Ângela Lemos, Presidente do Instituto Politécnico de Setúbal

Um Politécnico em expansão para o país e para a Europa

Criado em 1979, o Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) é uma instituição pública de ensino superior com polos nas cidades de Setúbal e Barreiro. Com uma oferta formativa diversificada e em diferentes níveis de formação, o IPS tem como missão formar profissionais de excelência através da aposta num ensino prático e focado nas necessidades do mercado de trabalho. Ângela Lemos, presidente do IPS, explica à Perspetiva Atual os motivos que devem levar os alunos a escolher o Politécnico de Setúbal e revela alguns dos projetos planeados para os quatro anos que restam do seu mandato.

Perspetiva Atual: As candidaturas ao ensino superior estão prestes a começar. Quais os motivos para escolher o IPS?

Ângela Lemos: O IPS oferece cursos técnicos superiores profissionais (CTeSP), licenciaturas, mestrados e pós-graduações e, em qualquer um destes níveis de formação, dispõe de um corpo docente altamente qualificado, com experiência internacional e envolvido em projetos de investigação aplicada. Somos Universidade Europeia, numa aliança que envolve mais 5 países europeus, o que permitirá aos estudantes envolverem-se em projetos com outros estudantes da União Europeia, quer ao nível dos processos de ensino e aprendizagem, quer ao nível de projetos de investigação. Escolher o IPS significa optar por uma formação eminentemente aplicada, com metodologias pedagógicas inovadoras, onde os laboratórios assumem particular importância. É também uma instituição que oferece a possibilidade de um contínuo desenvolvimento profissional. Ao ingressar, por exemplo, num CTeSP, um estudante pode realizar posteriormente uma licenciatura e um mestrado, já que em muitas áreas organizamos os nossos cursos respeitando a fileira formativa. Somos uma instituição que prima por uma relação de proximidade entre professores e estudantes, num ambiente de aprendizagem colaborativo.

PA: Quais são as principais novidades na oferta formativa para 2022-2023?

AL: Em 2022-2023, o IPS aposta em cinco novos mestrados e três novas pós-graduações. Ao nível de mestrados, serão abrangidas três grandes áreas: Educação, Ciências Empresariais e Saúde. Na Educação será reforçada a formação de professores, nomeadamente com o mestrado em Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico e de Matemática e Ciências Naturais do 2.º Ciclo do Ensino Básico, o mestrado em Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico e de Português e História e Geografia de Portugal do 2.º Ciclo do Ensino Básico e o mestrado em Educação, Práticas Artísticas e Inclusão. Teremos também dois novos cursos de formação avançada nas áreas de Ciência de Dados para Empresas e Terapia da Fala. No âmbito das pós-graduações, teremos um novo curso na área das Ciências do Desporto, nomeadamente em Prescrição de Exercício na Saúde Cardiovascular, Respiratória e Metabólica, sendo que, na área da Saúde, estarão disponíveis duas novas formações, nomeadamente em Supervisão Clínica em Enfermagem e em Enfermagem em Emergência Extra-Hospitalar.

PA: Um dos motivos que pode levar um estudante a escolher uma instituição de ensino superior (IES) é a taxa de empregabilidade. Neste parâmetro, como se classifica o IPS?

AL: Ao longo dos últimos anos, o IPS tem-se destacado pelas taxas de empregabilidade elevadas. Os dados partilhados em 2020 pelo IEFP indicam uma taxa de 97,4%, refletindo a confiança das empresas e organizações nas suas formações. Nos campi do IPS organizamos, ao longo do ano, um conjunto de atividades que proporcionam uma proximidade entre a academia e o mercado de trabalho, destacando-se o “Passaporte para o Emprego”, uma ferramenta que fomenta o desenvolvimento de competências transversais pelos estudantes, a Semana de Empregabilidade, iniciativa que procura apoiar a integração de estudantes e diplomados no mercado de trabalho e que inclui uma Feira de Emprego que, este ano, contou com a participação de 174 organizações.

PA: Para além do ensino, a investigação é uma parte muito importante do Instituto Politécnico de Setúbal. De que forma o IPS aposta na dinamização de uma cultura de investigação?

AL: Sim, o IPS é reconhecido em Portugal pela forte aposta na dinamização de uma cultura empreendedora e de investigação. Ao longo dos anos, temos apoiado inúmeras startups criadas dentro do próprio Instituto, fornecendo igualmente todas as condições para a concretização de projetos de investigação de relevo para o avanço tecnológico e da sociedade. A vertente empreendedora é incutida nos estudantes do IPS desde o primeiro ano, ensinando a olhar para a vida com a ambição e vontade de vencer. Uma postura essencial para alcançar o sucesso no mercado de trabalho.

Em termos de investigação, o IPS conta com inúmeros projetos financiados, nacionais e internacionais, e nove centros de investigação que desenvolvem pesquisa aplicada em várias áreas do conhecimento. Aposta ainda no financiamento da investigação através de projetos internos que pretendem alavancar processos de transferência de conhecimento e de tecnologia, com impacto na criação de valor e ligação forte à região, mas também numa perspetiva de abertura ao mundo.

PA: Na área da internacionalização, há um projeto que se destaca: a Universidade Europeia E3UDRES2.  Que IPS resultará desta parceria, daqui a três anos, quando estiver terminada a fase de implementação do projeto?

AL: A E3UDRES2, sigla inglesa de Universidade Europeia Empreendedora e Envolvida como motor para Regiões Europeias Inteligentes e Sustentáveis, é uma das 41 alianças-piloto, no âmbito da iniciativa “Universidades Europeias”, proposta pelo Conselho Europeu, que contam com a participação de cerca de 5% dos estabelecimentos de ensino superior em toda a Europa.

Esta aliança constitui-se com um foco muito específico de desenvolvimento das regiões em que se insere. É um projeto estrutural com claras implicações na mudança organizacional das seis instituições de ensino superior (IES) que a constituem –Portugal, Áustria, Hungria, Bélgica, Roménia e Letónia. Esta primeira fase termina em 2023, mas iremos alargar a aliança a pelo menos mais duas instituições da Alemanha e dos Países Baixos.

O grande objetivo é, respeitando a especificidade e a autonomia de cada IES, desenvolvermos sinergias em torno dos processos do ensino e da aprendizagem, da investigação, da inovação, da internacionalização e do serviço à comunidade. Tudo é suportado em práticas de cocriação e de desenvolvimento de Ciência Cidadã, alicerçadas no trabalho em rede partilhado entre a academia – estudantes, docentes, investigadores, trabalhadores não docentes – e a comunidade externa – diplomados e parceiros locais e regionais. Todo o trabalho desenvolvido tem vindo a permitir incutir mudanças estruturais nas metodologias pedagógicas e de investigação do nosso Instituto, com afirmação no espaço europeu. No final do projeto, já estas alterações estarão enraizadas nas diferentes instituições, permitindo-nos trabalhar num campus transnacional, com alterações significativas ao nível das nossas práticas científicas e pedagógicas, implicando uma intervenção pluri e interdisciplinar que contribua para o desenvolvimento das regiões, transformando-as em regiões mais sustentáveis, identificando soluções para desafios relacionados com a economia circular, o bem-estar e a contribuição humana para a inteligência artificial.

PA: Como é que o IPS pode contribuir para o desenvolvimento e crescimento de Setúbal e qual a sua ligação com o tecido empresarial da região?

AL: O IPS sempre se focou nas dinâmicas e necessidades regionais, sendo um dos promotores do desenvolvimento regional através de projetos de intervenção e de investigação aplicada.

O crescimento sustentado do IPS resulta da forte relação de proximidade com a indústria, as empresas, as organizações e os serviços de áreas diversificadas do saber. Esta proximidade e articulação com os diferentes setores de desenvolvimento regional tem permitido uma contínua afirmação em diferentes concelhos ao nível da formação, da investigação, da inovação, da responsabilidade social e da promoção da cultura. O impacto da nossa intervenção tem sido grande e os nossos parceiros reconhecem-no. Veja-se a importante participação do IPS, por exemplo, nas Agendas Mobilizadoras (PRR) em setores como o aeroespacial e o automóvel; as redes logísticas e de transportes; a digitalização, a Indústria 4.0 e capacitação digital e especializada.

PA: O IPS encontra-se em expansão, apostando na formação fora das cidades de Setúbal e Barreiro. Até onde vai hoje o IPS?

AL: Decorrente das parcerias e da implicação do IPS no desenvolvimento da região e do país, a nossa área de intervenção tem vindo a alargar-se para o Alentejo Litoral, em Sines, Grândola e, dentro em breve, Vila Nova de Mil Fontes; para o  Alto Alentejo, nomeadamente em Ponte de Sor;  e para a zona norte de Lisboa, na Amadora, Loures e Vila Franca de Xira. Esta expansão resulta da necessidade de contribuir ativamente para a qualificação da população, colmatando a falta de oferta pública de Ensino Superior nestas regiões. Todos os CTeSP que temos oferecido nestas regiões são cursos que resultam das necessidades aí sentidas.

PA: Quais os grandes investimentos que é possível concretizar, na sequência do financiamento PRR?

AL: O PRR vai permitir-nos reforçar a oferta formativa ao nível de CTeSP, microcredenciais, pós-graduações e mestrados. Estão previstos 14 CTeSP, 55 microcredenciais, 12 pós-graduações e 7 mestrados, abrangendo as áreas das competências digitais, STEAM [Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática], Saúde e qualidade de vida. Ao nível de equipamentos e instalações prevê-se a construção da Escola Superior de Saúde, o que irá permitir consolidar o desenvolvimento dos projetos de formação e investigação nesta área. No âmbito das Agendas Mobilizadoras também se destacam o investimento em equipamentos laboratoriais e o desenvolvimento de projetos de investigação aplicada. Enquadrada ainda em programas de financiamento comunitário está a criação de uma nova Escola Superior em Sines, em estreita articulação com a autarquia, tendo em vista a qualificação de recursos humanos para os vários investimentos previstos para a região. Por fim, aguardamos os resultados finais para a construção de duas residências de estudantes em Sines e no Barreiro e a requalificação da residência de estudantes situada em Setúbal, aumentando a nossa capacidade de acolher os estudantes.

PA: Tem ainda pela frente pelo menos mais quatro anos na presidência do IPS. Quais são os planos que tem para este futuro próximo?

AL: Fazer crescer o IPS em todas as suas áreas de intervenção, destacando-se as componentes da formação, da investigação e da transferência de tecnologia e partilha de conhecimento.

Ao longo do mandato pretendo reforçar o papel do IPS no panorama regional, nacional e internacional através de um modelo de governação sustentável que permita contribuir para a promoção da qualificação superior da população ativa, dando resposta quer aos estudantes provenientes do ensino secundário e profissional, quer aos adultos que apostam na formação ao longo da vida. Para tal, considero fundamental a construção do edifício próprio para a Escola Superior de Saúde e a concretização da Escola Superior em Sines. Pretendo reforçar a Aliança E3UDRES2 e apostar no desenvolvimento das pessoas e da região, numa instituição centrada no estudante e focada na inovação e na valorização e partilha do conhecimento.

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