Carlos Costa, Professor Catedrático da Universidade de Aveiro

Universidade de Aveiro realiza estudo sobre o mercado de trabalho no setor do Turismo

O Estudo Sobre o Mercado de Trabalho em Turismo foi realizado pela Universidade de Aveiro para o Turismo de Portugal e para a Secretaria de Estado do Turismo. O trabalho de investigação, coordenado por Carlos Costa, Professor Catedrático de Turismo, teve como objetivo analisar, avaliar e prospetivar o mercado de trabalho no setor do turismo, e respetivos subsetores, a 10 anos.

A investigação envolveu um vasto painel de peritos e investigadores de Portugal e do estrangeiro. A investigação compreendeu a realização de 4898 inquéritos aplicados a trabalhadores e estudantes de turismo, bem como 11 entrevistas a líderes de organizações nacionais do turismo, num total de 15 horas de conversação. O estudo recorreu, ainda, a um vasto levantamento de informação ao nível da literatura científica, nas mais importantes bases de dados de informação ao nível mundial.

Uma das principais conclusões do trabalho diz respeito ao nível de felicidade e de realização dos trabalhadores desta área: 85% revelam que se sentem felizes a trabalhar no turismo, sendo que esta variável é explicada pelo facto do turismo ser uma profissão que lida com pessoas e culturas, e é muito eclética.

O trabalho concluiu que os trabalhadores e os estudantes da área são fortemente dedicados e entusiastas ao nível das funções que desempenham. Contudo, há problemas que urge ultrapassar, sendo que um dos mais importantes diz respeito aos níveis salariais. Demonstra-se que, efetivamente, a maioria dos salários encontram-se encostados ao salário mínimo nacional, embora o sistema de gratificações faça com que os trabalhadores, em particular os do front-office, possam ver os seus salários complementados com gratificações. A esta situação juntam-se outros problemas que decorrem de horários inflexíveis que fazem com que a profissão dificulte uma vida familiar e emocional equilibrada. O problema da falta de segurança no trabalho é ainda apresentado por um em cada três trabalhadores. Questões relativas a desigualdades, em termos de oportunidades, salário e género, são ainda apontadas no estudo. Note-se que as futuras gerações de trabalhadores, corporizadas nos estudantes que se encontram em cursos de turismo, rejeitam veementemente este tipo de formas de desigualdade, nomeadamente em termos salariais e de compatibilidade com a vida pessoal e emocional, o que requer uma atuação rápida e adequada ao nível destas questões.

O estudo demonstra que os problemas atuais no mercado de trabalho do turismo não se resolvem meramente dentro do atual paradigma, apontando para a necessidade de se introduzirem novas abordagens no trabalho e no estudo do turismo, que devem incorporar novas cadeias de valor mais associadas aos negócios da gestão e de relações entre pessoas, de qualidade de vida e da felicidade.

Mais ainda, o trabalho aponta para que o turismo se deva expandir do seu core business da hotelaria e da restauração para novas cadeias de valor e novas operações de logística, e que contribua para uma expansão para áreas de menor densidade populacional e económica e socialmente menos atrativas. Para que tal aconteça, será necessário, de acordo com o trabalho, que as profissões da área do turismo incorporem novas valências na gestão dos recursos humanos, do empreendedorismo, e das novas tecnologias. Se se evoluir nesta perspetiva, conseguir-se-ão introduzir novas formas de coesão social e territorial através do setor do turismo.

Os resultados finais apresentados pelo estudo encontram-se sistematizados em 13 Medidas de Orientação Política: reposicionar o turismo como fenómeno social e civilizacional; tornar o turismo um instrumento de desenvolvimento e coesão dos territórios; posicionar o turismo como impulsionador da sustentabilidade e dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS); felicidade, segurança e perspetivas de abandono do turismo; imagem do mercado de trabalho; condições de acesso às profissões; designação das profissões; possibilidade de se trabalhar noutras áreas, tipo de regime de trabalho e emprego por conta própria ou de outrem; novo paradigma para a formação contínua; igualdade e necessidades especiais; investir na qualificação tecnológica do mercado de trabalho; o papel das associações empresariais e dos sindicatos; governância: formação, investigação e autorregulação.

O trabalho encontra-se disponível no seguinte link: https://www.turismodeportugal.pt/SiteCollectionDocuments/formacao/relatorio-estudo-mercado-trabalho-tdp-ua-jan-2023.pdf?fbclid=IwAR2e4Yqd6oz0-F4GdEifHt5XopBAkxciYuVvARWIJuwT7sDXRaGsG7Mumo0

Deixe um comentário

Outra Perspetiva

Avanços e Inovações na Saúde

A Faculdade de Ciências da Saúde (FCS) da Universidade da Beira Interior (UBI), enraizada na Covilhã desde 1998, é um...

Uma Cultura de Humanidades

Criada em setembro de 2000, a Faculdade de Artes e Letras (FAL) da UBI localiza-se nas antigas instalações da Real...

Ciências Sociais e Humanas no caminho da excelência

A Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade da Beira Interior (UBI) é um espaço vibrante de aprendizagem,...

No Caminho da Investigação do Desenvolvimento

A Faculdade de Engenharia está organizada em cinco departamentos: Departamento de Ciência e Tecnologia Têxteis, Departamento de Ciências Aeroespaciais, Departamento...

Faculdade de Ciências: 50 anos a reinventar o fascínio das Ciências

A Faculdade de Ciências (FC) da Universidade da Beira Interior (UBI) agrega os Departamentos de Física, Matemática e Química e...