ULS de Aveiro investe em novos projetos e prioriza a qualidade dos cuidados de saúde

Com o objetivo de promover a qualidade dos cuidados de saúde e reforçar a resposta assistencial, a Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro (ULSRA) tem desenvolvido um conjunto de iniciativas. A instituição destaca o Clube do Livro da Unidade de Saúde Familiar (USF) como uma forma de aproximação entre utentes e profissionais, promovendo a partilha e o diálogo por meio da leitura. No que diz respeito aos avanços nas áreas cardiovascular e geriátrica, a ULSRA sublinha a criação da Unidade de Medicina de Insuficiência Cardíaca de Ambulatório (UMICA), da Unidade de Diagnóstico e Intervenção Cardiovascular (UDIC) e a criação da valência de Geriatria.

ULSRA aposta em UMICA e Geriatria para enfrentar desafios do envelhecimento populacional

O envelhecimento da população e o aumento da dependência funcional na região de Aveiro colocam novos desafios à qualidade de vida e à sustentabilidade dos cuidados de saúde. Para responder a esta realidade, o Serviço de Medicina Interna da ULSRA está a desenvolver projetos voltados para a proximidade, como a Unidade de Medicina de Insuficiência Cardíaca de Ambulatório (UMICA) e a Consulta Descentralizada de Geriatria.

“O doente pode ser referenciado a partir dos Cuidados de Saúde Primários (CSP), Serviço de Urgência (SU) ou internamento. O percurso inicia-se na consulta de Medicina/IC, dividida em dois momentos: consulta de enfermagem (avalia qualidade de vida e aplica medidas educacionais) e consulta médica (revisão de sintomas, estudo complementar e terapêutica). Segundo a clínica do doente, é agendada nova consulta. O doente pode ainda ser encaminhado para hospital de dia (realização de estudo analítico e reavaliação clínica mais precoce ou administração de terapêutica endovenosa). A gestão de casos complexos realiza-se em consulta de grupo multidisciplinar (Medicina Interna, Cardiologia, Nefrologia e Cuidados Paliativos). A UMICA partilha a missão da ULS Região de Aveiro: aproximar os cuidados de saúde hospitalares ao doente, colocando-o no centro da atividade assistencial. A maioria dos doentes da UMICA já apresenta diagnóstico de IC. Assim, o foco é a melhoria da sua qualidade de vida, fomentando adesão à terapêutica e o envolvimento da família. A UMICA pretende reduzir o número de recorrências ao Serviço de Urgência (SU) e internamentos. A unidade facilita o acesso precoce do doente aos cuidados de saúde diferenciados através de vias de comunicação simplificadas com o médico e/ou enfermeiro (telefone, e-mail, visita presencial em consulta ou hospital de dia). A UMICA já realizou ações de formação junto da Medicina Geral e Familiar (MGF) no sentido de sensibilizar para a referenciação precoce do doente com suspeita ou diagnóstico de IC estabelecido. Contudo, os elementos da unidade reconhecem a importância do contínuo diálogo com a MGF dado que o número de referenciações a partir da comunidade é ainda inferior ao desejado. Num futuro próximo, pretende-se criar uma via verde de referenciação para a UMICA e esclarecimento de questões relativas à orientação do doente com IC”.

Dra. Joana Neves, Coordenadora da Unidade de Medicina de Insuficiência Cardíaca de Ambulatório

“A Consulta Descentralizada de Geriatria na Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro (ULSRA) foi criada a pensar na população mais velha, com o objetivo principal de melhorar a sua qualidade de vida, prevenir complicações e promover a sua autonomia. Nesta consulta, são abordados problemas comuns como quedas, distúrbios nutricionais, problemas causados por medicamentos, perda de mobilidade e alterações da memória. Destina-se aos utentes mais vulneráveis e complexos, com múltiplas doenças crónicas, polimedicados, que necessitam de avaliação especializada e multidisciplinar, bem como de um acompanhamento contínuo e personalizado por profissionais de saúde qualificados. Ao estar disponível no centro de saúde de Estarreja, a consulta torna-se mais próxima da comunidade e dos utentes, facilitando o acesso para aqueles que residem nesta área. Isto é particularmente importante para a população mais velha, que pode enfrentar desafios de mobilidade e transporte para unidades de saúde mais centralizadas. Trata-se de um primeiro passo, que poderá ser replicado noutros centros de saúde da ULSRA, especialmente nos concelhos limítrofes e, por isso, mais distantes, mas também mais envelhecidos, com o objetivo de melhorar o acesso aos cuidados de saúde destes utentes, reconhecendo as suas especificidades e procurando oferecer um acompanhamento mais completo, preventivo e humanizado”.

Dr. João Fonseca, Responsável pelas Consultas de Geriatria

A Unidade de Diagnóstico e Intervenção Cardiovascular de Aveiro pretende continuar a crescer

A Unidade de Diagnóstico e Intervenção Cardiovascular (UDIC), pertencente à Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro (ULSRA), entrou em funcionamento no dia 9 de maio de 2023, após um longo processo de “luta” e de preparação para os desafios.

Nessa data, foram realizados os primeiros cateterismos, um procedimento médico minimamente invasivo que permite diagnosticar, estudar e avaliar problemas cardíacos, sendo o tratamento de eleição nos casos de enfarte agudo do miocárdio, conhecido como “ataque cardíaco”.

Passados quase dois anos desde a sua implementação, o Dr. Tiago Adrega, cardiologista e especialista responsável pela UDIC Aveiro, destaca que o Serviço de Cardiologia da ULSRA tem dado passos significativos na melhoria dos cuidados de saúde da região, tornando-se cada vez mais abrangente e especializada. 

“Particularmente a UDIC Aveiro, não só permite a realização de cateterismos em proximidade ao doente, evitando deslocações desnecessárias e onerosas dos doentes para outros centros, como permite atender atempadamente os casos mais graves. Realizámos um estudo interno detalhado e percebemos que faltava algo para podermos oferecer o melhor atendimento aos nossos doentes – não por escassez de pessoas ou de capacidade, mas devido a limitações de recursos, inerentes à inexistência de uma sala de Intervenção Cardiovascular em Aveiro”.

As grandes vantagens do tratamento, aos olhos do especialista, são a acessibilidade e a proximidade, não só ao nível dos pacientes, como entre os profissionais, onde a comunição clínica e a partilha de casos, tornam toda a experiência “mais eficaz, fluída e construtiva”.

Desde o seu início de atividade, já foram realizados mais de 400 tratamentos e de 1.300 exames diagnósticos, totalizando aproximadamente 1.750 procedimentos efetuados. “Muitas vezes, os números podem parecer abstratos e pouco tangíveis, mas 400 tratamentos tocam diretamente na vida de 400 pessoas. E há casos que levamos sempre connosco: lembro-me de um paciente que, após morrer à nossa frente, foi reanimado, tratamos a artéria “culpada” e salvamos a sua vida. Acredito que estes números refletem um crescimento saudável, o impacto que estamos a ter e fazem adivinhar o que ainda estará para vir”, sublinha.

O responsável pela UDIC preconiza que, nos próximos anos, a unidade em Aveiro tem um trajeto claro a seguir, assente em pilares musculados “O primeiro objetivo é incrementar a exposição -começámos com três turnos e recentemente introduzimos o quarto, e a meta será a abertura 24 horas por dia, sete dias por semana. O segundo passopassará pela expansão da nossa atividade clínica, para além do terreno coronário. Por último, quero que a formação e investigação façam parte do nosso ADN, não só para ajudar os nossos pacientes, que são o centro da nossa atividade, mas também para contribuir com ciência de qualidade para a comunidade médica e para a formação de novos profissionais”, remata.

Clube do Livro da USF Santa Joana assinala o primeiro aniversário

O Clube do Livro da Unidade de Saúde Familiar (USF) Santa Joana é uma iniciativa literária que teve início a 23 de abril de 2024, no Dia Mundial do Livro. Inserida no Projeto de Prescrição Social e desenvolvida com o objetivo de incentivar hábitos de leitura na comunidade como “potencial preventivo e terapêutico”, esta iniciativa consiste na partilha mensal de um livro pelos profissionais da USF. 

Para comemorar o primeiro ano do Clube do Livro, a Dra. Maria João Marques, coordenadora da USF Santa Joana e médica especialista em Medicina Geral e Familiar, partilha algumas recomendações literárias para diferentes situações de vida e patologias.

“Em abril, fizemos uma seleção especial para assinalar a criação do Clube do Livro e o Dia Mundial do Livro. A seleção de livros é adaptada às diversas fases da vida e da doença, como o início da vida adulta; a complexidade da amizade; o recomeço da vida após uma rutura; a dependência emocional; o luto, a solidão e a depressão. Queremos proporcionar apoio emocional através da leitura, seja para quem está em fase terminal, para a sua família, ou para quem enfrenta desafios, como a adolescência ou até as questões digitais”.

Este livro é apresentado nas redes sociais e na própria unidade hospitalar, com o objetivo de atingir diferentes públicos e responder às necessidades específicas de cada utente.

A especialista acredita que “a leitura não só melhora a saúde mental, como também contribui para o bem-estar geral dos utentes. Enquanto cuidados de saúde primários, temos uma proximidade única com a nossa comunidade, o que nos permite direcionar o foco para a educação na saúde e na prevenção de doenças. Oferecemos prescrições literárias, ou o mais falado agora, prescrições culturais, e mais informação, à medida que promovemos a saúde, de forma acessível e envolvente”.

A atividade foi inspirada num ciclo de formação em Biblioterapia, orientado pela biblioterapeuta e autora Sandra Barão Nobre, e foi frequentado por quatro membros da equipa, duas médicas, uma enfermeira e uma assistente técnica. O projeto surge no contexto da prescrição social, um modelo de intervenção holística que coloca o utente no centro, possibilitando a sua integração na comunidade e aproveitando os recursos sociais disponíveis.

A adesão a este projeto tem sido “extremamente positiva”. A Dra. Maria João Marques assegura que os utentes demonstram grande entusiasmo pelo “livro do mês” e através de um QR code, comunicam as suas opiniões e sugerem novas leituras, “o que comprova a aceitação do projeto e o seu impacto real na comunidade”.

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