Caravela-portuguesa como ponto de partida para a substituição de produtos sintéticos por compostos naturais
Em junho de 2022, a Mesosystem juntou forças com a Universidade dos Açores, a Universidade do Minho e a empresa internacional Nofima, para desenvolver um projeto europeu único, que envolve o mar português. Ana Novo Barros, reconhecida por liderar inúmeros projetos de investigação, é também coordenadora científica deste, em contexto empresarial, “Physalia Physalis”, cujo objetivo principal é desenvolver produtos ricos em colagénio e toxinas com potencial uso em cosmética.
Fundada em 2006, a Mesosystem é uma empresa líder no setor de cuidados com a pele. Com uma ampla rede de distribuidores que atinge mais de 94 países, destaca-se na produção e comercialização de produtos inovadores. Além
disso, a empresa tem demonstrado também uma crescente dedicação à área de Investigação e Desenvolvimento, de
modo a continuar a desenvolver fórmulas únicas e inovadoras para oferecer cosméticos e dispositivos médicos de
última geração, tanto para profissionais como para particulares.
Em junho de 2022, a empresa sediada no Porto aliou esforços com prestigiadas instituições académicas e uma empresa internacional para criar um projeto europeu de excelência. Este ambicioso projeto marca então a colaboração
entre a Universidade dos Açores, a Universidade do Minho e a empresa Nofima. Esta parceria entre as diferentes instituições torna a equipa de profissionais bastante multidisciplinar, sendo possível assim abranger várias sub-áreas dentro de um só projeto. “Physalia Physalis” tem como coordenadora a professora e investigadora Ana Novo Barros, com vasta experiência e currículo nesta área.
O projeto dividir-se-á em seis atividades, sendo que as primeiras duas estão já concluídas. “Neste momento, já
otimizamos os processos de extração de colagénio e da separação da toxina, realizados pela Universidade dos
Açores”, revela Ana Novo Barros. “A tarefa seguinte, coordenada pela Universidade do Minho que irá focar-se no desenvolvimento de formulações ricas em hidrolisados de colagénio com potencial uso em biomedicina, indústria cosmética e farmacêutica.” A data prevista para a conclusão do projeto é abril de 2024, somando assim quase dois anos de estudo.
A nível económico, o financiamento do projeto promovido pela Mesosystem provem da EEA Grants, com um investi- mento de mais de um milhão de euros.
Caravela-portuguesa
“Physalia Physalis” é o nome científico atribuído a uma das espécies marinhas mais emblemáticas da fauna nacional, a
Caravela-portuguesa. Este animal que se destaca pelo seu pneumatóforo em formato de “balão”, que se assemelha à vela existente nos navios de guerra portugueses do séc. XV e XVI, é ocasionalmente avistado na zona costeira de Por- tugal e ocupa o papel principal na narrativa deste projeto europeu.
Caravela Portuguesa é uma das espécies marinhas mais
perigosas e valiosas dos nossos oceanos, sendo que este
projeto visa aproveitar o seu potencial para a extração em massa de colagénio sustentável, proteína estrutural e principal componente da matriz extracelular. Será ainda avaliado o potencial de extração de Toxina Botulínica A, para futura aplicação nas áreas da Biomedicina e indústria farmacêutica, revela Ana Novo Barros.
EEA Grants Através do Acordo sobre o Espaço Económico Europeu (EEE), a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega são parceiros no mercado interno com os Estados-Membros da União Europeia. Como forma de promover um contínuo e equilibrado reforço das relações económicas e comerciais, as partes do Acordo do EEE estabeleceram um Mecanismo Financeiro plurianual, conhecido como EEA Grants. Os EEA Grants têm como objetivos reduzir as disparidades sociais e económicas na Europa e reforçar as relações bilaterais entre estes três países e os países beneficiários. Para o período 2014-2021, foi acordada uma contribuição total de 2,8 mil milhões de euros para 15 países beneficiários. Portugal beneficiará de uma verba de 102,7 milhões de euros.” Saiba mais em eeagrants.gov.pt.