro.  

A nossa visão “real” é continuar a identificar áreas “unicórnio”, áreas tecnológicas em que faremos a diferença. Construir espaços virtuais de conhecimento multidisciplinar abrangendo a saúde, o ambiente, a agropecuária, a economia e a comunidade.  

O “Novo Hospital” seria construído como um fator de criação de conhecimento com ligação a empresas tecnológicas e integração na “vida real” dos cidadãos. Será um Hospital KIWI, adaptável a eventos e a necessidades da região. 

Queremos renovar os quadros e desenvolver a Academia, queremos pensar em tornar a Madeira num polo “living lab” da Europa e do Mundo. Não seremos um “lar para os maiores”, mas sim um “lar” para quem quer conhecer, crescer e construir uma “terra de sonho e mel”. Pessoas felizes constroem mundos felizes. A tecnologia é apenas um aperitivo para um mundo melhor. 

Queremos potenciar a região da Macaronésia, tornar atrativo viver no meio do Atlântico. A “Nova Saúde” da RAM baseia-se na sustentabilidade e na criação de valor para todos. A saúde vai gerar conhecimento, o qual vai potenciar o financiamento através da construção de tecnologia baseada nesse conhecimento (gerado no dia a dia das unidades de saúde). O desenvolvimento da saúde irá promover a adoção de comportamentos de menor risco pois, sociedades felizes, seguras e confiantes só se constroem com pessoas mentalmente saudáveis. A própria região e a renovação das gentes vai promover essa mudança. Seremos mais qualificados, multiculturais, mas sempre “ilhéus no Ser e no Coração”. Vamos trabalhar para o mundo. 

Antevejo um futuro brilhante, pois em que nós temos a história de todos os que viveram nestas “ilhas afortunadas”. Seremos cada vez mais tecnológicos, mas cada vez mais humanos e sempre sonhadores. “Da Janela do Meu Quarto Vejo o Mundo”! 


50 anos do Hospital Dr. Nélio Mendonça 

O Hospital Dr. Nélio Mendonça inaugurado a 9 de setembro de 1973, pelo Presidente da República Almirante Américo Tomás, celebra 50 anos. 
As comemorações começaram a 10 de janeiro e integram um Programa Clínico com eventos mensais relacionados com a atividade clínica (hospitais de dia, cirurgia desde 1973 à preparação para a cirurgia robótica) 

O HNM é uma das 3 unidades hospitalares que agrega a maioria das especialidades médicas, o Serviço de Urgência Central e as áreas cirúrgicas com o Bloco Central com sete salas. O Bloco Central foi objeto de uma remodelação inaugurada no pretérito dia 8 de março. 

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