FCV da Universidade da Madeira perspetiva a futura introdução dos últimos anos do Curso de Medicina na sua oferta formativa
Vista como um ponto turístico, a Ilha da Madeira tem investido cada vez mais nos bens essenciais, como saúde e educação, de modo a fixar um maior número de pessoas e famílias no seu território. Desta vez, é a Faculdade de Ciências da Vida da Universidade da Madeira que, através do seu “Projeto Medicina” e em conjunto com o novo Hospital Central e Universitário da Madeira ainda em construção, tem a oportunidade de contribuir para a evolução do “Jardim Flutuante”, que tão amplas e diversificadas oportunidades já proporciona no campo da Biologia. Segundo Rosa Gouveia, Presidente da FCV, a estruturação da nova fase do Curso de Medicina é pensada de acordo com as necessidades locais.
Perspetiva Atual: Qual é a principal missão da Faculdade de Ciências da Vida da Universidade da Madeira?
RG: A Faculdade de Ciências da Vida (FCV) da Universidade da Madeira (UMa) tem como principal missão preparar os estudantes para o futuro, proporcionando ensinamentos técnico-científicos de qualidade, incentivando a pensar de forma aberta, como “universitário” e transmitindo valores de correta conduta profissional.
PA: Quais as áreas profissionais a que se dedica?
RG: A FCV engloba a Biologia (Licenciatura, Mestrado e Doutoramento) e a Medicina (Ciclo Básico – 1º, 2º e 3º anos). A Medicina na UMa funciona sob a forma de “Projeto” autónomo, em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL).
PA: Dentro da oferta curricular da FCV, quais os cursos que têm obtido uma maior adesão nestes últimos anos?
RG: Quer a Biologia quer a Medicina na FCV têm apresentado elevada procura e adesão.
PA: Quais os principais obstáculos com que uma faculdade insular como a FCV se depara?
RG: A FCV da UMa, enquanto localizada numa ilha, tem de conviver e tentar superar constrangimentos de meios de transporte, quer no que respeita a Recursos Humanos quer a equipamentos e consumíveis.
PA: Para além do ensino, a atividade da FCV é complementada com a vertente de investigação. Como corre a investigação na Faculdade e de que modo são os estudantes integrados nestes processos?
RG: Os Docentes da Faculdade de Ciências da Vida (FCV) são profissionais dedicados, que desenham e promovem investigação interna e que criam ligações externas e integram redes e projetos de investigação com outros Colegas, Centros e Instituições (regionais, nacionais e internacionais).
PA: Relativamente aos projetos em curso, consegue destacar algum?
RG: Dos projetos em curso mencionaríamos, por exemplo, os seguintes:
- iFADO – Innovation in the Framework of the Atlantic Deep Ocean.
- Dinâmica da metacomunidade de espécies com ciclo de vida complexos em ecossistemas explorados/ Metacommunity dynamics of complex life cycle species in exploited ecosystems.
- Conservation of Madeira’s Endemic Butterflies.
- CASBio – Avaliação e monitorização da Agrobiodiversidade e da Sustentabilidade dos Agrossistemas nos novos cenários climáticos.
- MACFLOR2 (MAC2/4.6d/386).
- World Organization of Family Doctors (WONCA) on Quality and Patient Safety-revisão sistemática da literatura, para responder à questão de investigação: What is the available research conducted about tools/interventions/quality improvement initiatives that aims at improving patient safety in the primary care setting by supporting patient and family engagement?
- AsymDenv: Madeira dengue outbreak: a tool for searching host factors involved in asymptomatic infection.
- Patologia Vascular na Ilha da Madeira (Vascular Pathology in Madeira Island).
PA: Uma Universidade/Faculdade sediada em meios mais “pequenos”, como as ilhas ou o interior, tem sempre um grande impacto na economia locar e até na contribuição para uma sociedade mais diversificada e jovem. Como é que a FCV se mantém ligada à comunidade madeirense e ao tecido empresarial regional?
RG: A FCV da UMa recebe alunos de ensino secundário para Estágios de Verão, promove os seus Cursos em mostras – como a “EXPOMADEIRA – Feira de Atividades Económicas 2022” – , divulga os seus congressos, atividades e parcerias através do site, do Gabinete ou meios de comunicação, solicita a intervenção de mecenas (para obtenção de equipamento necessário para o ensino e/ou investigação), entre outras formas de ligação.
Da FCV (Biologia e Medicina) têm saído profissionais que são integrados no tecido laboral do Arquipélago da Madeira.
PA: Nos últimos anos a Madeira tem sido encarada como um destino de sonho por comunidades estrangeiras. Este é um facto que se verifica também na mobilidade de estudantes?
RG: Sim, de facto. Temos estudantes de Portugal Continental e de Países Estrangeiros (Espanha, Itália, Venezuela, entre outros), quer na Biologia quer na Medicina.
PA: De que forma a FCV promove o intercâmbio cultural, científico e técnico?
RG: A promoção do intercâmbio referido decorre da comunicação interpares, da participação e/ou realização em eventos formativos e técnico-científicos, da publicação de artigos e outros documentos escritos.
PA: O PSD/Madeira defendeu no dia 17 de outubro que a Universidade da Madeira deve assumir o papel de mediadora no reconhecimento de cursos de emigrantes. O que isto significaria para a Universidade?
RG: O reconhecimento dos Cursos de Emigrantes é função de Entidades Oficiais competentes. A UMa e a FCV, em particular, recebem alunos emigrantes nos seus Cursos, assim como Docentes e Colaboradores Não-Docentes após as formalidades legais.
PA: A FCV está a investir na introdução dos últimos anos do Curso de Medicina. Este investimento está relacionado com a construção do novo Hospital Central e Universitário da Madeira?
RG: O Ciclo Básico de Medicina existe na UMa desde 2004. Tem vindo a ser solidificado e expandido (início do 3º ano em 2021). A UMa e a FCV (através do “Projeto Medicina” e da sua Instituição parceira – a FMUL) visam continuar um caminho sereno, seguro, correto e de qualidade no sentido de proporcionar o Curso de Medicina completo na Região Autónoma da Madeira (RAM). Também visam contribuir para, atempada e adequadamente, dar corpo a um “Centro Académico Clínico”.
A construção do novo Hospital Central da Madeira é uma enorme mais-valia para a RAM, que em união com a Universidade da Madeira, será também Hospital Universitário.
PA: Quais as linhas orientadoras usadas para a estruturação da nova fase do Curso?
RG: A nova fase do Curso de Medicina – futura introdução dos últimos anos letivos – é um processo de elaboração consciente, cautelosa, de acordo com as necessidades locais e em sintonia com a Instituição parceira FMUL.
PA: Qual o perfil de estudante que esperam cativar?
RG: Todos os estudantes dedicados ao Curso são bem-vindos.
PA: É de conhecimento geral que a Universidade da Madeira terá um papel de grande importância no funcionamento do Hospital, principalmente na área de investigação. Quais são as expectativas para esta colaboração?
RG: A UMa e o “Projeto Medicina” continuarão a empenhar-se na adequada colaboração ativa com a Secretaria Regional da Saúde e Proteção Civil e com Instituições de Saúde, em todas as áreas, incluindo na investigação. E como já mencionado, um “Centro Académico Clínico” atempadamente tomará forma.
PA: Qual será a diferença entre a investigação realizada nesta área e a investigação que acontece nos centros próprios da FCV?
RG: A investigação científica amplifica-se e diversifica-se sempre que há sinergia de colaboradores e de instituições.
PA: É esperado que com a abertura deste novo Hospital e, consequentemente, a construção de mais postos de trabalho, se verifique um aumento de candidatos de fora da ilha ao Curso de Medicina?
RG: Sim, o cenário de novos postos de trabalho no novo Hospital poderá atrair candidatos externos à RAM para o Curso de Medicina na UMa.
PA: Quais os principais objetivos desta direção para o futuro da FCV?
RG: A atual direção visa que a Faculdade de Ciências da Vida (FCV) continue a trabalhar com qualidade no ensino e na investigação, que multiplique e diversifique parcerias regionais, nacionais e internacionais; não prescindindo do bom relacionamento interpessoal.