Tradição aliada à Inovação: Educação Integral e Multiplicidade Pedagógica

Com uma oferta formativa que vai desde a Educação Pré-Escolar até ao Ensino Secundário, o Colégio Camões, em Rio Tinto, destaca-se pela multiplicidade pedagógica aplicada. A instituição, parte do Grupo Ribadouro, preza pelo desenvolvimento integral dos alunos, promovendo um ambiente educativo que valoriza tanto o conhecimento teórico quanto as relações interpessoais.

O Colégio Camões, atualmente sob a alçada do Presidente da Direção Pedagógica Helder Martins, localiza-se em Rio Tinto, município de Gondomar, e integra o Ribadouro, um grupo de ensino com mais de 50 anos de tradição, do qual também fazem parte o Colégio Ribadouro, o Colégio da Trofa e o Colégio do Ave. Este estabelecimento de ensino particular, que funciona em regime de autonomia pedagógica, dispõe de uma oferta formativa que vai desde a Educação Pré-Escolar até ao Ensino Secundário, passando por todos os ciclos do Ensino Básico.

A exigência, o rigor e o foco na individualidade de cada aluno sempre foram pilares estruturantes do projeto Ribadouro. Desde que assumiu a direção pedagógica do Camões, há três anos, Helder Martins tem trabalhado igualmente para “conseguir alterar as organizações escolares e as políticas educativas numa lógica bottom-up, ou seja, da sala de aula para os restantes níveis”, conta. “Por norma são as políticas educativas que determinam aquilo que as escolas fazem e, consequentemente, o que acontece nas salas de aula”, acrescenta.

Desta forma, procurando ir ao encontro do objeto de estudo do seu Doutoramento em Ciências da Educação, terminado em 2020, o diretor pedagógico tem como objetivo inverter essa ordem, trazendo para a discussão as práticas e necessidades reais que emergem do quotidiano escolar, para que as políticas educativas possam responder de forma mais adequada e eficaz aos desafios enfrentados por docentes e discentes.

Tendo lecionado Biologia e Geologia por mais de uma década no Colégio Ribadouro, Helder Martins conhece, na primeira pessoa, as dinâmicas de sala de aula e as carências existentes. Com a autonomia que o novo cargo lhe confere, procura, no Colégio Camões, “induzir essas e mais transformações com algum conhecimento de base”, confessa. Assim, o projeto educativo, alicerçado numa matriz comum às escolas do Grupo Ribadouro, pressupõe o traçar “de caminhos de alguma diferenciação”, necessários, tendo em conta a heterogeneidade estudantil e diversidade de perfis de cada colégio, em que “a pessoa é o foco: seja o aluno, o professor, o assistente educativo ou o pai”.

PROJETO EDUCATIVO CAMONIANO

“Creio que as escolas têm de trabalhar numa lógica de antecipação e não de remediação”, explica o diretor pedagógico. “Nós queremos preparar os alunos para a imprevisibilidade, para um futuro que ainda não se conhece bem e, com tantas transformações a acontecerem quase ao minuto na sociedade, é fulcral que criemos diferentes estímulos dentro da escola”, acrescenta.

Apesar de os rankings serem uma forma de mostrar, a quem procura o colégio, a qualidade do ensino, “não podemos reduzir o trabalho de uma escola particular à preparação para provas de avaliação externa”. Com esta preocupação em formar cidadãos que reflitam e tomem decisões sustentadas, “há um cultivo da autenticidade, de espontaneidade, da relação com o outro, do respeito e, claro, da sabedoria que modela tudo isso, sendo que as escolas não podem perder um dos seus principais pressupostos: munir as pessoas de conhecimento especializado”.

Inicialmente, é essencial ter no local certo as pessoas certas e, por isso, no Camões todas as decisões são pensadas. Por exemplo, ao contrário do que acontece na maioria dos estabelecimentos de ensino, os professores não são distribuídos pelas diferentes turmas de forma aleatória, existe um momento de reflexão em que se consideram as competências e os perfis dos docentes para garantir que estão alinhados com as necessidades específicas de cada turma. “Pensemos, um professor de Ciências que melhor trabalha com 7.º ano pode não ser o mesmo professor que funcionará melhor numa turma de 9.º ano”, explica Helder Martins.

O mesmo se sucede com a escolha dos diretores de turma. É necessário selecionar cuidadosamente os professores que assumem esta função, tendo em conta não apenas as suas habilidades de gestão e comunicação, mas também a capacidade de estabelecer um vínculo positivo com os alunos e respetivas famílias.

Em contexto de sala de aula, os jovens são preparados para trabalharem em projeto. Neste sentido, para fomentar competências como a capacidade de trabalhar em equipa e a resolução de problemas, existe, semanalmente, um espaço dedicado a esta vertente pedagógica ativa que, posteriormente, é complementada com dinâmicas de ensino-aprendizagem convencionais e momentos de avaliação formal.

“A pessoa é o foco: seja o aluno, o professor, o assistente educativo ou o pai”

O Colégio Camões apostou fortemente na transição digital e, do 3.º até ao 9.º ano, em parceria com a Apple Education, substituiu os manuais físicos pelos digitais. “Nesta altura, é preciso saber combinar tradição com inovação, os manuais físicos desapareceram, mas os ambientes não são digitais; são híbridos e adaptados às diferentes franjas”, garante o diretor.

Ainda que de início tenham existido algumas resistências face à introdução da tecnologia, vale ressaltar que existe um controlo total do professor em relação àquilo que os alunos fazem dentro da sala de aula. “Basta o docente entrar na aplicação Gestão de Sala de Aula e consegue ter acesso completo aos dispositivos de to- dos os alunos, podendo bloquear os ecrãs no ambiente que pretender – seja num manual, num site, ou em qual- quer outra aplicação”. Graças a esta ferramenta, há a possibilidade de potenciar recursos, otimizar o tempo de aula e até os professores conseguem inovar nos seus métodos de ensino devido à imensidão de recursos que têm disponíveis à mera distância de um clique. É por meio destas políticas educativas vanguardistas que a escola pode procurar preparar os jovens de forma atualizada e adequada para o futuro. “Não se trata apenas de usar o digital porque sim, os estudantes têm de se familiarizar com o uso de tecnologia e educar-se nesse sentido, porque a maioria das profissões vai fazer com que se tornem dependentes dela”, defende.

Além disso, para a direção pedagógica do Camões, é importante formar alunos dotados de espírito crítico, que consigam transformar a “informação com eles partilhada em conhecimento”. Este processo implica incentivar os estudantes a questionarem, analisarem e interpretarem o conteúdo que lhes é transmitido, ao invés de simplesmente o aceitarem de forma passiva. Portanto, a educação com tecnologia deverá ir mais além da memorização dos textos dos manuais.

Estas competências-chave – a inserção num mundo tecnológico, o espírito crítico, a capacidade de comunicar e liderar processos – acabam por ser transversais a todos os níveis de ensino, criando uma continuidade educativa que prepara os jovens desde cedo. Todavia, nem todos os alunos chegam ao Camões com três anos de idade, havendo um elevado número de jovens que apenas ingressam no colégio, no 10.º ano. Nesses casos, é vital perceber como trabalhar a diversidade de perfis e diferenciá-los pedagogicamente para conseguir acrescentar valor.

COMPROMISSO COM A COMUNIDADE EDUCATIVA

O Colégio Camões, à semelhança das restantes escolas do Grupo Ribadouro, encontra-se representado na Direção da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo. Esta ligação permite à instituição “dar passos no desconhecido com alguma segurança” e fornece uma “visão mais abrangente” do panorama do ensino particular em Portugal, indo além dos umbrais das escolas do grupo. Existe igualmente uma colaboração com a Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica do Porto que, até à data, se revelou fulcral, uma vez que “vários professores frequentaram pós-graduações, mestrados e doutoramentos em Ciências da Educação”, o que permitiu “ir instituindo, no colégio, a novidade de uma forma estruturada e com equilíbrio no tempo”, explica Helder Martins. Esta é uma oportunidade dada a todos os professores, integralmente suportada pelo Grupo Ribadouro, e que faz parte da estratégia de formação contínua de qualidade do seu corpo docente.

Não obstante, a escola possui uma parceria sólida e de vários anos com algumas das Faculdades da Universidade do Porto, sendo que, por exemplo, no ano letivo volvido, os alunos do 9.º ano tiveram a oportunidade de ir conhecer as instalações da Faculdade de Medicina, onde participaram em várias atividades. Esta sinergia entre diferentes instituições é altamente benéfica, pois amplia os horizontes dos jovens, que têm a “oportunidade de começarem a pensar naquilo que vão seguir no Ensino Secundário”, com conhecimento substancial.

Também na Feira das Ciências, evento em que toda a escola dedica uma manhã a atividades científicas e os alunos atuam como monitores para apresentarem experiências aos colegas, existe o envolvimento de instituições externas, no caso, o Instituto de Ciências Bio- médicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS). “Os alunos do ICBAS vêm ao Camões e compartilham os seus projetos e conhecimentos científicos com os nossos alunos”, conta.

Apostando fortemente na certificação da língua estrangeira, neste caso o inglês, o Colégio Camões assume parceria com a Cambridge Education. Até ao 9.º ano, verifica-se o acréscimo da carga curricular da disciplina, enquanto, após, no Ensino Secundário, este projeto passa para a vertente extracurricular. Este reforço do inglês é vital, não apenas devido às crescentes exigências do mercado de trabalho, mas porque “ultimamente recebemos vários alunos vindos da Noruega, da Irlanda, entre outros”, portanto, “o inglês é uma forma de os alunos comunicarem entre si e também de comunicarmos com as próprias famílias: uns dominam o português melhor do que outros e não podemos deixar de cumprir o nosso dever por causa da barreira linguística”, garante o diretor pedagógico.

Existe ainda uma lista considerável de parcerias com escolas do universo artístico, e até com a Casa da Música, que se revelam altamente enriquecedoras para os vários alunos do ensino articulado, a nível da música e da dança, que frequentam o colégio. Estas colaborações abrem espaço para uma troca enriquecedora de experiências e conhecimentos, enquanto potenciam as oportunidades de aprendizagem e o crescimento artístico dos jovens.

Inclusive, é precisamente na Casa da Música que, todos os anos, se realiza o Concerto de Natal do Ribadouro. Juntando alunos dos vários colégios que integram o grupo escolar, este evento além de ser uma experiência musical enriquecedora para todos os que participam e promover o estreitamento de laços entre a comunidade educativa, também tem uma dimensão solidária importante. Parte dos fundos arrecadados com o concerto revertem para associações de caridade.

“Trabalhamos para que os alunos sejam conhecedores em diferentes áreas do saber e, posteriormente, possam tomar decisões que se sustentem em conhecimento substancial”

Ainda, ao longo do ano letivo acontecem as RibaTalks, que são sessões dedicadas a apresentar aos alunos personalidades notáveis, capazes de transmitir ideias inspiradoras. Estes eventos têm como objetivo despertar nos jovens o desejo de ir além, incentivando-os a confrontarem-se com novas perspetivas e a desenvolver uma visão mais ampla do mundo.

No passado dia 3 de maio, o Colégio Camões recebeu o Dr. Luís Marques Mendes que, numa conversa de duas horas, humanizou o mundo da política, perpassando outras esferas da vida profissional e pessoal.

CONFIANÇA REDOBRADA

“Esta é uma escola que abre às 7:30 e fecha às 19:30, e há alunos a entrarem às 7:30 e a deixarem o colégio às 19:30, somos uma escola quase a tempo inteiro”, afirma Helder Martins. Como tal, é vital que os pais confiem na instituição e, nesse sentido, “a direção pedagógica está sempre disponível para comunicar e estes são considerados em todas as matérias”, sobretudo porque “acreditamos que não seja fácil para um pai deixar, por exemplo, um filho de três anos numa escola, ao encargo de adultos, sem antes conhecer toda a estrutura”, acrescenta.

A disponibilidade para ouvir os encarregados de educação deve ser permanente e, apesar de ser um trabalho que pode implicar um elevado desgaste físico e emocional, é fulcral, porque “tem de haver uma relação de confiança extrema com os pais”. No Camões, tanto os pais como os alunos conhecem os professores e a direção, uma vez que só assim é possível construir um ambiente educativo, onde todas as partes se sentem atendidas e respeitadas.

Considerando que esta é uma escola onde se verifica alguma heterogeneidade no que respeita ao nível socioeconómico dos alunos que consigo trabalham, vale destacar que o colégio apoia as suas famílias, através de mecanismos internos que, a juntar aos que advêm de uma lógica governamental, abrem possibilidades às famílias que queiram apostar na educação dos filhos. “Acho mesmo que as escolas do ensino particular se devem inserir nos territórios e procurar evitar viver numa bolha, em que apenas lhes interessam que os alunos que consigo trabalham evoluam. Todas as escolas são compostas por agentes sociais e devem trabalhar em rede, uma escola particular terá sempre muito a aprender com as restantes escolas do meio em que se insere”, confessa o diretor pedagógico.

Com esse objetivo de se aproximar do território, Helder Martins, este ano, faz parte do Conselho Municipal de Educação de Gondomar. “Assumi este papel para perceber o que está a acontecer no território e ver de que forma uma escola particular pode auxiliar ou minorar aquilo que são potenciais carências”, conta. “Se não intervirmos de forma direta, que seja indireta, pois daqui sairão profissionais que podem passar a residir nesta área e, no futuro, contribuir para que muitas das lacunas existentes sejam preenchidas”, remata.

“Acho que é essencial uma escola nunca se esquecer da sua tarefa principal: converter informação em conhecimento”

Neste contexto, após uma das melhores épocas de pré-inscrições de sempre, no próximo ano letivo, o Colégio Camões irá crescer e acolherá mais 50 alunos, divididos pelos diferentes ciclos de ensino. Esta expansão, a par do projeto a curto prazo de apresentar Berçário e Creche, é um marco significativo para a instituição, que reafirma o seu compromisso com a comunidade educativa, continuando a promover uma educação de qualidade e adaptada às necessidades de cada aluno, a par de um ambiente escolar inclusivo. No interior do Colégio Camões todos aprendem, inclusive a própria escola.

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