Unidade de investigação aposta em serviços especializados para indústria

A Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI) é uma unidade de investigação que se dedica à investigação aplicada, mas também à prestação de serviços especializados para empresas que necessitam de auxílio nos setores da energia, ambiente ou sustentabilidade. O presidente da ADAI explica-nos que as áreas de intervenção são, hoje, muito mais vastas, sendo o conhecimento multidisciplinar o segredo para a constante evolução.

Perspetiva Atual: A ADAI recai na investigação e prestação de serviços, procurando respostas e soluções para problemas que se coloquem ao ambiente, indústria e sociedade. Qual é o papel prático da associação nestes problemas?

Manuel Gameiro: A ADAI realiza investigação aplicada em áreas diversas como, por exemplo, eficiência energética, qualidade ambiental, mobilidade sustentável, incêndios florestais, visando entender os problemas em profundidade e desenvolver soluções práticas e inovadoras para enfrentá-los. Nesse contexto, a ADAI desenvolve tecnologias, metodologias e ações de formação que podem ser aplicadas na indústria e na sociedade para lidar com os desafios identificados. Isso pode incluir o desenvolvimento de novos produtos, processos ou sistemas de gestão ambiental.

Por outro lado, a ADAI oferece serviços especializados para empresas e outras organizações que enfrentam desafios relacionados com a energia, o ambiente e a sustentabilidade. Isso pode incluir consultoria técnica, realização de testes e ensaios em laboratório, elaboração de relatórios técnicos, entre outros. A ADAI também desempenha um papel importante na formação e capacitação de recursos humanos, oferecendo cursos e workshops avançados nas áreas em que atua. Isso ajuda a disseminar conhecimento e boas práticas para profissionais e estudantes interessados nessas questões. Unidade de investigação aposta em serviços especializados para indústria A Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI) é uma unidade de investigação que se dedica à investigação aplicada, mas também à prestação de serviços especializados para empresas que necessitam de auxílio nos setores da energia, ambiente ou sustentabilidade. O presidente da ADAI explica-nos que as áreas de intervenção são, hoje, muito mais vastas, sendo o conhecimento multidisciplinar o segredo para a constante evolução.

PA: Como é que funcionam os quatro Centros temáticos que atuam em equipas dedicadas e qual o seu reconhecimento externo?

MG: Os quatro Centros Temáticos da ADAI são estruturas especializadas que atuam em áreas específicas de Investigação e Desenvolvimento, que possuem reconhecimento externo devido à sua experiência e às contribuições significativas dentro das respetivas áreas de I&D.

O Centro para a Ecologia Industrial (CIE) é um grupo de investigação multidisciplinar na área da Ecologia Industrial. O CIE desenvolve e aplica ferramentas para avaliar a sustentabilidade de produtos e sistemas com base na avaliação de ciclo de vida.

O Centro de Energia e Detónica (CED) encontra-se dividido em três sectores distintos: desenvolvimento de explosivos e propagação de ondas de choque, estudo de propergóis e geradores de gás e o estudo de aplicações preliminares ou de protótipos de aplicação de explosivos.

O Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF), dedica-se à investigação aplicada no âmbito dos incêndios florestais e dos incêndios na interface urbano- -florestal (IUF), nomeadamente nos aspetos físicos do fogo e no estudo e identificação de todos os aspetos relevantes nas várias fases de um incêndio.

O Centro para a Sustentabilidade do Ambiente Construído (CSBE) atua nas áreas dos sistemas de energia (climatização e energias renováveis), qualidade do ambiente (interior e exterior) e materiais inovadores em construção, estando assim alinhado com vários dos objetivos definidos na Agenda 2030 das Nações Unidas.

PA: Os vossos serviços recaem na consultoria e desenvolvimento de soluções e Laboratório Ensaios & Medições. Na prática o que fornecem ao cliente final?

MG: A ADAI fornece consultoria técnica especializada em uma ampla gama de áreas, incluindo eficiência energética, qualidade do ar interior, prevenção de incêndios florestais, sustentabilidade ambiental, entre outras. Isso pode envolver a análise de problemas específicos enfrentados pelo cliente, a identificação de soluções potenciais e a recomendação de medidas corretivas ou preventivas.

A ADAI possui três laboratórios equipados com tecnologia de ponta e instalações experimentais atualizadas para realizar uma variedade de ensaios e medições. Isso pode incluir testes de desempenho de produtos, análise de materiais, medições de qualidade do ar interior, estudos de comportamento do fogo, entre outros, como: Acústica de edifícios, Avaliação das condições de trabalho (ruído, vibrações, ambiente térmico e qualidade do ar), Avaliação da performance de atletas de alta competição, Avaliação da incomodidade, Caraterização do ruído interior em veículos, Determinação da propriedade acústica dos materiais, Determinação da taxa de renovação de ar, Determinação de massas e dimensões, Determinação de velocidade máxima de veículos, Ensaio da estabilidade das cadeiras de rodas, Ensaio de estabilidade lateral, Ensaio do sistema de travagem em veículos motorizados, Ensaios em Motores de Combustão Interna, Mapas de ruído, Nível sonoro em veículos motorizados.

PA: A Associação dedica-se também a realizar cursos de formação dentro das vossas áreas de investigação. Para quem se destina?

MG: Os cursos de formação da ADAI são destinados a uma ampla audiência, incluindo profissionais da indústria, estudantes universitários, profissionais no âmbito industrial e Investigação. Eles oferecem uma oportunidade única para adquirir conhecimentos especializados e desenvolver habilidades práticas em áreas de investigação relevantes para o avanço tecnológico e a sustentabilidade.

PA: A ADAI está integrada no Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Coimbra. Qual a vossa relação e colaboração com o ensino académico?

MG: A ADAI surgiu por iniciativa de um grupo de investigadores do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), tendo por objetivo proporcionar um enquadramento formal à promoção da atividade de investigação e desenvolvimento experimental, em colaboração com diversas entidades públicas e privadas. Foi constituída em 1990, tendo sido reconhecida como pessoa coletiva de utilidade pública em outubro de 1996. É uma unidade de investigação do universo da Universidade de Coimbra (UC), sendo a UC o acionista maioritário. É também uma das quatro unidades de gestão do LAETA, o Laboratório Associado em Energia, Transportes e Aeronáutica, que envolve também colegas do INEGI, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, do IDMEC do IST, em Lisboa e do AEROG, da Universidade da Beira Interior.

PA: A ADAI possui colaborações com centro de investigação nacionais e internacionais, consultores científicos externos de nível mundial, vínculos com instituições internacionais na Europa, América do Norte e África. Que impacto estas relações externas e internacionais têm no trabalho da Associação?

MG: As colaborações garantem o acesso a conhecimentos avançados e experiência especializada em áreas específicas de investigação. Isso permite que a ADAI amplie suas capacidades de I&D, explore novas áreas de interesse e aborde desafios complexos de forma mais eficaz. As oportunidades de cooperação e parceria com outras empresas, organizações governamentais, e instituições nacionais e internacionais, permitem o intercambio de recursos, conhecimentos e melhores práticas, bem como a realização de projetos colaborativos no âmbito de investigação e desenvolvimento que beneficiam todas as partes envolvidas.

Ao estabelecer vínculos com instituições internacionais a ADAI amplia a sua visibilidade no cenário internacional. Isso facilita a participação em projetos internacionais, a colaboração com especialistas de diferentes países e a prestação de serviços especializados em escala global, contribuindo para a internacionalização das atividades da I&D.

PA: O ano de 2023 foi marcado por diversos projetos de investigação e grandes soluções: um Drone para localizar fogos e antecipar combate, uma plataforma de apoio à decisão em incêndios transfronteiriços, o projeto Safeforest. Fale-nos um poucos destes grandes projetos e no que consistiu a sua investigação?

MG: O Field Tech Laboratory, do CEIF-ADAI, tem-se dedicado ao desenvolvimento e implementação de soluções tecnológicas nas áreas de robótica móvel e de serviços, robôs autónomos, teledeteção, drones, dados de satélite, sistemas integrados e engenharia de incêndios, em estreita colaboração com parceiros industriais. Desenvolveu um drone para o mapeamento de combustível florestal, um drone personalizado para combate a incêndio e um monitor inteligente de água de supressão de incêndio, com recursos de direcionamento automático.

A Plataforma de Apoio à Decisão em Incêndios Transfronteiriços integrou dados de múltiplas fontes, como satélites, drones, estações meteorológicas e modelos de propagação de incêndios, para fornecer uma visão abrangente da situação do incêndio e apoiar a tomada de decisões estratégicas e táticas. A investigação envolveu o desenvolvimento de modelos matemáticos e algoritmos de previsão, bem como a conceção de interfaces de usuário intuitivas e fáceis de usar para os gestores de incêndios.

 O SAFEFOREST trata do desenvolvimento de prevenção inovadora de incêndios florestais e de interfaces florestais-urbanas (WWUI), por meio de atividades robóticas avançadas de prevenção de proteção contra incêndios. O projeto visou reduzir drasticamente os custos associados à manutenção de florestas privadas ou públicas, nomeadamente perto de habitações.

PA: Estando no início de 2024 que objetivos foram traçados e que projetos de investigação foram delineados?

MG: Uma vez que o ciclo de financiamento de investigação em curso foi prolongado por parte da Fundação para a Ciência e Tecnologia, a nossa programação para o próximo período, no seio do LAETA, está neste momento a decorrer, uma vez que estamos a preparar a fase de avaliação que decorrerá em breve e a perspetivar o futuro da nossa investigação. Por essa razão, neste momento não temos uma resposta definitiva para essa questão, apesar de podermos afirmar que as manteremos nas linhas mestras da nossa atividade dos últimos anos.

“As colaborações garantem o acesso a conhecimentos avançados e experiência especializada em áreas específicas de investigação. Isso permite que a ADAI amplie suas capacidades de I&D, explore novas áreas de interesse e aborde desafios complexos de forma mais eficaz.”

PA: Como visualiza o futuro da Aerodinâmica Industrial em Portugal?

MG: Apesar da ADAI manter o seu nome inicial em que aparece a designação de Aerodinâmica Industrial, as nossas áreas de intervenção são hoje muito mais vastas, correspondendo basicamente ao conjunto dos temas da Energia, Ambiente e Sustentabilidade.

O futuro destas áreas em Portugal parece promissor e com oportunidades para avanços significativos, dados os desafios que nos são colocados pelas mudanças climáticas e as respostas que se espera que venham a existir da parte dos governos nacionais e da União Europeia. Espera-se que haja um aumento no investimento em investigação e desenvolvimento em Portugal. Isso pode ser impulsionado por incentivos governamentais, parcerias público-privadas e pelo próprio financiamento da União Europeia para projetos de inovação e tecnologia.

O futuro destas áreas em Portugal será impulsionado por colaborações e parcerias entre universidades, unidades de investigação, empresas e instituições governamentais. A colaboração multidisciplinar e a partilha de conhecimento e recursos serão essenciais para enfrentar desafios complexos e aproveitar as oportunidades de inovação.

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